Capítulo II

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Kim Yerim

A luz de um castiçal com três velas acesas que eu carregava era a única coisa que iluminava aquele breu.

— Acha que me afastei o suficiente? — Sooyoung me perguntou enquanto eu acomodava uma cobertura velha em cima de seu corpo que já estava imobilizado pelas correntes e cordas.

Franzi a testa, era óbvio que aquilo machucava seus pulsos e tornozelos, me incomodava pensar que eu a havia prendido.

— Vai ter que bastar — Observei seus braços envolvidos pelas correntes usadas em escravos que havia conseguido roubar da senzala do Sr. Siwon a alguns dias — É o máximo que podemos nos enfiar na floresta.

— Talvez eu devesse ir mais para o fundo, por precaução.

— Você sabe o quanto se tem falado da floresta — Neguei aquela possibilidade assim que a ouvi — Está cada vez mais perigosa. Não tem ouvido as notícias? Você já se expõe a perigo o suficiente ficando sozinha aqui.

— Yerim... — Ela me chamou fazendo com que correspondesse seu olhar — Eu sou o maior perigo!

Suspirei.

— Não falo apenas de você — Tentei pensar em algum outro animal feroz, mas não encontrei, ela era o pior de todos. Era a responsável pela destruição da cidade — Nos vemos amanhã — Dei um beijo no topo de sua cabeça em sinal de apoio.

Abandonei aquela área e novamente, mergulhando no meio das árvores e galhos, o vento havia apagado uma das velas, tinha que me virar com apenas duas, por sorte minhas vistas já haviam se acostumado com a escuridão.

Voltei para casa o mais rápido que consegui sentindo arder alguns dos arranhados que havia ganhado por ter passado entre os galhos. Pulei a janela e assim entrei em meu quarto, não podia me dar ao luxo de fazer muito barulho.

Tirei a roupa rapidamente agradecendo por já estar com a roupa de dormir em baixo.

— Ainda está acordada? — Meu pai perguntou da porta fazendo eu levar um susto.

Era sempre assim, nunca batia, apenas entrava, era difícil identificar sua presença. Se me atrasasse mais um minuto estaria em problemas. Iria ser mandada na manhã seguinte para um convento em uma cidade a quatro horas da minha.

— Já estava me preparando para dormir — Me sentei na cama me cobrindo com a cobertura, fingi um bocejo pra mostrar que estava com sono. Talvez isso fizesse que ele saísse mais rápido — Mas o que o senhor faz aqui? Aconteceu algo? — Olhei o relógio. Não se passava das seis.

— Hoje é quinta. Vamos finalmente pegar aquele demônio — Não precisa perguntar para saber ao que ele se referia.

— O que? Mas logo vai escurecer mais. Vocês já tentaram isso antes e apenas homens morreram — Me senti triste ao pensar em toda destruição que Sooyoung causava — Não quero que o senhor se machuque

Não sabia como continuar olhando para ela se algo acontecesse com meu pai, apesar de saber que ela não seria a culpada.

— Não se preocupe querida, se alguém vai encarar aquela fera é o padre — Ele disse determinado — Você ouviu as histórias, ele é o único capaz de quebrar a maldição. Pobre padre Jungkook tendo que pagar pelos pecados de seu antecessor.

Senti meu maxilar trincar de nervoso, mesmo que Sooyoung não morresse no processo, ela teria sua reputação arruinada, seria a fofoca de toda cidade, nenhum homem se aproximaria dela com a intenção de lhe dar um nome, mas Jungkook ficaria como o herói, aquele que arriscou a vida para salvar toda a população da fera.

Fire in the church - JoyKookOnde histórias criam vida. Descubra agora