Bratva

568 85 20
                                    

Antes de lerem o livro, eu preciso que entrem nessa leitura com uma coisa bem clara:

O Bratva que eu retato no meu livro, não é o mesmo Bratva que as outras autoras retratam.

Então pensei em ter essa conversinha com vocês, explicando melhor uma boa parte do livro e deixando vocês mais confortáveis com o que vão ler.

Mas o que é o Bratva?

O Bratva (em russo, Irmandade) é como chamam todas as máfias da Rússia. Sim, ela não era apenas UMA máfia, mas sim várias. Pela extensão do país, ficou mais fácil denominá-las apenas como Bratva.

Com a consolidação do regime soviético na Rússia, foram criadas prisões de trabalho forçado, de segurança máxima, para encarcerar aqueles que não concordavam com a política do país, ou que desobedeciam suas leis. Esses Campos de concentração eram chamados de Gulags, e abrigavam desde presos políticos até batedores de carteira. Foi ali que se originou a máfia russa atual, uma rede criminosa entre os prisioneiros. Com a morte de Stalin, e o novo líder soviético, Nikita Khrushchov, assumindo o país, os Gulags foram dissolvidos, mas a máfia continuou.

Foi naquela época, dentro das prisões, que surgiram as tão famosas tatuagens do Bratva. Estrelas nos joelhos e nos ombros, uma corda ao redor do pescoço... são muitas, e cada uma tem uma interpretação específica. É um tipo de linguagem usada dentro da máfia, que pode identificar desde os mais poderosos, até os que tentaram se suicidar, ou estupradores e pedofilos.

É importante pra nossa história, saber que o Bratva vai sempre se remeter ao KGB (serviço de segurança da URSS, no qual o atual presidente russo, Putin, é ex-membro), quando o mesmo, lá em 1950, já infiltrava espiões em outras máfias só para angariar informações em benefício do país - os dois, aliás, já trabalharam em conjunto. Por movimentos estratégicos assim, a máfia russa (também chamada de Máfia vermelha ou Piramida), detinha muito poder no Ocidente, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos (por isso a primeira parte da história se passa lá).

Realmente, ela era a mais sanguinolenta, sórdida e perversa máfia que já existiu. Ficou conhecida pela sua sangrenta e interminável guerra contra mafiosos dos Estados Unidos (Cosa Nostra, The chicago outfit, as 5 famílias, e outras), e pela crueldade que tratavam os membros capturados que eram facistas ou anti-comunistas. Ela sempre aparece nos livros como a vilã, porque se encaixa perfeitamente no enredo como tal. A supremacia racista, a misoginia enraizada na elite do Bratva, as provações doentias para se fazer parte do grupo realmente existiram. E estarão presentes no livro sim, mas não o tempo todo.

Maaaas, além das torturas, os russos também eram famosos pela sua complexa rede de informações, coisa que só era possível com um excelente plano de espionagem. Lembram do envolvimento com o KGB? Pois bem, a própria Bratva trabalhava em prol do país muitas das vezes (pelo senso patriótico e supremacista, obviamente), fazendo parceria com o governo e até, algumas vezes, tomando posse do poder.

Por ser o maior país do mundo, a Rússia possuía muitas mafias em vários pontos do seu território. Com a expansão dos seus trabalhos em espionagens, outras mafias russas se estabeleceram fora do país. No caso deste livro, vamos ter um pequeno vislumbre do Nevski, a máfia dos russos nos Estados Unidos.

Entre suas atividades principais estavam o tráfico humano, o terrorismo, as execuções, extorsões e muita merda mesmo.

Bom, é óbvio que dizem que o Bratva hoje em dia já não existe, mas talvez eu tenha meus desvaneios. Aqui, em Amor Russo, o Bratva é o palco da história do nosso Damon Kozlov. A máfia é retratada não apenas como uma organização de homens de preto que sujam as próprias mãos, mas principalmente como uma máfia POLÍTICA. Como toda organização criminosa, ela obviamente ainda faz parte de jogadas políticas como o terrorismo ou o tráfico. Mas, é óbvio, vai existir atentados, mortes, perseguição, e muito perigo.

No Bratva, existia uma denominação chamada Vory v Zakone (bandidos dentro da lei). Ela era utilizada para participantes do Bratva, geralmente políticos, que não sujavam as mãos de sangue, mas que atuavam e intercediam pela máfia em planos sociais públicos (na presidência do país ou em cargos importantes da política. Como bilionários que movimentam grande parte do dinheiro do país ou figuras públicas que detinham o poder de transformar opiniões). Os Vory v Zakone eram a elite do Bratva, só a nata da sociedade mafiosa! Quem comanda o país são aqueles que tem dinheiro, ou seja, poder. Pense neles como um parlamento independente. Eles tem o poder de aprovar e desaprovar, mas sem a interferência da política atual do país (daqueles que não participam do Bratva, quero dizer). Eles podem fazer o que quiserem, sem se preocupar com outros órgãos interferindo.

Como eu amo a Rússia (e se preparem para terem muitos protagonistas russos), eu sempre costumo defender a supremacia do Bratva porque eles foram a máfia mais organizada politicamente falando. Não eram famílias ou gangues, eram homens com um propósito em comum, que se mantinham em um grupo onde a lealdade e a honra era a base. Para entrar no Bratva você tinha que matar pelo Bratva. Tinha que amar os seus irmãos acima de tudo e doar sua vida à causa deles. Se um era atingido, então todos seriam feridos. Se um atacava, então estavam todos participando da guerra.

Enfim, agora que conhecem o Bratva não só como os demônios que falam russo, podemos entrar de cabeça na história. O meu Bratva não é apenas um legado. Mas no livro vocês vão ver e espero que gostem dela tanto quanto eu gosto. ❤

Amor RussoOnde histórias criam vida. Descubra agora