Capítulo I - Gardênia

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Gardênia

- Flor que simboliza a juventude, a pureza, a doçura, a sinceridade e o amor secreto.

Por Byun Baekhyun.

Antes do amanhecer completo do dia seguinte, Chanyeol estava acordado. O sol ainda não havia pintado todo o horizonte, e o céu ainda possuía seus tons escuros e nebulosos, sem a presença dos pontos brilhantes que acompanhavam a maior parte das noites, porém tampouco com os raios calorosos e firmes do astro. Não era azul nem negro.

Todavia, ainda que cedo demais, quiçá tão prematuro que nem mesmo os outros moradores da pequena aldeia estivessem acordados, o alfa sentia-se disposto. Seu corpo estava descansado, seus ferimentos pouco a pouco se cicatrizavam e toda a exaustão acumulada dos dias em que vagou sem destino ou rumo algum começavam a se esvair e dar espaço para sua força vital florescer.

Infelizmente, seu corpo era o único que havia descansado. 

Sentia-se com a mente enevoada, cansada, dolorida. Seu corpo repousou durante toda a noite, porém sua cabeça permaneceu acordada até forçá-lo a levantar. As causas lhe eram estranhas e inacreditáveis, e até outrora impensáveis para si, contudo, seu lobo dizia-lhe que era exatamente o que tanto negava.

Baekhyun. A causa da inconstância do fluxo de seus pensamentos durante o período noturno, seu cheiro, sua pele, seu rosto. O motivo pelo qual seu íntimo pensou e relutou ao decorrer das horas, todas resultantes de sua curiosidade indevida e intrusa em relação ao ômega dorminhoco e desconhecido.

Passara horas deliberando sobre seu encontro inesperado com o anjo mais belo que já vira, e o modo no qual seu lobo mostrava-se receptivo a imagem divina e graciosa dele o irritava, o deixava frustrado e não fora difícil para que seu mal-humor matinal e rotineiro o aborrecesse ainda mais naquela manhã de primavera.

Todavia, graças as suas tarefas matinais, pode ocupar a mente cansada durante horas extensivas e repletas de trabalhos braçais. Carregou toras inteiras de madeira sozinho, ergueu paredes e cobriu o telhado que manter-lhe-ia aquecido e livre de chuvas durante o passar do tempo, e próximo do horário do almoço um grupo pequeno de betas, ômegas e alfas chegaram para lhe trazer mantimentos, trajes e um passe para passar na marcenaria da aldeia, onde pediria pelos móveis que iriam compor sua cabana.

Não fora cortês, nem gentil, e tampouco amigável, apenas emitira um ruído pouco compreensível, porém que todos levaram como um ato de agradecimento oblíquo antes de se retirarem e dizerem que o comitê da aldeia requeria sua presença no salão principal no dia seguinte.

Após seu momento turbulento de pessoas desconhecidas invadindo seu território pode voltar às próprias tarefas, finalizando seus serviços antes que seu mal-estar por não ter se alimentado o atrapalhasse.

Procurou dentro das cestas que foram-lhe trazidas algo que pudesse comer, e mesmo que tivesse encontrado uma porção de temperos, grãos, folhas, frutas e legumes não saberia preparar nada como o prato que a senhora lhe trouxe no dia anterior. O único alimento que preparava era as carnes que trazia das caçadas, limpava-as e as cozinhava, porém estas jamais ficaram com o gosto saboroso da refeição que lhe fora entregue anteriormente, ou então, uma mistura não tão saborosa de legumes fortes que poderiam lhe dar sustância durante todo um dia. Não possuía o costume de se deleitar com boa comida.

Estava acostumado a comer refeições preparadas pelos ômegas e betas das antigas matilhas que viveu durante anos; eram poucas as que encontrava algum alfa responsável pelo preparo dos alimentos. Normalmente, seguindo os traços do sistema tradicional, hierárquico e retrógado, os alfas ficavam responsáveis pelo território, caça e proteção da matilha, os betas compunham a maior parte de curandeiros, pastoreios e artesões, enquanto as tarefas caseiras e familiares, como limpar, cozinhar e cuidar de filhotes ficavam para os ômegas. E era com esse sistema que estava acostumado a viver. Um tão divergente do que a atual aldeia que estava possuía.

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⏰ Última atualização: Dec 25, 2019 ⏰

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