Prólogo

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Então, eu escrevi errado na sinopse

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Então, eu escrevi errado na sinopse... Eu quis dizer ''uma década que Renan vive preso, em cárcere e quer a chance de, finalmente, ser livre'', foi juntando o presídio e esse tempo que ele desapareceu. Dizendo que ele só viveu preso esse tempo todo, e agora ele quer a verdadeira liberdade. Mas me expressei errado, foi o sono e cansaço...



QUATORZE MESES DEPOIS

RENAN

— Como ela é?

Toda vez que pergunto, que penso em Nanda, é como se uma tonelada estivesse em cima do meu peito. Uma dor inexplicável, que me destrói a cada dia que passa, que me arruína aos poucos, mas ainda há um pingo de esperança para encontrar minha família novamente.

Antigamente, no presídio, eu tentava não me agarrar em esperanças, por medo de quebrar a cara, agora é diferente, eu quero me agarrar a esperança, eu quero acreditar que eles estão bem e sairei daqui para encontra-los.

— Um bebê muito lindo. Prematura, mas não tinha aqueles traços de bebê recém-nascido, quero dizer, ela já estava gordinha, pequena ainda, mas já aparentava ser bem forte. — Brian sorri, olhando para frente e relembrando. Seu sorriso nostálgico aparece toda vez que fala da sobrinha, ele também sorri quando falamos sobre pessoas da sua vida. Seu pai, Gabi e Rian que estavam próximos a ele, mesmo que fosse arrogante com as crianças. — Eu não a carreguei, fiquei com medo de derrubar, ainda mais sendo uma prematura. Mas eu a vi, lembro bem da Nanda.

Olho para o chão de terra onde estou sentado, começo a desenhar com meu próprio dedo no chão, em cima da areia.

— Eu fico sempre me questionando. Seria melhor se eu tivesse conhecido minha filha? — fico parado agora, não me mexo, apenas penso na minha filha, se Katleen está viva, se Gabi está viva, se meus pais, irmãos... Se Nanda está viva. — Ou foi melhor nem ao menos conhecê-la? Porque se eu conhecesse, talvez fosse pior.

— Seus pesadelos teriam um rosto. — olho para Brian. — Não sei o que dizer. Não sei o que dizer há muito tempo.

— Onde estamos agora? — olho ao redor, para a enorme cela, na verdade, parece mais uma gaiola, não há paredes, apenas grades nos rodeando. — Eu não sei que idioma é esse, não parece algo que eu já tenha escutado antes.

— Não faço ideia, é um idioma estranho aos meus ouvidos, e nossos colegas não ajudam em nada. — aponta para as outras ''gaiolas'', onde mais homens estão presos. — Nem eles falam nossos idiomas, ou qualquer outro que eu consiga entender.

— Emerson? — suspiro. — Saiu há horas e não voltou.

— Não quero pensar que não voltará. — balança a cabeça negativamente. — Era o único que ainda falava conosco. Que ainda alimentava a esperança de sair daqui e ter a vida dele novamente.

— Estou cada dia mais descrente que algo bom possa acontecer. — Brian se encosta nas grades, sua cara de dor mostra que ele está sentindo um baita desconforto com essas barras cilíndricas pressionando sua coluna. — Acho que já estou chegando ao meu limite.

— Se perceberem isso, os nossos dias estarão contados. E, mesmo odiando, precisamos ganhar tempo aqui dentro. — esfrego meus olhos. — Precisamos sobreviver aqui dentro.

Katleen...

A última vez que olhei para Katleen, ela estava desacordada, tinha sido medicada para que a pressão baixasse novamente. Aquilo era real? Ela estava muito mal mesmo, estavam medicando para que ela melhorasse ou piorasse? Katleen melhorou? Foi salva? Onde está? Minha filha?

Se fui vendido, se Brian foi vendido, imagina se Katleen e Nanda também não foram? Se todas as outras mulheres, homens... Se todos tiverem sido vendidos?

Eu saí da recepção do hospital sozinho, será que meus irmãos e a Gabi foram pegos? E meus pais que tiveram que sair para resolver algo da minha tia, era tudo um plano e foram sequestrados?

Mas sequestrados por quem?

Eu nem sei o que aconteceu, lembro de correr para ver Katleen, depois eu já acordei dentro de uma caixa de ferro, com uns pequenos buracos para o ar entrar. Fui sedado, acordei preso ao lado de Brian, que entende menos ainda do que eu.

E quando eu sair daqui, para onde vou? Nem faço ideia de ode estou, de quanto tempo passou, absolutamente nada!

O barulho de chaves batendo umas nas outras me faz olhar para frente.

Emerson aparece, mancando, sendo empurrado por um capanga que trabalha aqui. Assim que eles chegam a entrada da gaiola, eu noto o péssimo estado de Emerson.

Abrem a gaiola e o empurram para dentro.

Emerson bate de cara na grade e cai no chão.

Não nos movemos rapidamente para acudi-lo, esperamos o capanga sair e olhamos para ele.

— Venceu? — perguntamos no mesmo momento.

Emerson tem dezenove anos, é um colombiano que fala português, então conseguimos nos entender bem.

Seu rosto está inchado, ensanguentado, ele está quase desfigurado.

— Não deve ter vencido. — Brian olha para mim. — O estado dele é de quem perdeu.

Emerson abraça o próprio corpo, tremendo.

— Eu venci. — sua voz sai trêmula. — Mas... — ele começa a tremer ainda mais.

Tiramos nossas camisas e entregamos a ele, perguntamos se há algum ferimento grave e ele nega, apenas balançando a cabeça.

— As lutas mudaram. — voltamos a olhar para Emerson, que agora para um pouco de tremer. — Pelo menos comigo, hoje foi diferente.

— Como foi? — pergunto.

Vejo como Emerson engole em seco e aperta mais o próprio corpo, abraçando e ainda tremendo.

— Não sei se será assim daqui por diante, mas... — engole em seco novamente. Percebo que é mais dificuldade na dor do que em termo de nervosismo, de um nó na garganta, causado pela luta de mais cedo. — Mas eles me avisaram antes da luta, que só aceitam que saia um sobrevivente. No caso, não é luta por nocaute. Só sairá um vivo do ringue. — olho para Brian, sabendo que o nosso maior medo pode começar a acontecer a partir desse momento. — É luta até a morte agora.

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