Capítulo 5
O despertador com toda certeza é meu inimigo natural, e acordar atrasado em dia de prova não é coisa desse mundo. Teria prova de química, os cálculos são minha paixão, mas para o meu professor, só o amor não bastava, Eu tinha que chegar na hora certa da prova. Ele e meus pais já tinham traçado todo meu futuro, e por mais que isso pareça estranho, era o futuro que eu queria. Eu queria algo grande, e ser além do que um dia eu pudesse imaginar. Crescer e evoluir. De um lado química e do outro lado da balança o direito.
— Querido, seu café está pronto! — gritou minha mãe. Terminei de tomar meu banho e colocar minha roupa básica de invisibilidade e desci para tomar café.
— Bom dia mãe — falei beijando o topo da sua cabeça.
— Bom dia querido, hoje não se esqueça que você vai ajudar seu pai a pintar a cozinha — disse ela pondo as panquecas na mesa. O cheiro estava maravilhoso.
— Não tem como eu fugir dessa parte? — perguntei fingindo preguiça.
— Daniel, seu pai está adiando isso há mais de uma semana, não me venha com essa cara de preguiçoso — falou puxando minha orelha, com seu olhar divertido.
— Okay mãe — falei beijando sua mão que tinha puxado minha orelha. Dona Penélope era a mulher da minha vida. Uma mãe exemplar e cheia de sabedoria.
— Como vai aquela sua amiga? — perguntou enchendo meu copo com suco de maçã e se juntando a mim puxando uma das cadeiras se sentando para tomar o café da manhã.
— Está bem — respondi tomando um gole generoso do suco.
— Ai Daniel — suspirou me olhando triste — é uma pena que ela não saiba a jóia que ela tem ao lado dela. Um dia meu filho, um dia ela vai perceber...
— Obrigado mãe — falei me levantando da mesa e pegando a mochila para ir para escola — tomará que isso seja uma das suas previsões — disse rindo e beijando novamente o topo da sua cabeça.
Como sempre perdi a hora do ônibus, e como sempre sai correndo atrás do maldito e amarelo ônibus. Parecia que o motorista se divertia com o meu atraso, ou era ele que passava mais cedo e passava direto, me fazendo correr metros e mais metros. Quando parava, me olhava com um olhar debochado, e eu esbaforido, não tinha nem condições de rebater ou falar algo. Mas, aquele dia foi diferente na hora que entrei no ônibus, ao invés de todos me xingarem, eles me olhavam de um jeito estranho. Os olhos de cada aluno presente naquele ônibus estavam voltados para mim, o que me deixou incomodado. Por que eles estavam me olhando daquela forma? Preferia não ter ido para o colégio naquele dia, mas a prova de química me esperava.
No colégio não foi diferente, passando pelos corredores, todos me olhavam e cochichavam do ouvido do outro alguma coisa e depois soltavam um risinho de desdém para mim. Pessoas que não nem sabiam da minha humilde existência, naquele dia estavam prestando mais atenção em mim. Dia mais estranho aquele.
Na aula de inglês, o silêncio se rompeu apenas por minha entrada na sala. E lá estava ele, Edward. Alguém que nunca tinha prestado bem atenção por ter mais coisas a serem feitas na minha vida, do que perceber que ele exista no mundo. Ele me observava como um caçador que tinha acabado de ter sua presa roubada. Segui pela lateral da sala, para minha falta de sorte, ele pôs o pé na frente dos meus, me fazendo cair ruidosamente no chão, mas apenas o professor se levantou para saber o que estava acontecendo, enquanto os outros permaneciam em um silêncio nada comum e bizarro. Edward me olhava com jeito de quem iria me engolir vivo se eu contasse o que tinha acontecido, mas os anos de perseguições naquele colégio me ensinaram que quando acontece uma coisa desses, o melhor é dizer que eu tinha tropeçado nos próprios pés.
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Recomeçando a viver
RomanceLIVRO REGISTRADO. Livro completo na Amazon, Buenovela e HiNovel. Daniel Valdez quer justiça... Em outros tempos o homem espetacular era um adolescente desengonçado, a beleza oculta pela acne e sua timidez excessiva. Era o melhor amigo de Elle, a ga...