Ia com a intenção de tomar um banho relaxante, entrei na casa de banho, dei alguns passos e olhei para o jacuzzi, pus a água a correr quente, liguei os jatos para encher mais depressa. Comecei me a despir, e à medida que a roupa se afastava da minha pele, os meus pelos arrepiavam-se e a minha epiderme levantava os poros. Soltei o elástico que tinha a prender o meu cabelo e descalcei os chinelos que havia trazido nos pés, entrei na banheira. Conseguia sentir os meus músculos a descontrair, cobri o meu corpo de água, era como se estivesse por baixo de uns cobertores aconchegantes... Mas o barulho silencioso que pairava sobre a casa começava a irritar os meus pensamentos e nesse instante comecei a lembrar me dos dias anteriores, das conversas que tinha escutado, dos sentimentos que me destruiram a alma e acabei por ir arrastando o meu corpo até à minha cabeça ficar submersa pelos cobertores de água que me prendiam àquela banheira. Suspendia a respiração para me aguentar lá debaixo, abri os olhos e vi tudo turvo, voltei os a fechar, mas senti um ardor quente de lágrimas que tentara deixar cair. Dei balanço e subi daquela sauna que se tinha tornado num inferno pelas recordações que me havia trazido. Apoiei as mãos na borda da banheira para me tentar equilibrar sentada, senti a água a correr pela cara abaixo apesar de já não saber se eram lágrimas ou apenas água do banho.