"Bem vindos a 2245!
Que este ano traga total felicidade e experiências boas a todos os nossos habitantes e visitantes."Eram totalmente audíveis aquelas palavras por toda a cidade. Não era algo incomum, pelo contrário, todos estavam acostumados e esperavam por isso. Mesmo que nada afetasse a rotina de ninguém.
Nós estávamos no intervalo de recolha. Momento de descanso da noite, que já não era escura por conta dos grandes desastres ocorrentes anos atrás.
- "Que este ano traga total felicidade..." Quem ela acha que engana? Estamos perdendo o tempo de ar puro liberado per capita e ela acha que iremos ficar felizes? A nova ordem do governo deveria liberar mais 7 segundos ao menos! - James solta frustrado.
- O que acham que aconteceria se investissemos um pouquinho só na lei de abuso e usassemos mais tempo do que temos sem as máscaras? - Pergunta Mildred animada.
- Com toda certeza, não devemos fazer isso! De jeito nenhum! - Mark, completamente indignado com a idéia de Mildred, solta.
No momento, eu estava a observar a cena com toda uma nostalgia. Parecia que, de algum modo, não estávamos ali. Por mais que estivéssemos, era como se esse momento fosse uma memória perdida que eu, certamente, não havia vivido.
Tudo ficou tão estranho de repente. Aquele era o meu lar, onde eu vivi por anos, mas não conhecia nada ao meu redor, ao mesmo tempo que conhecia tudo.
Resolvi me deitar um pouco. Descansar o corpo antes de mais um dia.
Atravessei a grande sala totalmente branca tentando não chamar tanta atenção. Não queria ser a responsável por puxá-los à cama logo no primeiro dia do ano. Destravei rapidamente a passagem do corredor central e aumentei a intensidade do purificador de ar - O clima estava meio pesado esses dias - e pus-me a ir ao meu dormitório.
Era estranho pensar no quanto "evoluímos" até agora. As casas eram completamente afastadas do solo e sem nenhum contato com a natureza. As pessoas moravam em espécies de bunkers não subterrâneos, que impediam o contato direto com o ar lá de fora. Desenvolvemos tecnologias super avançadas que jamais os nossos antecedentes imaginariam. A vida era totalmente diferente anos atrás e isso pouca gente atualmente sabe. Sempre ficaram presos em seus mundos de 10 m² e nunca se deixaram saborear a imaginação de como era a vida antes de dependermos, quase que totalmente, de tudo que não é natural.
Após ligar o meu purificador de ar próprio, fui me aventurar um pouco através do meu passaporte favorito; livros físicos. Não era como se fosse um hobby normal que eu poderia esbanjar por aí lendo tudo o que quero. Não se faziam mais livros físicos. Os únicos que eu tinha eram do meu tataravô, que dizia dar aula de história na grande Universidade Havard. Eu nunca vi uma de perto, apenas ouvi falar que antigamente, as pessoas que chegavam a uma certa idade, presados de conhecimento, visitavam locais com outras pessoas para compartilhar conhecimentos. Tinha a primeira temporada, que era a escola, depois o vestibular, a faculdade e por último, o mercado de trabalho.
Antes de morrer, meu tataravô deixou uma biblioteca inteira de livros com histórias muito antigas que eu adorava ler. Eram totalmente distintas as tramas das estórias antigas e atuais. Recorriam ao amor e contos de fadas no século XX. Já no século XXI, escolheram optar por livros de auto ajuda ou reflexões. Já agora, no século XXIII, temos política e manuais.
Com a mente turbinada de pensamentos, acabo dormindo após o 14° capítulo de um livro sobre a Terceira Guerra Mundial.
[...]
2 de janeiro de... 2245?
Acordei com alardes do lado de fora do meu quarto. Era Mark.
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.depredação temporal
Przygodowe"James Brian Miller, nascimento: em 2222, filho de Robert Brian Miller e Amy Bridget Miller. Cidade natal: Ilha Vivifica, Insulae Comorianae. Fonte de análise: Banco Central de Vivifica. Mildred Natasha Andrews, nascimento: em 2224, filha de Philli...