E ra uma noite clara aquela na década de 60 . A lua cheia derramada sua luz suave, fazendo perceber os canaviais á margem da BR - 101, na Zona da Mata de Pernambuco. Dirigia tranqüilo o meu Douphine, escutando uma melodia aconchegante (destas comuns nos programas noturnos de rádio) . Viajava sozinho e sem preocupação na estrada vazia. De repente, um arrepio e a sensação de uma mulher sentada ao meu lado. Voltei várias vezes o rosto sem ver a pessoa incrivelmente presente.
A situação tornava-se desconfortável e parei num restaurante. Jantei com calma e, meia hora depois, voltei a dirigir, agora certo de que estava sozinho. Guardei o fato, temeroso do ridículo que poderia provocar. Até que, uma noite, numa roda de prosa em que o assunto era assombração, contei - o timidamente. Foi com surpresa ahs José Othon, gerente do armazém da Usina Pedrosa, me disse com muita seriedade:
-" Sei o trecho de estrada em que isso aconteceu. Foi ali nos últimos quilômetros da cidade do Cabo de Santo Agostinho, no sentindo interior/capital".
-" Exatamente. Mas como você sabe"?
Ele então contou. Uma noite tinha saído da Usina para a cidade de Ribeirão, de carona na caminhonete de um vencedor. No trecho mencionado, o motorista experiente mostrou um comportamento estranho na pista. Dava guinadas para os lados, freava sem motivo aparente, até usava a sinalização com os faróis. Preocupado, Othon quis saber o motivo de tudo aquilo e foi informado:
-" É esse caminhão aí na frente me trancando, dificultando a ultrapassagem".
-" Que caminhão? Não tem caminhão nenhum. Há muito tempo que a estrada está vazia".
-" Você não está vendo o caminhão aí na frente? Não vê essa mulher sentada em cima da carga fazendo careta pra gente" ?
-" Não! Não vejo nada"...
O vendedor parou o caminhão no acostamento. Só com muito tempo conseguiu sair e chegar até a cidade, onde resolveu ficar até amanhecer. E lá, ambos, ele e José Othon, ouviram muitas histórias da mulher - assombração da entrada...Fim