Um Capítulo de Nós Dois

Ponto Final.

A festa de Sana havia acabado em muitas lágrimas.

Aquela homenagem de Noora e William, com participação de Isak, lida por Jonas, havia deixado Sana bem emotiva. Elias estava perambulando entre as pessoas com o celular na mão. Sana havia falado com Yousef mais cedo, mas Elias estava gravando a homenagem feita à Sana. Não era apenas pela recordação. Ele queria mostrar tudo a Yousef. Ele tinha que mostrar o quanto a irmã era preciosa, antes de implorá-lo para que ele nunca quebrasse o coração dela.

A maioria das pessoas havia ido embora, Sana se despediu de Jamilla e a abraçou quando ela murmurou um até logo. Era reconfortante ter a presença dela, por mais que as palavras trocadas fossem relativamente irrelevantes. A presença de Jamilla a acalmava, porque de certa forma Sana a compreendia. Mesmo que, eventualmente, ela achasse Jamilla mais centrada.

Depois ela caminhou até Isak. Ele estava mais afastado das meninas, que estavam começando a ajudar a limpar o jardim. Noora havia saído com William, levando Eskild e Linn. Elias, Mikael, Adam, Mutta, Jonas, Mahdi, Magnus e Evan estavam conversando num lugar mais afastado. Isak os observava de longe, enquanto bebericava do suco que a mãe de Sana havia pedido para que ele experimentasse.

Sana não falou nada a princípio. Porém, ela encostou-se ao lado de Isak e observava-os de igual modo. Ela sabia o que Isak estava pensando. Talvez, porque estivesse escrito no rosto dele ou, talvez, porque fosse uma situação clara. Mesmo distante era perceptível. Não era incomum que estivessem conversando, mas sempre aparecia algo a mais a ser visto.

Anteriormente, Even havia se desculpado com Mikael por tê-lo beijado e também se desculpou por ter-se afastado dos amigos. Não foi uma conversa longa, Yousef havia comentando que foi uma coisa rápida e mencionou que não achavam necessário ficarem presos nesse assunto, visto que já havia algum tempo que tinha acontecido. E, aparentemente, eles estavam bem.

O resto da história foi o próprio Isak quem havia comentado. Ele havia dito que Even os apresentou e ele até trocou algumas palavras com os garotos, embora ele não fosse lá de tantas palavras como Mahdi e Magnus, e até mesmo Jonas. Foi aliviante para Isak perceber que seus amigos e os de Even estavam se dando bem. Ele não queria pensar em nada que tenha acontecido antes de conhecerem-nos, embora se sentisse inseguro quando via Even e Mikael perto demais um do outro. E ele não queria que suas inseguranças interferissem nas escolhas de seus amigos de se aproximarem ou não, ou mesmo na decisão de Even de se reaproximar dos seus próprios melhores amigos.

No entanto, havia algo que estava mexendo com Isak naquele momento. Even e Mikael estavam muito próximos, e inicialmente isso era bom porque retomar a amizade com os garotos deixou Even muito feliz, e justamente por isso Isak não compartilhou sobre os ciúmes, sobre a insegurança e o medo que estava sentindo naquele momento – muito embora isso já tenha vindo à tona alguns dias antes quando Isak teve o nariz quebrado por Elias ao atacar Mikael.

Depois do fato, ambos – Isak e Even – conversaram sobre o ocorrido, mas foi uma conversa tão superficial que Isak não tinha certeza se algo naquela situação havia sido esclarecido de fato. Por outro lado, ele não achava saudável da parte dele exigir qualquer coisa que reprimisse Even e o levasse a perder essa felicidade que ele estava alcançando nos últimos dias. Ao mesmo tempo, vê-los lado-a-lado rindo um com o outro, enquanto Mikael, esporadicamente, tocava o braço de Even deixava Isak meio letárgico.

Sentiu a própria garganta secar ao assistir mais um toque de Mikael em Even, e aí Isak virou o copo de suco pela própria necessidade. Era verdade que não tinha uma gota de álcool algum naquele copo e, para ser sincero, álcool era a última coisa que Isak estava querendo naquele momento. Da última vez que se embebedou enquanto estava frustrado, acordou na casa de Eskild sem saber quem ele era de fato. E ele não teria Eskild sempre que precisasse – pelo menos, era nisso que ele acreditava veementemente.