Pinceladas - Capítulo I

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Eu passo o lápis pelo papel tão naturalmente, como se fosse um peixe a nadar sobre as águas cristalinas de um lago, ou um ganso a voar sobre o cintilante e azul céu. Eu olho em meu relógio, são 4:52 da manhã, eu tenho aula cedo, o que estou fazendo acordado tão tarde? Talvez eu possa usar isso para não ir amanhã, primeiro dia de aula é sempre um saco! Nunca gostei, provavelmente nunca vou gostar. Talvez este ano seja... Diferente, melhor. Uma escola nova... Talvez eu melhore minhas pinturas...

Faz pouco tempo que meus pais decidiram voltar para o Canadá, estávamos morando nos Estados Unidos por melhores faculdades para meu futuro... É tão... Horrível, as condições do país são gigantes, mas... Eu não sei como descrever o que eu passei lá, não sei como dizer em palavras... Melhor eu não pensar sobre. Eu deixo meu quadro de lado e apago meu lampião para ir me deitar, e então, eu adormeço facilmente.

Acordo com a porta abrindo fortemente fazendo um barulho enorme, eu acordo em choque, mas continuo deitado na cama. Eu levo um pequeno tempo para processar tudo, quem abriu a porta é minha mãe!

-O que faz essas horas dormindo? Vai se atrasar!- Diz a minha mãe.

-Não tem como eu não ir hoje?- Digo colocando um dos travesseiros na minha cara.

-Não, se arrume logo! - Diz ela, puxando o mesmo de mim.

-Claro...- Digo, dando um grande suspiro.

Me levanto, eu vejo minha pintura, mesmo feita apenas à lápis, ela é belíssima, um lago com uma montanha de fundo, não vejo a hora de faze-la em aquarela, ficará incrível!

-Pare de ficar parado, parece um peixe morto! - Diz a minha mãe. - Você já está atrasado, e com uma cara horrível! Ficou pintando a noite de volta?

-Você me pegou! - Digo soltando um pequeno riso.

-Ah, Thomas. Você fará quinze anos em poucos meses... E não estaremos com você para celebrar, eu não entendo, quando que começaram a hospedar os alunos nas escolas? Isso é um escândalo!

-Acalme-se! É apenas meu aniversário, podemos fazer uma festa nas ferias de verão, ou no natal!

-Você de fato está certo, faremos uma grande festa nas suas ferias, céus, como eu não pensei nisso antes! - Ela parece mais animada agora.

-Acha que o papai conseguirá cuidar da fazenda sem minha ajuda? - Digo, preocupado.

-Seu pai de fato já é um homem de idade, mas não é mole, e conseguiríamos contratar algum garoto para nos ajudar, não arruinaria nossas economias, e nós já fizemos isso, antes de você nascer, não trará nenhum prejuízo! - Responde minha mãe. - Digo... Ele está se acostumando com a fazenda novamente, fazia tempos que ele não trabalhava em uma.

-Claro, claro. Agora, pode me dar licença? Não vou me trocar na presença de minha querida mãe. - Digo, dando um sorriso.

-Céus, tire este sorriso da cara e se troque logo. - Diz ela, saindo do quarto.

 Vou ter um pouco de paz, finalmente... Esses últimos anos foram terríveis. Eu me olho no espelho que está em cima da minha mesa, eu me acho atraente, meus olhos são castanhos meio avelã, são a melhor parte do meu corpo, meu cabelo é razoável, minha mãe acha que é feio, eu não me importo com ele, ele cresce rápido de mais, como tenho cachos, ele fica volumoso se eu não cortar, se eu fosse loiro acho que ficaria legal, mas meu cabelo é um castanho muito escuro, mas acho que fica legal em mim, minha pele é bem branca, então, acho que combina um pouco, certo? Eu tenho uma pinta na parte inferiora direita do meu maxilar, eu acho sexy, é a única que eu gosto de mencionar, acho feio de mais ter tantas pintas na cara, me acho... Sei lá, marcado de mais. Trabalhar na fazenda me fez bem, não sou tão magro quanto antes, ganhei bastante peso desde que nos mudamos para o Canadá novamente, é incrível estar de volta. Me pergunto se os outros ainda moram por aqui, Clara, Martha, Bert, Gordon, Emily... Não os vejo desde que me mudei, desde 5 anos atrás...

