Eliza Martins
Tudo estava indo tão bem, minha família sempre se dedicou a mim e minha irmã mais nova, não havia absolutamente nada com quem reclamar, nada mesmo. Mas tudo mudou quando sem explicação minha mãe sumiu com tecnicamente tudo de mais valioso que a gente tinha, sem contar do dinheiro que haviam economizando para garantir o nosso futuro.
Nosso pai além de ficar devastado ficou com raiva, sem conseguir acreditar que a nossa mãe havia sumido sem deixar nenhum tostão, o que de fato era algo sim, inacreditável mas acreditava que por trás disso havia uma resposta que no futuro iria fazer sentido para mim, pois no momento ainda era uma criança de seis anos e assunto de adultos não era comigo.
Ao decorrer dos anos eu via o quanto nosso pai penava para cuidar da gente, na maioria das vezes a minha irmãzinha Samantha ficava sobre meus cuidados enquanto o nosso pai trabalhava de dia, chegava a tarde para trabalhar de noite mas infelizmente nem isso era o suficiente para nos alimentar, só que nem isso eu conseguia perceber.
Samantha e eu acordamos cedo fazermos nossas rotinas matinais e e depois vestimos nossas roupas para se arrumar afim de ficar prontas para irmos para escola, a mãe da vizinha que era nossa amiga vinha buscar a gente para levá-nos até a escola, no almoço voltamos para casa sozinhas porém naquele dia algo não estava certo, não sabia o que era mas a minha intuição dizia que brevemente saberia o motivo da nossa mãe ter sumido.
Um homem estava conversando com o nosso pai enquanto um menino aproximadamente da minha idade estava sentado no sofá, olhando em direção da nossa janela, porém parecia estar distante. Não sabia bem o assunto que os dois homens estavam conversando e também não ligava mas o que me deixou incomodada era de ver que a minha irmãzinha Samantha estava no meio deles então sem pensar duas vezes me dirigi até lá, pegando a sua mão para levá-la para fora da conversa mas logo fui barrada pelo meu pai que pela primeira vez na vida me olhou com olhar bravo.
— Agora não Eliza, hoje será um grande dia para todos nós, o casamento arranjado entre sua irmãzinha Samantha e…
- Samantha não irá se casar!—Corto o meu pai
— Filha!
- Pois eu me ofereço a pegar o lugar dela! Nossa mãe não iria querer que ofereca a mão da menorzinha para pagar uma dívida, isso e papel de irmã mais velha… Eu faço isso.
Digo e Papai baixou a cabeça, podia perceber a vergonha que estava passando por ter tomada a decisão “errada” no fundo ele sabia que eu estava certa por mais que agora eu não soubesse onde estava me metendo, infelizmente não seria exatamente como sempre imaginava que casamento fosse como acreditava ser, sendo como nos livros de contos de fadas mas isso eu só saberia ao me casar com o Park Tayung assim que completasse dezoito anos.
Eu me arrependia da decisão tomada? Não! nenhum pouco, pois sabia que tomando essa decisão, Samantha teria sim uma oportunidade de viver a vida que desejava, tendo a liberdade de escolher assim que crescesse e isso para mim, não tinha preço.
Meu destino já estava traçado e só tinha oito anos, ainda!
(...)
Park Tayung
Tayhiung e eu sempre nós dávamos bem, sendo irmãos a gente acabava aprontando muito na escola seja em qualquer lugar, de longe eu podia gritar alto e claro que eu estava feliz, de verdade. Mas infelizmente essa felicidade não durou muito, Tayhiung foi educado pela nossa mãe, já eu fui educado pelo meu pai que viviam dizendo que nunca deveria seguir o exemplo do Tayhiung caso contrário iria me deserdar, sim meu pai não era dos mais carinhoso, ele era o oposto da nossa mãe que era doce, gentil, carinhosa, amorosa, tudo que nosso pai achava que eram sentimentos que nós trazeria a desgraça e ao nosso fracasso, me ensinando a ser o oposto sendo grosso, bruto, ignorante, sangue frio.
