capítulo único - a pequena pétala.

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ao ouvir o pequeno tilintar do sino acima da porta, yoongi sabia quem era. o homem de cabelos cinzas ondulados. sempre pontual, chegava às 20h.

com seu olhar perdido e solitário varreu a pequena floricultura, parecia procurar algo. como se não passase aqui todas as semanas, pensou yoongi. o homem pegou um girassol, o olhou girando-o em sua mão. negou com a cabeça e pôs a flor de volta.

yoongi olhava tudo atentamente. achava singular a forma como o homem semanalmente ia à sua floricultura e olhava todas as flores, e no final pegava apenas uma. e ele nunca olhava diretamente a yoongi. tinha sempre seu olhar distante, como se estivesse só ele e as flores. min não entendia muito bem o porque, imaginava que ele poderia ser um grande admirador de flores e gostava de se conectar com elas.

mas não era isso que se passava com taehyung. sim, ele adorava as flores, mas seu olhar solitário e um tanto áreo não era por causa disso. ele se sentia à parte do mundo. ele sentia que não pertencia e nem precisava estar ali. como uma pequena pétala de flor. aquela que todos rejeitam por ser pequenina e ter alguns buraquinhos, por não ser o suficiente.

e pensando nisso que kim começou a comprar uma flor a cada semana, ele queria ver se encontrava beleza nessas pétalas. precisava sempre procurar bem, pois descartavam as insignificantes pétalas.

era isso que taehyung era: insignificante.

ou pelo menos sentia ser.

taehyung pensando nisso, sentiu seu coração apertar. odiava se sentir assim e odiava ainda mais não conseguir mudar.

o que essas semanas inteiras comprando flores lhe adiantou? nada.

elas continuavam feias e insignificantes.

taehyung continuava feio e insignificante.

largou a rosa no vasinho e foi sair sem nada nas mãos. desistiu de achar algo bom nas pétalas.

quando estava prestes a sair, ouviu uma voz grave lhe chamar. virou-se de lado, era o florista a poucos metros de distância, no balcão.

- você não irá comprar nada? - foi só o que yoongi conseguiu falar, não sabia que o olhar do homem era tão intenso. o outro negou com a cabeça e saiu.

o florista, cheio de dúvidas, saiu atrás do acinzentado, que dava longos passos, fazendo yoongi dar uma leve corrida para alcançá-lo.

- ei, pelo menos me diga seu nome - falou, tocando no braço do mais alto.

- por quê? eu sou só uma pétala insignificante. - aquelas palavras foram praticamente cuspidas, deu para notar o estresse e a tristeza em seus olhos. yoongi teve que ficar um tempo parado para raciocinar.

tinha entendido tudo. o homem não tinha o olhar perdido por gostar demais das flores, e sim por se sentir perdido no mundo.

mas, nenhuma pétala de flor era insignificante. todos tinham sua beleza única. pelo menos para yoongi.

- uou! mas sabe, todas as pétalas tem algum significado, seja para fazer adubo, ficar ali paradinha e fazer a imagem da flor, o que seja, todas são importantes.

taehyung, de alguma forma, se sentiu mais confortável e deixou sua postura mais relaxada. por uma fração de segundos acreditou nas palavras do florista, aquecendo seu coração.

- meu nome é kim taehyung. - estendeu a mão, sendo retribuído. ao apertarem as mãos recebeu um sorriso gengival de min yoongi.

- quer sair comigo? já vou fechar a floricultura e quero te mostrar que é a pétala mais linda da flor.

sem saber o motivo e nem o que responder, tae aceitou. esperou o mais baixo pegar seu casaco e fechar o local.

seu coração estava disparado e nem sabia direito o porque. mas a verdade é que ele nunca sentira que alguém se importava consigo e, como sempre, sentia-se como a pequena e esquecida pétala; ao ver que alguém era o oposto disso e estava disposta a ajudar, era bom e ao mesmo tempo esquisito.

e yoongi queria realmente mudar aquele coraçãozinho, que era tão cheio de buracos de machucados quanto a uma pétala que julgavam ser insignificante, mas era tão singularmente linda.

fim.


- ali

flower {kth+myg}Onde histórias criam vida. Descubra agora