Fire in the church - JoyKook

Fim

Jeon Jungkook

Um mês havia se passado desde que tudo aconteceu, desde então vi Park Sooyoung apenas uma vez, no fim de uma das missas de domingo, ela estava acompanhada de sua mãe. Ao me ver pediu uma benção, e agradeceu gentilmente.

— Não me lembro o que aconteceu — Ela olhava para baixo, parecia envergonhada. Parecia outra pessoa — Mas dizem que você salvou minha vida — Ela então teve coragem de me olhar, mas não por muito tempo — Obrigada por isso.

A população havia sido instruída a ocultar toda a verdade dela, para que assim ela pudesse ter mais chances de reconstruir sua vida. E em uma cidade religiosa e despedaçada ninguém ousaria questionar as ordens da pessoa que eles tinham mais próximo de deus, ou seja: O padre.

Em uma das noites enquanto chovia me ajoelhei no chão, frente a cama e iniciei minha oração noturna que fazia todas as noites. Hábito de infância que foi reforçado durante o seminário. Enfim, algo que não conseguia me livrar.

Ouvi um barulho de porta, mas não me incomodei em abrir os olhos e interromper a oração, provavelmente a chuva estava confundido minha audição.

— Você poderia ter me matado — Abri os olhos então, assustado, olhando em direção a porta — Desculpe, não foi minha intenção interromper sua oração, sei que é seu horário sagrado, mas estava tão impaciente, aguardei muito isso. Não pude mais evitar por mais tempo.

Sooyoung estava ali, com um vestido molhado, cachos todos desfeito, mas em seu rosto carregava um sorriso.

— Sooyoung... — Me levantei do chão me apoiando na cama, não sabia se devia me aproximar ou me afastar dela

— Mas claro isso não importava, não é? O importante era manter sua reputação como padre, minha morte era apenas uma consequência mínima que teria que lidar, mas nada muito grave — Ela passava os dedos enluvados pelos meus moveis como se tentasse tirar alguma poeira, mas a única coisa que deixava era rastros de agua de sua luva em meu móvel.

— Sooyoung, eu não queria te matar, ninguém morre com apenas um corte.

— Claro que não queria — Começou a rir como se tivesse contado uma piada — Mas se acontecesse pouco se importaria, talvez fosse melhor, dessa forma ninguém saberia que você quebrou o voto que jurou tanto manter. Oh Jungkook, nunca poderei me esquecer de seus discursos tão comoventes sobre ter o controle dos prazeres carnais.

— O que vai fazer? — Engoli seco, senti minha cabeça começar a doer — Vai revelar a todos que se deitou comigo?

— Não seja bobo, graças a seu discurso todos estão se fazendo de sonso, tenho recebido até mesmo mais cortejos. Aparentemente os rapazes de hoje tem muito interesse em se relacionar com alguém que conseguiu até mesmo conquistar um padre. Você sabe, alguém experiente. Por mais que para eles eu já tenha me esquecido de tudo. Talvez eu me torne a sra. Do? Acha que combina? Do Sooyoung.

— Por que está aqui? Devia estar aproveitando essa segunda chance.

— Mas eu estou aproveitando.

Ela se aproximou encostando suavemente seus lábios nos meus. Me deixou completamente confuso.

— É quinta a noite padre e nós sempre nos encontramos na quinta.

∆°∆°∆

— Já está tão tarde, é melhor eu ir — Ela se voltou pra mim, me ajudando a arrumar a roupa, como de costume, fazia parte de sua provocação sempre brincar com o colarinho clerical, chegava a pensar que ela possuía algum fetiche naquela peça — Afinal, nunca se sabe quando a mula sem cabeça pode voltar.

— Isso não deveria ter acontecido — Senti vontade de rir de mim mesmo ao me pegar dizendo aquilo

— Da próxima vez faça um furo menor, a cicatriz que deixou não é muito bonita — Levou a mão na barriga onde havia sido feito o corte — Ao menos Kyungsoo não parece se importar muito.

Fechei a expressão na hora que ouvi aquilo.

— O que esta insinuando? Sabe que não é certo fazer nada ate o casamento.

Mas ela apenas riu.

— Também não é certo se encontrar com o padre — Foi o suficiente pra me fazer ficar calado — Nos vemos na quinta Padre Jungkook

— Nos vemos na próxima quinta Sooyoung — Ela foi até a porta, mas parou ao ouvir minha voz — Reze 15 ave marias — E assim ela saiu.

Era novamente noite de quinta, e em breve aquela cidade sentiria novamente a ferocidade da mula sem cabeça.