Capítulo 4

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Naquela tarde tão monótona, Kris estava deveras entediado, enquanto, por outro lado, a menina Foster estava ocupada demais. Rizzi caminhava por entre as estantes de produtos de uma loja de conveniência, portando um pirulito na boca, enquanto Foster passava nas telinhas por assaltar um banco. Isso mesmo, roubar um banco.

Elodie não era desse famigerado tipo, do tipo que assaltava, mas dessa vez, ela queria os holofotes. Kris não deixou de se surpreender ao ver o rosto mascarado na televisão do pequeno estabelecimento, Elodie era uma caixinha de surpresas. O garoto largou o cabo do doce no chão, indo quase que automaticamente ao local onde havia encontrado a garota mais cedo, mas não entrou de fato, apenas se sentou na calçada, observando a movimentação da rua, tão distraído que nem percebeu quando seu alvo apareceu em sua frente, estendendo a mão para si. Kris analisou os lábios delicado daquele rosto tão pálido coberto pela máscara antes de acordar de seu transe, agarrando a mão da garota, se levantando.

- Sabia que viria, gatinho. - Elodie sorriu para Rizzi, que se deixou fazer o mesmo.

- Quem é vivo sempre aparece. 

- Vem comigo?

- Por que não? - Assim que ouviu a resposta, Foster jogou uma mala de dinheiro nas mãos de Kris, que a olhou sem entender.

- Eu ainda não acabei. - Piscou para o garoto - Venha a bordo, honey. - Anunciou, entrando em um veículo preto, seguida do garoto.

- Qual o plano? - Jogou a bolsa no banco de trás, voltando a sua atenção para a garota, que agora conduzia o carro.

- Vamos ganhar o povo hoje, gatinho. É fim de ano, vamos dar dinheiro ao povo, é tempo de solidariedade. - Kris riu da concepção de bondade da garota, mas não a contrariou.

- E como vai fazer isso?

- Fazendo chuva de dinheiro no centro da cidade. 

- O quê? Literalmente jogar dinheiro para o alto para quem quiser?

- Exatamente. Vamos subir no prédio da Igreja e jogar as notas. Além do mais, vou jogar alguns pacotes especiais. Sabe como é, marketing.

Rizzi não sabia se ria, ou se ficava pasmado com a simplicidade em que Elodie expunha suas ideias malucas, ele sabia que ela tinha capacidade de fazer coisas muito maiores, mas também sabia que Foster não estava nem aí para esquemas mirabolantes, ela só queria se divertir de sua forma peculiar, e Kris adorava diversão.

Elodie também não estava nem aí para os pobres, mas sabia que Kris viria se ela chamasse a atenção, e foi o que ela fez. Horas depois, com o Sol se pondo, os dois jovens  adultos mascarados estavam sentados no telhado de uma Igreja, reinando o caos que haviam causado, admirando a multidão de pessoas se empurrando com uma mísera nota, cada um por si. 

Foster sorria para seu resultado, e Rizzi sorria para ela.

Elodie era como o Sol, ela brilhava sozinha, era excêntrica e nunca se arrependia.

Kris era como a Lua, brilhava de noite, mas precisava do reflexo de luz de Elodie, ela era seu brilho e seu arco-íris. Sem ela, o mundo de Kris era apenas vermelho. Vermelho sangue, do mesmo que escorria de suas mãos, e Rizzi não pretendia sujá-las do vermelho de Elodie.

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⏰ Última atualização: Dec 12, 2019 ⏰

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