CAPÍTULO I

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Kihyun observava o sol nascer próximo às montanhas de seu reino. O vento gélido soprava forte, bagunçando seus cabelos e lhe causando uma sensação boa. Esqueceu por um breve momento o que lhe aborrecia, e que inclusive lhe tirou o sono.

Pensava e pensava, mas não conseguia chegar em nada certo para acabar com o casamento. Seu pai era extremamente tradicional e rigoroso, achava que o melhor para a filha e para o reino seria ela se casar com um bom aliado e usava paz como uma desculpa, quando na verdade apenas queria desposá-la. Seu sangue fervia em pensar no egoísmo do mais velho, ainda que o amasse, não era obrigado a concordar em tudo. Kihyun tinha seus princípios e próprios conceitos do que era certo ou errado.

─ O que lhe aborrece? ─ escutou a voz atrás de si e virou, dando um pequeno sorriso ao encontrar Minhyuk.

─ Por que acha que estou aborrecido? ─ voltou a se apoiar na madeira clara que cercava toda a varanda, vendo o Lee fazer o mesmo ao seu lado.

─ Eu sei que ver o nascer do sol lhe acalma de alguma forma. ─ Yoo sorriu novamente encarando o nada, seu melhor amigo o conhecia bem demais. ─ É por causa da Princesa? ─ assentiu e respirou fundo. Minhyuk percebeu que ele precisava falar sobre, então apenas encarou o nada junto do amigo e esperou até este tomar coragem.

─ Jeong sempre me ajudou com tudo, principalmente com nossos pais. Ela sabia que por eu ser o herdeiro era o mais cobrado, e mesmo quando ainda éramos crianças ela me defendia. Agora quando o futuro dela está em jogo, eu não consigo defendê-la. Sinto como se tivesse uma dívida com ela, e não acho que consiga pagar. ─ Yoo disse com pesar, aquilo tudo era um peso enorme para si. Aceitava de bom grado entregar sua própria vida, felicidade, futuro e qualquer coisa relacionada em favor de seu reino, mas não aceitava entregar sua irmã. Ela é seu bem mais precioso.

─ Hyun, você não pode se culpar por isso. A idéia do casamento não foi sua, a ameaça à paz não foi sua. Não é apenas sua irmã que lhe defende, inúmeras vezes você também a defendeu de seus pais, de outros líderes diplomáticos. Você acha que ela te deve por ter a defendido alguma vez? ─ o príncipe negou em um movimento de cabeça, ouvindo um riso soprado e curto do amigo. ─ Vocês não se devem nada, se defendem porque são irmãos e se amam, e não porque querem algo em troca.

─ Obrigado, Min. ─ ambos sorriram, e o Lee teve uma imensa vontade de bagunçar os fios escuros do mais velho como faziam quando eram crianças, no entanto, agora que eram adultos, os guardas não gostariam nada de ver alguém bagunçando os cabelos do futuro rei. E mesmo que soubesse que Kihyun não ligaria, preferia evitar qualquer mal entendido.

─ Agora vamos, você tem um jantar de boas vindas para organizar, e de quebra um casamento para impedir. ─ Yoo deu uma risada baixa, sendo acompanhado pelo melhor amigo, e então seguiram para a sala de jantar.

Changkyun observava a paisagem se movendo pela janela da carruagem. Sua mãe havia adormecido no meio da viagem e agora descansava em seu ombro. Com certeza ficaria um pouco dolorido mais tarde, mas se preocupava mais com o conforto da mais velha.

E enquanto esta dormia, Im podia pensar mais um pouco sobre tudo o que estava acontecendo.

Rejeitar nunca foi uma opção para o loiro, muita coisa estava em jogo para ele dar uma de adolescente mimado e recusar uma oferta de paz e aliança de um reino tão poderoso. Mas ainda assim, estava chateado. Antes de príncipe ou rei, era um humano, e por mais que tentasse reprimir certos sentimentos, uma hora eles viriam à tona.

E agora pensava em algo que nunca havia pensado antes. Se casar. Se casar com uma mulher.

Afinal, Im não era burro. Ele sabe de sua orientação sexual desde muito cedo, quando todos os amigos namoravam garotas e o loiro só conseguia pensar em um certo garoto de cabelos castanhos. Demorou para entender e para aceitar, mas ainda assim não mudaria o fato de que não poderia pensar em casar-se com alguém de seu mesmo sexo. Seu reino não era tão tradicional, mas homossexuais ainda não eram bem vistos pelo povo.

Tentou puxar o que sabia sobre sua pretendente, e lembrou apenas de elogios de como sua beleza se igualava à de uma deusa, sobre sua inteligência, bondade e sobre seu elo com o irmão. Ah, esse o Im não simpatizava muito.

Changkyun sempre ouvia o falecido pai elogiar o Yoo. Ouvia como tal era tão inteligente, astuto e esforçado para sua idade, sobre como seria um ótimo rei, bondoso, sábio. E o Im não sentia inveja, sentia apenas ciúmes. Achava que o pai gostava mais de Kihyun do que de si, e se arrependia amargamente de ter se afastado por conta disso.

Os pensamentos do príncipe foram interrompidos quando um cavaleiro de sua guarda real avisou que estariam passando pelos portões da cidade em poucos minutos.

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2020 ⏰

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