Estado de Graça

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Jungkook

-Eu te demitiria se fosse possível. - Maya diz depois de eu me desculpar pela décima quinta vez quando já estávamos na fila para tentar trocar nossas passagens, pois havíamos perdido o voo das 13hrs. Por minha culpa, é claro.

Combinamos de nos encontrar às 11hrs para fazer o check-in e despachar as malas, porém, depois de uma noite mal dormida por conta de uma Campanha da minha empresa, acabei não acordando e perdi o horário. Cheguei no Aeroporto às 13:30hrs, meu celular descarregado tornando impossível entrar em contato com Maya, me fazendo desistir de todas as minhas esperanças de encontrá-la ainda em solo americano. Mas felizmente- ou infelizmente -, ela estava me esperando no salão principal, bufando como um touro.Nem meu sorriso de olhos fechados a fez desmanchar a carranca e desde então eu abro a boca apenas para me desculpar.

-Eu disse que era uma viagem a trabalho, disse que o horário era importante.- ela falava as palavras de forma pausada, quase calma, e eu ficava um pouco tenso toda vez que a via fazendo isso.

-Não foi por mal, eu juro que não foi.- tento alcançar seu rosto, mas afasto minha mão quando ela range os dentes. - Vamos chegar a tempo, vai dar tudo certo.

-Não tem como chegar a tempo, Jeon. A Coreia do Sul não é logo ali.

-Eu sei, me desculpa.- ela me olha por um momento.- Você podia ter ido na frente, eu entenderia.

-Esse seria um bom caminho, Jungkook, mas sua passagem está comigo, assim como o seu passaporte.

-Eu preciso parar de deixar as coisas na sua casa.

-Precisa parar de ir na minha casa.

-Vamos terminar porque eu me atrasei?- cutuco o braço dela, tentando resgatar novamente a sua atenção.- Você já passou por coisa pior, não pode desistir de mim por algo desse tipo, seria uma vergonha.- ela me olha novamente e, depois de revirar os olhos, retira um fiapinho da manga do meu suéter azul. Aquele era um sinal, minha chance de fugir do assunto.

A fila anda e eu movo nossas malas. - Você nunca foi pra Coreia, certo? Está ansiosa?

-Não.

-Nervosa?

-Porque eu estaria nervosa?- seus olhos ainda estavam em mim, arqueando apenas uma de suas sobrancelhas.

-Vai conhecer meus pais. - pisco algumas vezes quando ela não expressa nenhuma reação.- Eles estão ansiosos, mas eu garanti que vão gostar de você.

-Porque você garantiria isso?

-É impossível alguém não gostar de você. - ela realmente ri.

-Pelo menos conseguiu entregar os modelos da Campanha?

-Porque eu deveria te falar? Somos concorrentes.

A vejo puxar o ar para discutir e sorrio, apontando com a cabeça para o balcão, que já abrigava uma atendente livre.

Foi Maya que expôs a situação, ouvindo muda enquanto a funcionária explicava com um sorriso que não podia trocar as passagens por falta de lugares no avião das 15hrs, por conta da movimentação maior de pessoas que acontecia na véspera da véspera de Natal. Apenas suspiro enquanto Maya puxa fôlego e começa a falar com a mulher, não sendo necessariamente rude, mas expondo a sua opinião sobre como ela deveria trabalhar para nos dar soluções, não simplesmente dizer o que não era possível.

O sorriso da atendente já não era mais visível quando Maya cruzou os braços e disse que só iria se mover quando tivesse uma saída para o nosso problema. E eu apenas me recostei na bancada de atendimento, alternando meu tempo entre brincar com as alças das malas e puxar o cabelo de Maya, que estava preso em um rabo de cavalo

Especial de Natal: EpílogoOnde histórias criam vida. Descubra agora