1. trying to help my sister

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Minha irmã não iria desistir até que eu dissesse que iria com ela, essa é umas das características da Emma: insistir e encher nosso saco até a gente fazer o que ela quer.

- Tudo bem, eu vou com você!

- Eu te amo! Não posso acreditar que vou ao show dos meus amores! 5 Seconds of Summer, aqui vou eu! Você vai ver Melanie, eles são legais, você vai gostar, tenho certeza!

- Tá, agora, eu posso ficar em paz aqui no meu quarto? - abri a porta do quarto para que ela me deixasse sozinha, eu tinha acabado de chegar do trabalho e precisava descansar um pouco. Eu trabalhava como garçonete num restaurante chique no centro de Londres, de manhã cedo até de tarde, não era o trabalho dos meus sonhos mas o horário era bom e ganhava um dinheiro razoável.

Emma estava me infernizando fazia três dias para que eu fosse com ela no show desse tal de 5 Seconds Of Summer e também no Meet & Greet. Minha mãe não deixou a Emma ir sozinha por achar ela muito nova para um evento assim, então eu era a única alternativa dela. Não sabia muita coisa sobre essa banda, apenas que eles eram da Austrália.

Fiquei ali no meu quarto e coloquei um episódio de Friends pra assistir. Eu conseguia ouvir os gritos de alegria da minha irmã vindo da sala.

- Melanie! - Mary chamou por mim na sala. Ela era minha mãe, embora ela não me considerasse filha dela mais. Eu era apenas a irmã da Emma, a garota que ocupava um quarto na casa e ajudava nas contas.

- O que? - respondi indo até lá.

- Vai lá com a sua irmã comprar esse ingresso. Pega aqui o cartão e vê se consegue parcelar! – ela disse. Pelo seu tom de voz estava irritada, como todo dia.

- Ok - respondi. Eu voltei ao meu quarto peguei minha bolsa, calcei meu All Star, por sorte, já estava arrumada.

Saímos para pegar o carro na garagem e fomos. Meu carro era velho pra ser sincera, mas estava ótimo pra quem comprou com o próprio dinheiro.

Estava muito frio em Londres, o que fez eu me arrepender de não ter pegado um casaco mais quente. Seguimos até o local onde iriamos pegar os ingressos e Emma não parava de falar no caminho todo como estava animada.

Assim que estacionei o carro na vaga, minha irmã saiu correndo para a bilheteria. Não havia ninguém na fila, ainda bem, saí do carro e fui atrás dela. Aquela banda de alguma maneira animava minha irmã, foi bom ver que ela realmente estava feliz com aquilo tudo, Emma precisava dessa alegria na vida dela depois de tudo que aconteceu.

- Dois ingressos para o show da 5 Seconds Of Summer, por favor. E, também, dois pro meet & greet e se puder parcelar também. - pedi para o cara da bilheteria, na verdade, para o senhor da bilheteria. Ele parecia ter uns 60 anos e tinha cabelos brancos. O senhor disse o preço e eu lhe entreguei o cartão, digitei a senha e logo ele me deu os ingressos.

- Obrigada - agradeci.

- Aproveitem o show.

Era legal saber que eu estava realizando o sonho da minha irmã, muito dos meus sonhos não foram realizados e digamos que a nossa vida não foi uma das melhores. Parecia que eu estava devendo isso a ela já que acabei tirando da nossa vida uma pessoa importante: nosso pai.

Quando entreguei os ingressos para Emma ela pulou de alegria e me abraçou.

- Esse é o seu! – ela me devolveu o ingresso para o show e para o acesso ao M&G. Ia guardando eles na bolsa quando vi o que estava neles: a data e o horário.

- EMMA, MAS O SHOW É AMANHA! – disse gritando, algumas pessoas que estavam na rua começaram a olhar pra mim com cara feia.

- Sim – ela disse com a maior calma do mundo. Como ela não me disse nada e estava com essa calma toda?

- E por que não me disse? – eu perguntei.

- E isso importa? – Emma deu de ombros.

- Claro! E se eu tivesse compromisso?

- Você não tem compromisso, tenho certeza.

- Só que eu tenho.

- MEU DEUS, COMO ASSIM?

- Lembra que eu estou querendo me mudar faz tempo de casa? Então, eu ia falar com o cara da imobiliária amanhã!

- Pede para ser hoje – ela respondeu, Emma poderia estar certa. Talvez, o cara aceitasse. Então, peguei o celular e liguei.

Por sorte da Emma o cara disse que não haveria problema e que ele estava sem compromisso no momento. Porém, teria que ser naquela hora.

Pegamos o carro e fomos direto para a imobiliária. Percebi que ela havia ficado meio triste depois que falei sobre o apartamento, talvez ela achasse que mais uma pessoa a deixaria, mas não era isso. Eu só queria ter meu próprio espaço, meu lugar, eu não estaria deixando ela e há muito tempo eu queria sair de casa, agora que eu posso, eu vou. E outra: nem mudar de cidade eu ia, continuaria em Londres só que em outra casa.

Depois de longos 30 minutos de puro silêncio na sala de espera, o cara da imobiliária, Jeremy, apareceu. Aquela sala era triste, as paredes eram beges e só tinha um sofá grande, eles poderiam, pelo menos, colocar uma TV ou revistas.

- Tudo certo então. Aqui estão as chaves. – ele disse me cumprimentando e dando as chaves. Então, era isso, agora eu tinha minha própria casa finalmente.

O caminho de volta também foi apenas silêncio.

- Obrigada por ir comigo ao show! – disse Emma quebrando aquele silêncio assustador. Sempre tive medo do silêncio, sempre que se tinha ele achava que algo estava errado.

- De nada. Pensei um pouco e acho que te devo isso. – disse.

- Você não me deve nada. Não vou mentir, no começo, fiquei chateada, achava que tudo foi sua culpa, mas hoje eu sei que você estava certa – ela disse, ainda abraçando sua bolsa onde estavam seus ingressos.

- Você não está chateada que eu vou pra outra casa, né? – disse e dei uma pausa, a gente precisava falar sobre minha mudança – Sabe, lá é bem legal, é uma das casas do pai então eu consegui conversar com o Jeremy e ele me deu a chave, a Mary não sabe dessa parte ainda e...

- Olha, está tudo bem, é só mais um que vai embora – ela me interrompeu antes que eu pudesse terminar de explicar. Nós nunca tínhamos falado sobre "aquele assunto do nosso pai". Talvez, ela ainda não estava pronta. Talvez, nunca estaríamos prontas para realmente conversar sobre isso.

Eu não sabia o que responder a ela. Não queria que ela sentisse que estava lhe abandonando, mas eu simplesmente não conseguia encontrar as palavras certas. Mesmo minha irmã entendendo que eu só queria o bem de todo mundo, no fundo eu sabia que ela ainda achava que eu era a culpada de tudo e, provavelmente, a Mary achava a mesma coisa. Queria que chegasse logo esse show, pra chegar o dia que me mudaria, pra chegar logo a noite desse dia e eu pudesse ir a alguma boate, balada ou algo assim pra esfriar a minha cabeça.

Quando chegamos em casa, Emma foi logo mostrar os ingressos pra Mary e lhe dar um abraço. Eu devolvi o cartão pra ela.

- Deu tudo certo? – Mary perguntou.

- Sim. Compramos os ingressos e eu peguei as chaves da minha casa. – respondi.

- Quando você vai?

- Vou levar minhas coisas pra lá no dia depois do show.

- Ah. Filha mais um que nos deixa – disse ela pra minha irmã, que já estava saindo da sala. Mary não perde uma oportunidade de esfregar essas coisas na minha cara, ela sempre foi assim desde o que aconteceu, ela se tornou uma pessoa amarga e isso piorou ainda mais o nosso relacionamento. – Você pode levar tudo que está no seu quarto, não me importo. – ela se dirigiu a mim.

- Obrigada. – respondi.

Quando entrei no meu quarto, Emma estava lá mexendo nas minhas roupas.

- Você vai com essaroupa no show! E acorde cedo! – ela disse e saiu do quarto. Ela deixou umasroupas em cima da cama, até que ela tinha bom gosto para roupas.

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