Florescer

Prólogo - Prímula

Prímula

- Flor que simboliza o amor de juventude, que se inicia. Também associado à amizade, lealdade e felicidade.

Por Byun Baekhyun.

A brisa gélida e os raios de sol mornos cooperavam com o trabalho bruto e físico que o alfa realizava ainda pela manhã, pouco depois do astro caloroso surgir no céu límpido da pequena aldeia. Não reclamava, contudo, pois já estava acostumado com o trabalho braçal e cansativo, e após algum tempo o fazendo já podia dizer que nem mesmo ligava ou se incomodava verdadeiramente com ele.

No entanto, estaria mentindo se dissesse que não estava incomodado com algo em específico; havia pessoas ao seu redor. Muitas delas, carregando pedaços de madeiras, ferramentas e cordas, sorrindo e conversando em suas vozes visivelmente animadas. Todas para lhe ajudar a erguer a cabana na qual passaria a morar durante tempo indeterminado. 

Não estava acostumado com essas gentilezas e hospitalidades, muito menos com a forma na qual todos os moradores da aldeia pareciam viver em um convívio amigável e repleto de afeto. A política organizacional daquele lugar lhe era estranha e diferente, de modo que o fazia arredio e hostil a certos tratamentos.

O lugar de onde viera não era assim.

“Peça para que me deixem sozinho.” Murmurou baixo para um dos homens mais velhos do lugar, aquele no qual, como percebera, era respeitado e fazia parte do comitê de organização. Não prestou atenção quando lhe explicaram o básico da aldeia, pois estava cansado, faminto e ferido.

O homem deixou um sorriso surgir em forma de simples curvares de lábios, parecendo estar pensando em algo, quiçá até mesmo se divertindo consigo.

“Tens certeza de que não irá querer ajuda? Erguer uma cabana sozinho pode ser um pouco trabalhoso e cansativo.” Respondeu gentil e cordial, o corpo robusto indicando que um dia, quando ainda em sua juventude, havia sido um alfa forte e largo. 

Chanyeol não respondeu, apenas meneando a cabeça em concordância, pois preferia ter trabalho a mais para construir a própria casa do que ter de permanecer na presença de pessoas desconhecidas nas quais não possuía confiança e intimidade alguma.

“Pois bem, pedirei para que todos se retirem.” Ditou calmo, não demonstrando estar ofendido ou aborrecido com o comportamento do alfa mais novo. “Antes do pôr do sol desça para ceiar conosco, precisamos conversar sobre alguns assuntos em questão ainda.” E sorriu, acenando brevemente com a cabeça em uma despedida curta, logo chegando ao lado dos outros que trabalhavam com o transporte e estrutura da casa, pedindo de forma gentil para que todos se retirassem, pois o novo morador estava cansado.

Quando sozinho, pode voltar ao trabalho, onde passou horas seguidas cortando, levantando e amarrando toras de madeiras, dando forma a cabana que já possuía a estrutura pronta pelas horas em que os outros moradores passaram lhe ajudando. Ela não ficaria pronta naquele dia, porém, julgava que pela aparência hospitaleira daquela matilha acabaria tendo um lugar cedido a si para repousar durante as horas do crepúsculo.

Faltavam-lhe cerca de duas horas para o pôr do sol, todavia, seu corpo já implorava por uma pausa, visto que as feridas em seu corpo ainda estavam cicatrizando e por vezes doíam caso pressionadas. Com isso, fora obrigado, pelo próprio corpo, a repousar em baixo de uma árvore, levando consigo um pote de porcelana que uma senhora lhe dera pela manhã, com uma refeição que deveria ter-lhe servido como almoço.

Não estava tão quente como deveria, mas sua fome e o bom aroma e gosto das batatas, vagens, sojas e carne cozida, acompanhadas de ervas desconhecidas por si e um ardor picante e saboroso não lhe deixaram ligar para a falta de calor do prato. Estava uma delícia, e julgou jamais ter se deleitado com uma refeição tão apetitosa quanto a que se alimentava no momento.