mar mediterrâneo

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Um rosado, jovem e alto, estava no topo de uma colina de pedregulhos e alguma grama sob as botas de couro de bisonte. O vento frio açoitava o seu rosto, mas não o incomodava. Fixou os olhos no alvo e esforçou-se para ver apenas isso, deixando o garoto distraído que era para trás. Uma raposa ruiva, destacando-se entre a folhagem pouco densa das oliveiras, fungava e procurava por coelhos escondidos nas tocas.

Mais de cem metros, o tipo de alvo que Guildartz nunca conseguira acertar e que ninguém do Clã Dragon havia acertado antes. Sendo o mais novo e leve dentre eles, provar-se o melhor no uso individual era um marco importante. Isso o deixava ainda mais determinado.

Natsu Dragneel.

Filho adotivo de Guildartz, era o melhor em todas as armas, mas, por ser muito novo e tendo poucos músculos, não conseguia ir muito longe e ninguém o levava a serio. Ouvira muitos guerreiros queixarem-se dele ao seu pai, durante os primeiros anos.

- Ele vai morrer logo, olha para ele, pele e ossos.

- O cabelo dele é estranho, deve ser um espião. Matamo-lo!?

- Como ele pode ser tão bom, não achas isso estranho?

- E aquela marca no braço dele? É feitiçaria?

Era o que diziam. Mas o seu pai não ouvia, mas também não o defendia.

Muitas vezes esperavam que ele dormisse e começavam as queixas. Eram tantas que, numa madrugada, depois de não conseguir dormir pelas intermináveis ofensas que o bombardeavam, Natsu acordou antes do Sol - algo que não era comum - e foi caçar. Quanto o Sol brilhou o céu, acordando o clã todo, surpreenderam-se ao ver o pequeno rosado chegar no barco de pesca com dezenas e dezenas de pequenos atuns. Pescar era difícil. E para uma criança de nove anos, era um dado impossível... ate aquele momento.

- BRUXARIA! - clamaram alguns.

A marca que Natsu tinha era a marca da Dragão Do Sol: todo ele vermelho, em símbolos tribais que acabavam por formar a cabeça e o torso de um enorme dragão vermelho e brilhante. Quando muito irritado, ele expelia fogo pela marca, mais um motivo de desconfiança no clã que nunca o considerou como membro ou como filho do chefe.

Mas, agora, concentrava-se na raposa ruiva.

A pele era bonita e muito cara. Era um dote extravagante para muitas meninas no Reino de Erik, o vermelho. Por isso, seguindo o concelho do pai, pegaria o máximo de raposas que conseguisse ate aos vinte anos e, assim, teria um dote gordo para desposar alguma menina rica e ter uma velhice boa. Pelo menos era isso que os deixava pensar.

Natsu queria encontrar a irmã volta.

A sua irmã gémea.

Foram separados muito cedo, mal se lembrava dela, mas sabia que tinha cabelos como os seus e que fora raptada por alguém do mercado de escravos. Sabia que ela ainda estava viva, por isso, venderia todas as peles e compraria a liberdade da irmã. Depois ele se preocuparia em construir um dote para ela, casa-la com um jovem abastado e dar a ela uma velhice confortável.

Então, de olhos no seu premio, pressionou o gatilho da sua besta de madeira e, um segundo depois, vê o animal cair morto. Não hesitou. Não vacilou. Nem sequer sentiu pena do animal. Pena era o que duas crianças de três anos deveriam despertar em adultos. Mas isso não aconteceu e, por isso, agora vivia em busca da sua fraterna.

O seu tigre de bengala correu para o animal e o trouxe entre as mandíbulas preenchidas de dentes afiadíssimos. O felídeo andou e largou aos seus pés. Fez uma festinha e agradeceu. A mascote do clã era Akamaru, um enorme cão de caça, mais um motivo para desgostarem do rosado, uma vez que o seu tigre e o cão estavam sempre em guerra.

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