Outra alma humana

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“Conheça todas as teorias,

domine todas as técnicas,

mas ao tocar em uma alma humana,

seja apenas outra alma humana.”

(Carl G. Jung)

UCHIHA SASUKE


Não gostei nem um pouco do novo psicólogo que me atendeu no ambulatório. Sakura tinha insistido para que eu continuasse o tratamento por causa da minha impulsividade quando estava com raiva, mas permanecer por vinte minutos dentro do consultório com Senju Tobirama me fez perceber que eu estava melhor fora dele.

No começo eu até que estava gostando de ser acompanhado por um psicólogo semelhante à Kakashi, com os cabelos platinados e olhos escuros, mas a personalidade dos dois é completamente diferente. Kakashi tem aquele aspecto preguiçoso, como alguém que está ouvindo uma história entediante e lutando contra o sono, mas no fim fazia perguntas e me levava a níveis de raciocínio que me deixava intrigado. “Como eu nunca pensei nisso antes?” 

Já Tobirama tinha uma arrogância evidente, sua expressão facial mais parecia de ódio e seus dedos batucavam em um ritmo irritante a madeira do apoio de braço da cadeira. Depois de meia dúzia de palavras trocadas ele simplesmente me expulsou do consultório, e fora preciso que me segurassem para que eu não saísse no soco com ele. Nenhum deles quis me deixar sair do ambulatório naquele estado, então eu tive que esperar outro psicólogo terminar de atender um paciente para conversar comigo a respeito do que aconteceu e como poderiam estruturar meu tratamento antes que me mandassem para outra clínica.

- Você sabe que a gente precisa conversar sobre o que aconteceu, não é, Sasuke? – O psicólogo de cabelos loiros e olhos azuis sentou-se na cadeira depois de me ver negar um copo de água com açúcar para acalmar os nervos. Que tipo de pessoa dá água com açúcar para alguém que está espumando de raiva? Só se for minha avó, que Deus a tenha. – Então, vamos por partes. Por que vocês começaram a brigar, ‘’ttebayo?

- Porque aquele cara é um filho da puta. – Eu apoiei minhas mãos nos joelhos e baguncei meus cabelos, uma coisa que eu sempre fazia antes de perder o controle da situação.

- E como você chegou a essa conclusão? – Naruto apoiou a prancheta no braço da cadeira e começou a escrever algumas anotações no meu prontuário.

- Não é uma coisa que todo mundo concorda? – Eu estiquei os braços, indignado, como se pensassem que eu era um louco por criticar a postura de um psicólogo tão renomado.

- Opiniões são subjetivas. Podem ser que existam pessoas que concordem com você, mas elas não vão chegar na mesma conclusão pensando da mesma forma. Cada um tem seu tipo de raciocínio e eu quero saber o que você viu ou ouviu que te faz afirmar com tanta convicção.

- Ah, sim, você quer detalhes. A primeira coisa é que aquele bosta tem a maior cada de cu que eu já vi na minha vida. Não sei se é só comigo, mas quando ele passou mais de cinco minutos me olhando feio eu perguntei se ele tinha fodido alguém no final de semana. Depois ele veio jogar na minha cara que isso não era da minha conta, e mesmo que você fosse, ele não ia sair por aí e transar comigo como certas psicólogas faziam. Eu não admito que ele pense ou fale da Sakura dessa forma. E quando eu critiquei a péssima transferência que ele estava tentando construir ele me disse que transferência dizia respeito a assuntos da mente, e não era troca de porra. Então eu levantei e disse que ia enfiar bom senso na cabeça dele por meio do soco. Basicamente é isso.

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