A perseguição

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Ser perseguido por demônios não é pra qualquer um. É preciso um motivo. De longe vi que esses demônios eram criaturas rápidas em corrida, não tinham asas. Eram quadrupedes, sem pele, estavam em carne viva e sangravam. Tinham o tamanho e a musculatura de Holtville's. Suas cabeças eram de bois com dentes pontiagudos, mas a parte de baixo da cabeça era idêntica e oposta com a de cima. Tinham dois olhos em cima, dois embaixo, duas orelhas em cima, duas em baixo. Eram quatro cães-demônio. Estava paralisado olhando, todos estes cães ensanguentados vindo em nossa direção, sem entender. Meu pai foi o único a agir, me puxou pelo meu braço, quase caí, e saiu me guiando pelas ruas escuras, correndo ao máximo. A melhor atitude a fazer naquela hora. O moletom ficou caído no chão. Tínhamos que usar tudo a nosso favor. Saiamos derrubando latas de lixo para atrapalhar nossos perseguidores que de momentos e momentos se aproximavam ainda mais. Virávamos para direita derrubávamos latas de lixo, virávamos para esquerda e derrubávamos mais lixeiras. Mas não funcionava. Eles eram rápidos. Olho para trás, em meio a nossa fuga, algo me chama a atenção. Os olhos dos cães-demônio... Não existiam. Eu via apenas orifícios, um buraco no lugar de cada um dos quatro olhos, cheios de varejeiras, que caíam durante a perseguição. Fiquei muito enojado. Comecei a sentir a minha pele esfriar, as pernas falharem e o meu estômago a revirar, senti a comida subir esôfago acima e, depois, descer várias vezes. Viro para frente para me concentrar na fuga, meu pai o tempo todo me segurava pelo braço. Vejo uma lata de lixo e me preparo para derrubá-la contra os cães-demônio, quando passarmos por ela. Mas não deu certo, esbarro em meu pai, ele parou de correr e eu percebi que ele olhava para cima e para os lados, inconformado. Ele olha pra mim e diz mesmo sem voz. "Sem-saída." Percebo fazendo leitura-labial. Volto a olhar para trás e vejo os cães-demônio que estão a poucos metros de distância. Preocupado com nossa situação olho para meu pai, olhos nos olhos e tomo uma decisão.

-Pai... Eu não vou te perder de novo. 

O Anel do DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora