Minha Vida Invertida

Capítulo 33 - Só fica estranho

Alice:

Já se passaram algumas semanas desde o meu "despertar". Eu recebi alta do hospital um dia antes do aniversário de Noah e Chloe, o que eu considero muita sorte, pois não queria perder isso por nada, eles estavam fazendo 15 anos. Além do mais, várias pessoas estavam sumindo na cidade, o que não era boa coisa, então eu queria aproveitar ao máximo com todos eles.

Nós decidimos que seria legal dar uma volta pela cidade de bicicleta. Eu não sei andar de bicicleta, então fui na garupa de Noah.

Foi quando passamos na Brite Ave que eu vi algo que me chamou atenção. Era apenas uma casa velha (abandonada eu diria), mas o queme chamou a atenção foi o seu número: 5972, eu não sabia o porquê aquilo me parecia familiar.

- Hey galera. Parem aqui por favor. - pedi, e todos obedeceram.

- O que foi Ali? - Millie perguntou.

- Esse número, alguém já me disse ele antes.

- Ah, mas é um número comum, afinal... eu detesto essa casa. - Chloe disse.

- Por quê?  - Sadie perguntou.

- Porque ela é literalmente assombrada. - Noah disse - desde a nossa infância nosso pais costumavam botar medo na gente, acho que eles não queriam que nós chegássemos perto dela, e com razão.

-Por quê?  - rebati.

- Porque todas as pessoas que moraram nessa casa morreram, e todos que foram explorar, acabaram gravemente feridos. Fora que coisas estranhas sempre aparecem por aqui, como aquele coelho com chifres.

Enquanto Noah falava sobre a casa eu fiquei a contemplá-la, até que um pensamento repentino surgiu em minha cabeça.

- Temos que entrar nela.

-Que!? Você tá maluca Alice!? - Sam disse - Ele acabou de dizer que a casa é maldita, e você quer entrar lá!?

- Eu tenho que entrar lá, algo me diz isso.

E antes que alguém fizesse qualquer coisa, eu desci da bicicleta e corri em direção à casa.

- Lili! - Noah gritou e veio atrás de mim.

Quando eu abri a porta da casa Noah segurou a minha mão e me puxou:

- Lili, é muito perigoso, eu acho melhor que a gente fique aqui.

- Mas eu tenho que entrar, algo me diz que isso vai me responder várias perguntas que eu tenho.

-Como por exemplo...?

Eu pensei, e concluí que não sabia o por quê,  mas eu tinha que entrar e isso iria esclarecer algo realmente importante para mim.

- Eu não sei explicar, mas eu tenho que entrar.

- Então se for pra você entrar - ele olhou meio desconfiado pra casa e continuou - eu vou entrar com você.

- Certo. - eu olhei pra ele como quem agradece.

Nós entramos na casa, e eu pude ouvir os outros nos chamando lá de fora, mas nós seguimos em frente, como se não estivéssemos escutando eles.

Acho que o que eu mais gosto em Noah é o fato de ele estar sempre do meu lado, até em momentos perigosos como esse.

Nós adentramos a casa, ela era bonita, porém estava cheia de teias de aranha e várias camadas de poeira sobre os móveis.

- Viu, não tem nada aqui Lili. - Noah disse olhando para a escada que levava para o segundo andar.

Eu acompanhei o olhar dele e disse:

- Lá em cima. Tem algo lá.

Noah engoliu em seco e nós subimos. O andar de cima era bem iluminado, diferente do andar inferior. Haviam galhos das árvores que entravam pelas janelas, pelos aparentes anos sem uma poda descente.

Nós seguimos o corredor, até que involuntariamente eu entrei em um quarto. Era um quarto comum: cama, penteadeira, guarda-roupa, escrivaninha, etc. Logo notei que sobre a escrivaninha havia um livro velho e cheio de papéis avulsos. Fui atraída por aquela figura queparecia se encaixar perfeitamente nos filmes. Parei em frente a ele e fiquei observando.

- Lili, você está bem? - Noah perguntou com uma voz preocupada.

- Claro, claro.... acho melhor a gente ir, não tem nada aqui realmente. - eu disse pegando o livro e guardando na minha mochila.

- Tá, mas se não tem nada aqui, por que você está pegando esse livro? - ele disse rindo.

- Ah, sei lá, ele me chamou a atenção. - eu disse dando de ombros.

Nós saímos da casa e encontramos nossos amigos com um ar de extrema preocupação.

- Seus manés, o que passou pela cabeça de você para entrar lá dentro!? Vocês estão loucos!? - Caleb disse nervoso.

- Tudo o que eu pensei foi em não deixar Alice entrar lá dentro sozinha, mas o que ela pensou eu não sei.

- O número da casa me pareceu importante, me fez lembrar de algo que... - parei e me esforcei, mas não consegui me lembrar - não lembro, mas me atraiu.

- Pelo menos vocês estão bem, pelo tempo que vocês demoraram nós achamos que algo grave tinha acontecido. - Sam disse enquanto se aninhava nos braços de Gaten.

- Pera, como assim  "pelo tempo que a gente demorou"? Nós não ficamos nem 20 minutos dentro dela! - eu disse confusa.

- Na verdade se passaram duas horas. - Vinícius disse em um tom lento.

- Impossível! Nós ficamos apenas olhamos o primeiro andar, subimos as escadas, entramos em um quarto e voltamos. Se nós ficamos uns 15 minutos lá dentro foi muito. - Noah disse atordoado.

- Cara, nós infelizmente estamos falando a verdade. - Finn disse olhando para nós.

- Bem... não sei o que aconteceu, mas aconteceu. Agora acho melhor a gente ir fazer alguma coisa mais divertida do que ficar vendo casas velhas e assombradas. - Sadie disse revirando os olhos e todos riram.

Nós então seguimos o caminho até chegar no shopping, nós fomos ao cinema assistir Malévola 2, pois todas as outras seções estavam lotadas.
Voltamos pra casa no fim da tarde e a Sra. Schnapp questionou nossa demora que foi bem respondida com uma desculpa da Millie: " Ah, nós nos divertimos tanto que nem vimos o tempo passar".

•••

Acordei e era uma sexta-feira fria e infelizmente, eu tinha que ir pra aula. Peguei então um suéter listrado e botei por cima de uma camisa azul, coloquei um jeans largo e peguei meu novo All Star laranja (presente que Noah me deu assim que voltei do hospital). Meu cabelo que estava na altura dos ombros, agora se encontravam no meio das costas, devido ao tempo sem corte. Ele estava me incomodando, mas não havia nada que eu pudesse fazer.

Desci e encontrei todos à mesa já tomando o café da manhã, peguei duas panquecas e comi. Então fomos todos para a van e seguimos para a escola.

Chegando lá eu não podia ter imprevisto maior do que encontrar Claire no corredor e já receber uma provocação.

- Ora, ora, ora. Vejam só se não é a Bela Adormecida. Teve um bom sono milady?

- Claro que tive. - respondi com ar irônico.

- E qual seria esse sonho maravilhoso? - ela perguntou rindo para suas amigas.

- Que você tinha sumido da face da terra. Pena que acordei e me deparei com seu fantasma né? - eu disse e Chloe abafou uma risada e saímos para nossas aulas.