Prólogo

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O quê?

Não.

Onde estou e porque sinto que estou amarrada?

Devagar fui abrindo meus olhos. Pela forte luz que já conseguia sentir antes mesmo de abrir os olhos, imaginei que fosse um lugar aberto e com acesso à luz.

Não era.

Era um lugar com aspecto não tão maravilhoso assim. Nada tinha naquele cômodo, na minha visão periférica, a não ser uma lanterna grande direcionada para o meu rosto.

A lanterna estava focando tanto em mim que ouço a pouco foi impossível ver os ué estava do outro lado.

- Ela está acordada. - Ouvi uma voz dizer atrás de mim. Fiquei assustada e quase gritei. Mas minha voz não saía, eu não conseguia mexer os meus braços. Eu não conseguia me mexer.

Dois homens surgiram a minha frente e apagaram a luz.

O mais algo e loiro, aproximou seu rosto do meu e me olhou bem no fundo dos olhos.

- Ela não está mais naquele estado. - O loiro disse e se afastou.

O mais baixo e moreno apenas assentiu e tirou do seu bolso um canivete bem pequeno.

- Essa é a hora que precisamos de respostas. - O moreno disse. - Se lembra de alguma coisa?

Ele perguntava para mim. Mas esquecia o facto de eu não poder falar ou me mexer.

- O paralisante. Injeta o neutralizador, na mão direita.

Outra pessoa surgiu de trás com uma seringa pequena. A seringa continha um líquido vermelho que claramente tinha casa de algo não injetável.

Logo que o homem largou minha mão. Senti um formigamento no braço direito. Em menos de dois minutos já sentia o mesmo formigamento em varias partes do corpo.
Meu cérebro parecia superaquecer. Eu entrei em uma espécie de mistura de cansaço e energia. Eu podia sentir minhas pernas pesadas, como se eu não tivesse poder sobre as mesmas, mas minha cabeça e braços estavam mais energéticos que o normal. Eu queria pegar em tudo, partir tudo e esmagar tudo.

- Acho que foi o suficiente. Ela está começando a mexer os braços com a mesma frequência de hoje cedo. - O homem loiro disse.

- E acho que agora pode falar ou acenar. - O moreno disse. A forma como ele falava, uma mistura de soberania e arrogância. Eu não sabia se tinha medo dele ou raiva. - Se lembra do que aconteceu?

Abanei a cabeça em negação. Ele proferiu um xingamento, quase como um sussurro.

- O que estava fazendo em Canteia e onde foram os outros? - O loiro insistiu.

- Ela disse que não sabe.

- Tal como disse que nos levaria para quem causou aquilo, fugiu e matou muitos de nós.

Matou muitos de nós?
Eu não matei ninguém.
Muitos de vocês mataram muitos de mim.

- Vocês mataram Ishko.

Foram as únicas palavras que consegui dizer antes de, de alguma forma, arrebentar as correntes e levantar da cadeira.
O moreno estava com uma expressão de fascínio e surpresa no rosto. O loiro estava aterrorizado, eu não só podia ver, como podia sentir que ele estava aterrorizado.
E sem mesmo perceber, fui atraída por ele. Mas não a atração que eu esperava. Eu fui atraída por ele e o que mais queria fazer naquele momento era matá-lo.
Matá-lo das piores formas possíveis. Eu queira fazê-lo sofrer e sentir que está morrendo.

Ninguém ousava se aproximar. Tinha um a distância de três metros entre mim e eles.

As seringas simplesmente secaram. Não tinha paralisador e nem neutralizador.

- Ela está vindo para minha direção. POR QUE ELA ESTÁ VINDO PADA MINHA DIREÇÃO?

Quanto mais aterrorizado eu sentia que ele estava, mais vontade de matá-lo eu tinha.

- Humanos são meu alvo. Humanos têm que morrer. Humanos têm que ser mortos. Eu vou matar os humanos. E os aterrorizados são o meu principal alvo. (Numa língua estranha).

- O que ela está falando?

O moreno continuava me encarando com certa surpresa. Os que estavam atrás de mim, cinco no total, estavam em tal silêncio que nem dava para suspeitar que alguém estava ali.

- AAHHH.

O dono do som se aproximava com uma espécie de punhal esquisito. Não sei a que velocidade ele estava, mas para mim, estava devagar o suficiente para logo em seguida ver sua cabeça sendo perfurada por uma espécie de vento em forma de serpente. Não sei explicar. E lá estava o corpo do indivíduo, no chão e com um buraco no meio da testa.

Para aumentar a minha vontade matar o loiro, ele gritou e tirou do bolso uma pequena Cruz.

- Oh, pequeno príncipe, esse lugar foi esquecido por Deus. Procure por ele em todo lugar, menos aqui. - Digo e dou um passo na sua direção. Ele continuava rezando baixo e rápido.

- Não é o lugar que determina de serei salvo. É a minha fé.

- Então tenha mais fé. - Nesse momento, minha raiva só aumentou de tamanho. Em menos de dois segundos, eu estava vendo seu pescoço em minhas mãos jorrando sangue. Podia ver seus olhos arregalados e ouvir o som de escárnio saindo da sua boca. Seu rosto ficou verde e seus olhos perdiam vir a cada segundo que seu pescoço passava na minha mão. A Cruz caiu no chão, quase ao mesmo tempo que seu corpo. Era como se a parte de cima dele tivesse acabado sua funcionalidade. Só a parte de baixo estava em uso. Na verdade, a parte de cima tinha morrido, só faltavam minutos, poucos, para que a parte de baixo morresse também.

- Impressionante. - Ouvi do meu lado. O moreno me encarou bem nos olhos e sua voz começou a ecoar por minha mente. Eu não sei como e nem porquê. - Você matou o Padre Caesar.

Foi quando percebi que tem algo de errado com ele. Ele não era como todos que estavam ali.

Ele era o maior padre da cidade. Você conseguiu aterrorizá-lo e matá-lo. Seu poder é muito maior do que você imagina. Grandes coisas você vai fazer e grande Humana você será. Você só precisa continuar sua missão. Você só precisa continuar assim e não se render à hábitos humanos.
Você não sabe de quantas gerações você é inimiga agora.

Depois da última frase. Eu apaguei. Não conseguia mais me mexer e nem sentir coisa alguma.

- Karina Vishikova. Habitação de Vihkova, o espírito rebelde das calamidades.

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