No início eu estranhava, choramingava querendo o colo da minha mãe, a companhia do Tayhiung mas acabei aprendendo da pior forma possível apesar que meu pai jamais levantou a mão pra mim, mas ao meu ver foi pior o que ele fez…
Além de me tirar da escola, me afastou de todos os meus amigos, passou a me educar em casa, me levando para os eventos de adultos sem esconder os problemas tanto pequeno quanto grande. Vendo gente bebendo, assassinatos acontecendo como pagamento de dívida, me ensinando que se apaixonar era para fracos e mulheres era apenas um atraso para a vida e não era nada demais, o que de fato eu não concordava mas sabia que discutir isso com meu pai já era uma condição perdida.
Hoje eu tinha doze anos e o pai estava muito feliz até demais o que me fez estranhar, mandou me arrumar e assim segui sua ordem, logo depois sai pronto agora aguardando o pai que não demorou muito, chamamos um Uber e fomos até o local que me era desconhecido no momento e assim que cheguei, perguntas começaram a apareceram em minha mente, sendo a primeira, o que exatamente estávamos fazendo aqui?
Era uma pequena casa que de longe só tinha uma sala e cozinha juntos, um quarto e banheiro provavelmente dividido, o que não era grande de fato, me deixando surpreso ao ver que meu pai frequentava esse “tipo” de lugar mas logo antes da gente bater na porta , ele me olhou com um sorriso torto, um tanto assustador, me deixando entender que havia algo por traz dessa “visita”.
— Você se casará com a senhorita Samantha, por agora ela ainda é pequena mas assim que completar dezoito anos, ela se tornará sua esposa! — Meu pai fala e mesmo que isso fosse assustador eu não podia fazer nada.
- Sim, senhor!
Entramos e logo fui até o sofá, olhando para essa pequena casa, ouvindo de longe meu pai conversando com o pai da tal Samantha que dei uma pequena olhada nela e tadinha, estava sim, sentindo pena dela mas assim que vi uma menina se aproximar, sendo provavelmente mais velha se impor a esse casamento aceitando pegar o lugar da irmãzinha por mais que meu pai me ensinou a não sentir nada por mulher, de fato sentia admiração por ela por ter tomado tal atitude.
Meu pai negou no início já indo para cima do pai dela mas não deixei isso acontecer, levantei de onde estava sentado indo em direção deles, parei em frente do pai, olhando para a menina que tinha “salva” a tal Samantha, olhei para o pai delas, logo para o meu e em seguida peguei a mão da mais velha que me olhou de forma curiosa, provavelmente querendo saber qual seria o meu próximo passo, levando minha boca até sua mão.
- Estarei aguardando a senhorita…— Eliza Martins…
Soltei a sua mão e em seguida me afastei, olhei o nosso pai e sem nem precisar de palavras apenas com um trocar de olhar, cumprimentamos a família delas, pegando o caminho de volta de casa, sabendo que meu pai iria brigar comigo mas sem me importar sabendo que eu tinha razão.
— SEU….
- Antes que o senhor fique bravo, saiba que a senhorita Eliza Martins não iria permitir o casamento da caçula Samantha, seu acordo seria cancelado, atritos iriam acontecer e sua dívida não seria paga, ao me casar com a senhorita Eliza Martins, nada disso será cancelado por ser filha mais velha da mesma família da Samantha! O senhor que me ensinou tudo isso ao me tirar da escola, então se for para ficar bravo por favor não desconta em mim!
Meu pai iria retrucar, abriu a boca mas logo se calou pois sabia que eu tinha razão e sabia que depois de um jeito torto iria fazer algo para mim como forma de “agradecimento”, pois falar um simples obrigado era uma tarefa difícil, vindo dele e isso com o tempo aprendi a aceitar, conseguindo finalmente a me acostumar, como também aprendi a ser esperto.
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Contrato ASSINADO - Degustação
RomanceEm busca de uma parceria de negócios, Henrique Martins, pai de Eliza, concorda com um acordo com o Sr. Park, comprometendo-se a casar sua filha de 22 anos com o filho dele em troca de uma sociedade. Agora, Eliza se vê presa entre os desafios do casa...