Continuo a me olhar, e vejo a minha cicatriz, cuja ganhei em Nova Iorque, quando tinha 11 anos... Passo a mão entre o pequeno risco que ela faz na parte de trás do meu ombro esquerdo. É uma bela cicatriz... Eu detesto que tenho que mentir para minha família como consegui isso... É melhor eu terminar de me vestir!

       Esquisito! Solitário! Sem amigos! Aberração!

 Essas palavras entram em minha cabeça, as lembranças de como certas coisas aconteceram... Esqueça isso Thomas! Nada vai te ferir agora, ninguém! Então coloque um sorriso em sua cara, se arrume, tome seu café da manhã... E comece realmente a viver um pouco!

 Coloco minha melhor camisa de botões e minha melhor calça, e então, desço as escadas para ir tomar meu café.

-Bom dia.- Digo olhando para meu pai, cujo está em uma cadeira na mesa, tomando café, lendo seu jornal e comendo.

-Bom dia Thomas, grande dia.- O mesmo me responde.

-Assim espero!- Digo, com um entusiasmo sarcástico.

-Finalmente desceu, vamos, coma logo! Não quero que se atrase, mais do que já está...- Diz minha mãe, aparecendo praticamente do nada.

-Claro, mil desculpas.- Digo em um tom sarcástico, enquanto minha mãe coloca mais torradas sobre a mesa.

- Vai querer chá?- Pergunta minha mãe.

- Claro, adoraria.

 Eu termino meu chá e torradas, e então, olho em meu relógio, eu... Estou atrasado, 7 minutos, mas estou... Se eu contar a caminhada, demoraria mais alguns 15 minutos, 10 se eu correr... Grande dia. 

 Eu saio de casa correndo para chegar em meu novo local de estudo, o pouco tempo de trabalho que tive na fazenda me deu forma, não muita, mas o suficiente para eu conseguir correr 10 minutos facilmente.

 Chego na porta do local, é uma enorme casa, dois andares, enquanto eu entro, ouço alguém falando para mim:

-Está atrasado, Sr. HardMick. - Diz uma senhora, provavelmente uma professora.
-Mil perdões, senhorita- Digo, acenando com a cabeça. 

- Não é necessário tanta formalidade, venha comigo jovem, Sr. Turls quer ver o senhor. 

-Com todo o prazer.

 Eu acompanho a dama até o andar superior, ela me leva até uma sala no final no corredor, uma sala linda, duas janelas, uma perto da porta e outra perto da parede do final da sala, um homem está sentado em uma cadeira atrás de uma mesa, ele está organizando alguns papéis, um homem aparentemente alto, cabelo grisalho e uma barba recentemente feita. O seu cabelo puxado para trás o deixa muito sexy, será que consigo deixar meu cabelo assim quando for mais velho? Ele esta em uma boa forma, muito boa...

-Oh, Sr. HardMick, como está? 

-Sr.Turls, muito bem, obrigado. - Faço uma reverência com a cabeça. - E o senhor? 

-Eu estou bem, e por favor, me chame de Josh. 

-Ah, claro, Josh. 

-Sente-se, por favor. -Diz o mesmo, se levantando e puxando uma cadeira para mim.

-Agradecido. - Digo a ele enquanto me sento. 

-Vejamos, você tem notas boas em duas escolas, mas em Nova Iorque você despencou totalmente, o que aconteceu? 

-Bom, não era um lugar bom para estudos, nem com pessoas boas no lugar, se assim posso dizer... 

-Oh, entendo, não é o único que sofreu bullying meu querido, isso eu lhe garanto. Bom, posso lhe acompanhar até o seu dormitório? Seria uma honra lhe apresentar à Lucas, seu colega de quarto. - Diz o mesmo, enquanto se levanta. 

-Sem problemas, isso me ajudaria a não se perder, sou horrível com direções. 

-Ótimo, então, vamos? -Diz Josh, com um sorriso em seu rosto.

Nota do autor: Eu provavelmente ficarei um tempo para escrever o capítulo dois, já que o mesmo terá um tamanho maior que este.


Thomas's brush strokesOnde histórias criam vida. Descubra agora