Ser perseguido por demônios não é pra qualquer um. É preciso um motivo. De longe vi que esses demônios eram criaturas rápidas em corrida, não tinham asas. Eram quadrupedes, sem pele, estavam em carne viva e sangravam. Tinham o tamanho e a musculatura de Holtville's. Suas cabeças eram de bois com dentes pontiagudos, mas a parte de baixo da cabeça era idêntica e oposta com a de cima. Tinham dois olhos em cima, dois embaixo, duas orelhas em cima, duas em baixo. Eram quatro cães-demônio. Estava paralisado olhando, todos estes cães ensanguentados vindo em nossa direção, sem entender. Meu pai foi o único a agir, me puxou pelo meu braço, quase caí, e saiu me guiando pelas ruas escuras, correndo ao máximo. A melhor atitude a fazer naquela hora. O moletom ficou caído no chão. Tínhamos que usar tudo a nosso favor. Saiamos derrubando latas de lixo para atrapalhar nossos perseguidores que de momentos e momentos se aproximavam ainda mais. Virávamos para direita derrubávamos latas de lixo, virávamos para esquerda e derrubávamos mais lixeiras. Mas não funcionava. Eles eram rápidos. Olho para trás, em meio a nossa fuga, algo me chama a atenção. Os olhos dos cães-demônio... Não existiam. Eu via apenas orifícios, um buraco no lugar de cada um dos quatro olhos, cheios de varejeiras, que caíam durante a perseguição. Fiquei muito enojado. Comecei a sentir a minha pele esfriar, as pernas falharem e o meu estômago a revirar, senti a comida subir esôfago acima e, depois, descer várias vezes. Viro para frente para me concentrar na fuga, meu pai o tempo todo me segurava pelo braço. Vejo uma lata de lixo e me preparo para derrubá-la contra os cães-demônio, quando passarmos por ela. Mas não deu certo, esbarro em meu pai, ele parou de correr e eu percebi que ele olhava para cima e para os lados, inconformado. Ele olha pra mim e diz mesmo sem voz. "Sem-saída." Percebo fazendo leitura-labial. Volto a olhar para trás e vejo os cães-demônio que estão a poucos metros de distância. Preocupado com nossa situação olho para meu pai, olhos nos olhos e tomo uma decisão.
-Pai... Eu não vou te perder de novo.
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O Anel do Demônio
Horror"Meu nome é Rafael Menucci Belmiro tenho 19 de idade, mas sou órfão desde os meus 14 anos. Meus pais não morreram de acidente, nem de doenças. Seus órgãos vitais, simplesmente pararam. Um mistério, para ser franco. A morte deles não teve explicação...