entre a neve e o chocolate

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Entre neve e chocolate

3 dias para o Natal

Passar a tarde bêbada, deitada no tapete felpudo da sala abraçada ao meu vestido de formatura, em um dos dias em que a confeitaria mais precisa de mim não estava nos meus planos. Com todo esse espetáculo de horrores eu conclui que Louis, mesmo 13 anos depois de ir embora ainda conseguia tirar minha paz. Era como se os sentimentos que eu tinha por ele estivessem intactos, como se eu fosse um vulcão em erupção ou um daqueles zumbies de The Walking Dead desesperada por um pouco de Louis Hanson em minha vida.

Eu até tentei levantar quando Vanessa apareceu lamentando a falta de confeitos para as casas de pão de ló, mas o máximo que consegui andar foi até a privada para vomitar um pouco do Whiskey e Vodka que eu estou bebendo há dois dias.

A viagem da Amber com o Anton não poderia ter sido em uma data melhor, já que eu não me encontro capaz nem mesmo de cuidar de um pé de feijão. Espremer o urso e ouvir a voz de Louis pela milésima vez parecia ser o único ato que eu me sinto plenamente confiante em executar, pelo menos até eu perceber que a maçaneta da porta girou indicando a chegada de alguém.

- Mamãe! - Ouvi um grito estridente enquanto minha filha corria em minha direção - Nós voltamos.

Recobrar a consciência em meio poucos segundos foi o que me restou quando observei a Amber parada balançando a mão na frente do meu rosto.

- Me dá um abraço! - Estendi os braços recebendo um aconchego restaurador.

Olhei por cima do ombro dela e lá estava Anton em silêncio me julgando pela situação em que havia me encontrado. Sobre a mesa estavam as garrafas vazias, pelo chão uns lenços de papel embolados e o vestido esparramado junto ao urso de pelúcia.

- Você não estava desesperada por um banho minha filha? - Anton perguntou recebendo um sim da Amber.

-Nós ficamos horas na estrada de volta e eu me lambuzei toda de pizza! - Ela disse me explicando o porque de estar com as mãos colando - Eu vou mas já volto viu mamãe?

Minha garotinha correu em direção ao banheiro e o silêncio entre mim e Anton continuava como uma terceira pessoa no ambiente. Só conseguia pensar em como eu vou explicar que tomei um porre por um cara que foi embora há 13 anos atrás?

- Você está com dívidas Megan? - Antoniel falou enquanto tentava me levantar do chão - Se for isso eu posso assumir para você.

Continuei em silêncio tentando manter o pouco da dignidade que ainda me restava. Anton percebeu que seria difícil me guiar até o quarto cambaleando e decidiu me pegar no colo.

- Eu tentei te ligar várias vezes hoje para avisar que nós voltariamos um dia antes devido ao alerta de nevasca para nossa região - Ele disse me colocando sobre a cama - Mas o seu telefone e o da casa só dava que estavam desligados.

Merda! Eu tinha desligado para não sofrer tentação de falar com o Louis.

- Vou te preparar um coquetel ótimo para curar ressaca! - Anton falou após ajeitar meus travesseiros do jeito que eu gostava - E depois se estiver tudo bem com você eu pego a estrada ainda hoje!

Lhe dei um sorriso sem graça e agradeci pela ajuda. Ainda estava tramando um plano para explicar minha situação deplorável.

Acredito que eu dormi alguns minutos após o Anton me dar o tal coquetel pois não lembro de mais nada após beber aquele troço ruim. Levantei de madrugada assustada e fiquei mais tranquila quando vi Amber dormindo como um anjo em sua cama.

Um urso de natal (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora