Um Capítulo de Nós Dois

Travessão.

N/A: Está acabando, eu juro! Pouparei vocês de tanta vergonha alheia.

Esse capítulo eu tive que dividir em dois para não ficar muito grande, mas acho que o próximo está um pouco menor (e é o último \õ/).

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Naquela manhã, antes de ter ido até o kollektiv despejar tudo aquilo em Isak, Even havia pedido para Mikael ir embora. Não achava que ele tinha algum motivo para estar ali. E Mikael insistiu por ficar. Ele sabia que estava quebrando o primeiro conselho de Isak, sobre ser paciente e deixar Even decidir por si só. E era muito evidente que Even não o queria por perto. Contudo, tinha algo que ainda o incomodava bastante, não um incômodo que o fazia sentir-se sem espaço, era mais como uma pulga atrás da orelha. Ele precisava esclarecer e só Even poderia fazê-lo. O modo de Isak falar sobre eles, como se ele e Even estivessem juntos, quando nunca estiveram, mesmo depois daquela conversa na casa de Sana. Mesmo depois do seu rompimento com Isak.

Mikael estava aberto a conversar, mas Even nunca quis conversar sobre eles de fato. Alguns dias atrás, quando Mikael tentou puxar o assunto, Even foi claro e bem direto: "Eu amo você como meu melhor amigo e eu já estive confuso sobre o que eu sentia por você, mas agora eu tenho certeza. Desculpa, Mikael, eu não posso te corresponder!". Não foi bem uma conversa. E, para ser sincero, durou menos do que Mikael esperava. Mas não deixou de ser esclarecedora. De certa forma, ele estava feliz por Even ter dito. Porque era pior viver sem nunca ter ouvido, aquelas palavras eram como uma garantia que ele precisava.

No entanto, ele sabia que havia coisas que não se encaixavam. Na verdade, muitos pensavam o mesmo. Elias havia mencionado anteriormente, que Sana estava estranhando toda essa história, sobre Even ter rompido com Isak, sobre nunca ter iniciado um relacionamento com Mikael e, agora, sobre ter dito que não poderia correspondê-lo. Aparentemente, Elias e Yousef concordavam com Sana. E ele achava que havia perdido uma grande coisa valiosa no dia em que Even tentou beijá-lo e ele o rejeitou. Isso nunca aconteceria novamente, porque as coisas não eram mais as mesmas, muitas coisas se modificaram, inclusive o coração de Even. E Mikael não odiava Isak por ser o motivo, ele sabia que todos os envolvidos não tinham como controlar os próprios sentimentos, caso contrário ele mesmo optaria por outro caminho. Ele havia tido a chance dele e a jogou fora.

Por isso, o incomodava estar no meio de Isak e de Even, como se fosse a parede que os separava. Era como ele se sentia, um grande muro posto entre os dois. E não gostava nada de se sentir assim. Em contrapartida, ele não reclamava sua posição, pois ele estava tentando mudar a mente de Even. Embora soubesse que era inútil, porque agir como Isak, fazer o que ele fazia, falar o que ele falava, não o tornaria, realmente, Isak. Ele só estaria tentando ocupar um lugar que não era dele, usurpando, tapando um buraco. E Even não parecia interessado num remendo. Mikael sabia que não era o suficiente, que Even precisava de Isak. Apenas Isak.

– Eu vou embora, mas eu quero que você me responda uma coisa antes – suspirou, encarando as costas de Even, que até então estava virado para o outro lado.

Mikael estava sentado numa cadeira ao lado da cama. Even havia passado muito tempo naquela posição. Demorou aproximadamente cinco minutos para respondê-lo, e ele quase acreditou que não teria a resposta que buscava tão prontamente. Mesmo assim, ele permaneceu no mesmo lugar, porque ele sabia que isso poderia levar algum tempo. Ele não tinha pressa. Talvez, Even tivesse.

– O que é? – finalmente, a voz de Even se fez ouvida, embora muito baixa e rouca pelo desuso.

– É sobre o Isak.