PRÓLOGO

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Changkyun andava de um lado para o outro, um hábito adquirido em anos ao qual se dedicava à aprender como ser um bom governante. Estava nervoso e precisava pensar, visto que aquilo era a única coisa que nunca havia estudado ou aprendido sobre.

Vejamos, comandar frotas não era nada de outro mundo; organizar eventos diplomáticos era simples; fazer discursos e debates era um forte, assim como a luta de espadas; Im se sentia confiante no que fazia, além de também gostar, mas tudo que é bom demais, poderá e irá piorar de alguma forma.

E era exatamente isso que estava acontecendo agora.

O príncipe estava treinando com alguns poucos soldados da guarda real quando um dos mensageiros avisou-lhe que a rainha e sua mãe queria o ver. O loiro não demorou muito à se trocar e seguir à sala do trono, local onde sua mãe deveria estar no horário.

─ Boa tarde, Majestade. ─ fez uma breve reverência e riu quando encontrou a careta da matriarca. Ela odiava quando pessoas próximas eram formais consigo e odiava mais ainda quando o próprio filho o fazia de propósito, apenas para lhe irritar.

─ Você não tem medo da morte mesmo, rapazinho. ─ ela o disse com um olhar de raiva, mas que ambos na sala sabiam que também não passava de uma brincadeira.

Changkyun poderia se orgulhar de muitas coisas, como todas as suas vitórias no campo de batalha, mas não tinha dúvidas que sua relação com sua mãe era a coisa do qual mais se orgulhava. Sabia que nem todos tinham uma boa relação com suas matriarcas, e sabia também que nada enfraqueceria a relação dos dois.

─ Enfim, por que mandou me chamar?

─ Preciso lhe contar uma coisa... ─ o sorriso da rainha diminuíu, embora ainda estivesse presente e o moreno assentiu para que esta continuasse. Ela se perdeu por alguns segundos, observou o primogênito com as vestes reais brancas com os detalhes vermelhos, a postura impecável com ambas as mãos em suas costas, a franja caindo por sobre seus olhos. Ela tinha muito orgulho do homem que seu filho se tornou. ─ Você lembra de quando começou a se preparar para ser rei? - ele assentiu, embora ainda confuso por não saber onde sua mãe queria chegar. ─ Lembra da frase?

─ Todo rei tem como responsabilidade pôr o povo acima de seus próprios interesses e prazeres. Todo rei tem como obrigação garantir a paz e proteção de seu povo. ─ ela sorriu mais uma vez com os olhos marejados. ─ Mãe, onde a senhora quer chegar?

─ Eu e alguns conselheiros estávamos conversando sobre paz. Uma palavra tão pequena que nos significa tudo... ─ ela deu mais uma pausa, sentando-se à mesa e fazendo sinal para que o loiro sentasse-se ao seu lado. Este fez logo o que foi pedido, não estava mais aguentando tanta enrolação de sua mãe. ─ Debatemos por horas, e percebemos que o Reino do Sul é forte demais para nós. Dependemos muito de lá, e após a morte de seu pai, nossa relação com eles se fragilizou, então o melhor para garantir a paz é um.. casamento. Você precisará casar-se com a princesa Yoo. ─ ela disse com pesar. Achava extremamente antiquado um casamento arranjado, mas, infelizmente, era isso ou perder seu reino para o vizinho.

Changkyun não disse nada por um tempo, apenas procurou qualquer vestígio de brincadeira nos olhos de sua mãe e, depois de muito procurar, concluíu que era verdade. Ele entendia seu dever, e sabia que se houvesse outra alternativa, sua mãe não estaria ali lhe contando isso.

─ Eu vou para o meu quarto, preciso absorver isso.

─ Me desculpe...

─ Não é culpa sua. ─ respondeu com um sorriso forçado, tentando, em vão, amenizar a culpa que a mais velha sentia.
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O moreno ajeitou seus cabelos mais uma vez antes de bater na superfície de madeira escura para logo em seguida pôr as mãos no bolso da calça. Seus pais o matariam se o vissem daquela maneira tão relaxada, mas não havia mais ninguém no corredor e Kihyun estava com as costas doloridas depois de tanto tempo em uma reunião com seu pai. A porta abriu devagar e ele pôde ver sua irmã com uma expressão surpresa.

─ Ki? Não era para você estar em uma reunião? ─ ela indagou, lhe dando espaço para entrar.

─ Acabo de sair de lá. ─ o homem adentrou o quarto e sorriu ao ver o quão organizado estava. Da última vez em que esteve ali, sua irmã e a dama de honra haviam bagunçado tudo enquanto se arrumavam para um jantar diplomático.

─ Vamos lá, não seja tão formal com sua própria irmã, boboca.

─ Boboca? Está andando demais com Hoseok. ─ ambos riram com o comentário. De fato, "boboca" era um xingamento bastante usado pelo Lee. ─ Você está bem?

─ Como assim? ─ a Yoo indagou fingindo não saber do que se tratava e sentou-se em sua cama, batendo ao seu lado para que o irmão fizesse o mesmo.

─ Você sabe. Consegue enganar o pai e a mãe, mas não consegue me enganar. Te conheço como a palma da minha mão, sua anã. ─ Kihyun mostrou a palma da mão, levando um tapa da irmã mais nova após ter pronunciado o apelido.

─ Eu só acho isso tão injusto. Se querem a paz, assinem o contrato, não tem porquê envolver um casamento nisso. ─ o sorriso brincalhão desapareceu do rosto da mulher e a mesma abaixou a cabeça, encarando o carpete azul-marinho.

─ Eu concordo. Mas você sabe como nossos pais são tradicionais. ─ Kihyun era ótimo em muitas coisas, aconselhar seus entes queridos não era uma delas.

─ Infelizmente sei. ─ um silêncio pendurou no ambiente, o qual durou alguns minutos quando o mais velho segurou o rosto de sua irmã com as duas mãos, a fazendo olhar para si.

─ Jeong, eu te prometo que vou fazer o máximo para que isso não aconteça. Vou achar outra maneira de haver paz, sem envolver seu futuro e sua felicidade. ─ ela sorriu, e ali estava a única motivação que o Yoo precisava, o sorriso mais lindo que já tivera o prazer de ver. Ele deixou um beijo em sua testa e bagunçou os fios escuros da Yoo, que lhe fez uma careta para então rirem juntos.

Kihyun então deixou os aposentos alheios, respirando fundo quando já estava no corredor. Não fazia idéia de como cumpriria a promessa que acabara de fazer, apenas sabia que precisava. Não entregaria sua irmã mais nova e fonte de alegria para um homem qualquer, principalmente se ela não estivesse apaixonada.

Com estes pensamentos, passou a destra mais uma vez nos fios escuros, os tirando da testa, e ajeitou suas vestes reais, além de ajeitar a postura antes de seguir em passos firmes para a sala do trono, afinal, ainda haviam muitas questões diplomáticas esperando para serem resolvidas.

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