prólogo

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   Pela janela do meu quarto vejo um carro preto estacionar em frente a minha casa, homens de terno descem de lá. Tudo parecia normal até que eu ouvi gritos vindos do andar de baixo.
  Encaro a porta ainda assustada para ter qualquer reação, tudo era muito para eu assimilar. Ouvia a voz do meu pai ecoar pela casa, e o grito da Emily estridente.

"— Você não vai me passar a perna Érico! Não achou mesmo que esse truque funcionaria comigo, achou?" — questionou a voz masculina que não me parecia nem um pouco familiar, parecia que esse homem estava furioso.

A questão era: Qual o motivo dele estar falando desse jeito com o meu pai? O que será que estava acontecendo lá em baixo?

"— Eu juro para você! E-eu te juro! Eu vou pagar! Apenas me dê tempo, eu preciso de mais tempo para conseguir toda essa quantia em dinheiro! Diga ao seu chefe que irei pagar!" — agora era a voz do meu pai, ele parecia desesperado como nunca havia visto antes mais do que isso na verdade, parecia que ele estava com medo.

Minhas mãos tremiam como se fossem gelatinas, e meu coração batia aceleradamente dentro do meu peito. Por que esses homens estavam gritando dessa forma? E principalmente quem eram eles?!


  Aos meus treze anos de idade eu consigo sentir a falta que a minha mãe faz, tanto para mim quanto para ele. Mamãe era a base da nossa família, ela conseguia manter tudo e todos na mais perfeita harmônia. Mas aí um dia tudo se foi num estalar de dedos, e a mulher que antes iluminava toda a casa já não estava mais lá.

Quando a mamãe se foi o papai mudou, ele não tinha mais o sorriso de sempre, passou a ser ausente na minha vida e mal conversava comigo. Eu nunca sabia por onde ele andava ou quando voltaria para casa, e não, não estava tudo bem mas sabe aquele ditado: "as coisas não podem ficar pior do que já está"? Ele é totalmente equivocado! As coisas sempre podem piorar!

Um dia ele simplesmente apareceu em casa casado e com dois enteados, os filhos de sua nova esposa; uma garota de quatorze anos, e um rapaz de dezoito. Héctor e Viollet que eram tão ruins ou até pior do que a Emily, a mãe dos dois.

Com o passar do tempo o meu pai se afastou cada vez mais de mim, como se isso parecesse possível não é mesmo? A nossa comunicação era prática nula. Eu já tinha o perdido, pois o homem com quem eu convivia agora não era nada comparado ao que me criou.
 

  Daí para frente a minha vida foi se transformando em um inferno! Certo dia Érico levou Viollet e Emily para um evento, o qual eu não fui convidada ( e sendo sincera nem fazia questão de ser. ) Somente eu e Héctor permanecemos em casa.

Não desci para me despedir deles, afinal a minha presença era indesejável e todos os dias eles faziam questão de me lembrar disso. Então continuei no meu quarto e assisti o carro sair pela minha janela.
 

  Após um tempo acabei adormecendo, eu não tinha mais nada para fazer mesmo e já era noite. Estava tudo tranquilo, e parecia que continuaria assim até que eu fosse acordada de maneira agressiva. Eu não conseguia respirar e por um momento achei que estava tendo uma paralisia do sono, quem me dera fosse isso.

Abri meus olhos ainda com a visão turva, estava tudo escuro mas ainda sim eu consegui perceber a silueta a minha frente. Assustada eu tentei gritar para que ele parasse, mas o garoto apenas tapou a minha boca. Ele era muito mais forte do que eu, mas isso não me impediu de tentar me libertar de seu toque asqueroso.

Me debati insistentemente, o meu coração acelerado mostrando a gravidade do meu desespero. A minha respiração estava curta e em pouquíssimos espaços de tempo, eu me sentia cada vez mais fraca e com uma dor insuportável tanto física quanto sentimental.

Se ficar quieta vai facilitar muito as coisas para nós dois, então se comporte e fique caladinha querida! Já vou acabar com isso. — sussurrou para mim, enquanto o pânico apenas aumentava.

Eu não queria demonstrar fraqueza, mas eu não pude conter as lágrimas. Eu nunca havia me sentido tão suja na vida,  por mais que eu lutasse, por mais que eu resistisse ele não recuava.

Eu não sei ao certo quanto tempo aquele pesadelo durou, muito menos quando ele parou. Eu estava fraca demais para focar em algo, ele apenas se levantou e saiu como se não houvesse feito nada demais.

Eu continuei ali parada me sentindo usada, me sentindo fraca eu só sabia chorar e respirar.
    Quando consegui encontrar forças para me levantar eu acabei cambaleando até o banheiro, desnorteada e totalmente perdida. Só lembro de ligar o chuveiro e entrar na banheira deixando a água cair sobre mim, como se aquilo fosse mudar o que aconteceu.

Fiquei ali enconlhida, parecendo um bichinho frágil por bastante tempo. Só sai quando uma Betty desesperada adentrou o banheiro e me tirou de lá. Mas eu não conseguia a entender por mais que estivesse ouvindo sua voz, minha mente ainda estava totalmente presa ao que aquele miserável fez comigo.

O MEU QUERIDO CHEFE - Livro 1 - Em Revisão.Onde histórias criam vida. Descubra agora