"Jungkook não tem ninguém alí"
"Fantasmas não existem"
"Você é estranho"Estás e entre outras, foram uma das frases mais ouvidas por mim, tanto na escola, quanto em casa.
Eu nunca tive ninguém para me apoiar, minha irmã mais velha, Junglee sempre ligou apenas para sua beleza incomum, como ela mesma sempre diz, não tendo tempo para mais nada, a não ser, festinhas, amigos, redes sociais e entre outros. Minha mãe uma médica super famosa, mau para em casa, e praticamente mora no hospital. Mas seja ela quem for, mesmo não estando presente, é sempre meu orgulho, salvadora de vidas. Meu pai é um político, joga limpo em seu trabalho, mas sujo com a própria família, somos tão afastados assim por influencia dele, que preferiu trabalho do que um, apenas um almoço em família, zelando sempre pela sua imagem tão importante na frente das câmeras, e esquecendo a sua como pai.
Isso me afetou, mas apenas no início, até eu conhecer os personagens da Marvel e literalmente me enfiar no meu quarto, e só sair de lá quando tiver assistido ou jogado cada coisa nova que envolvesse os meus super heróis.
Escola, como passei por muitas, nunca fui de fazer amigos, além de ser ruim de papo e tímido ao extremo, eu me mudava frequentemente, tendo assim que trocar de escola com frequência.
Eu gosto dos heróis da Marvel, porque posso acreditar que ver fantasmas é um super poder que apenas eu tenho, e que poderei salvar o mundo algum dia como eles.
Mas do que adianta ser um herói e ter que manter seus poderes no maior sigilo possível? não vale de nada.
Mas cresci sendo pressionado a entender que essas visões são coisas da minha cabeça, mas passou tempo o suficiente pra mim reconhecer esse tipo de poder sobrenatural, e tudo que eu posso fazer por mim é fingir não vê-los e evitar qualquer tipo de contato físico ou visual.
Nessa casa em que estou morando no momento á um fantasma um tanto diferente, onde eu não consigo fingir não vê-lo e muito menos não senti-lo.
— Thor... — Adentrei o quarto rapidamente chamando pelo cão e joguei minha mochila na cama, sem mais delongas me ajoelhei no chão, permitindo que o meu cachorro-fantasma subisse em minhas coxas pra mim acariciá-lo, enquanto ele foliava sem parar. — Como 'cê tá meninão...? — Indaguei esfregando seus pelos rasos, como resposta ele esfregou lentamente seu nariz seco em meu braço.
Thor tem cerca de 7 anos de morte, sua morte fora algo brutal naquele lugar, por incrível que pareça, quem o matou foi uma criança encapetada.
Como eu sei do tempo de morte dos fantasmas? Bom, isso é um dos meus poderes, quando faço algum tipo de contato físico novo com a alma que está de alguma forma vagando, ela me dá a liberdade de saber um pouco mais sobre si, como se aos poucos os toques fossem transmitindo a confiança e liberando um pouco do passado trágico que o levou até alí.
Eu descobri esse novo poder ao ter o primeiro contato físico com Thor, quando o toquei tive um choque de flashback, assim como eu nomeei, eu vi aquele indefeso animalzinho ensanguentado no chão e quando voltei a realidade meu corpo foi arremessado a parede e minha garganta queimava como se eu tivesse esquecido como se respirava ou estivesse sendo enforcado.
Analisei calmamente a feição do cãozinho assustado e foi aí que eu percebi que ele era um Cachorro-fantasma, e aquela nova experiência aleatória que eu tive ao toca-lo seria mais um de meus poderes que eu nunca tive a chance de utilizar, e fora descoberta recentemente.
Fui tirado de meus devaneios ao ouvir aquela voz estrondosa, buscando ser audível o suficiente.
— Jungkook — Vociferou Junglee possivelmente de seu quarto, e os gritos foram se adaptando com o seu andar cada vez mais próximo de meu quarto.
A porta se abriu com violência e a feição ruborizada da maior, era de assustar, mais um pouco sairia fumaça de suas narinas.— Eu não peguei seu laptop — Respondi antes mesmo de uma pergunta irônica. Ela fechou a porta atrás de si, e com os braços cruzados tombou seu corpo para trás apoiando-se na porta, um bico do tamanho do planeta terra e olhos marejados.
— Tá fazendo oque no chão? estranho! — Falou Junglee me olhando de relance, mas rapidamente voltando a sua feição anterior, olhar focado na parede ao seu lado e agora sua destra apoiada a ela. — Já sabe da nova? — Indagou-me com seu olhar incrédulo, dei uma negada me levantando do chão enquanto dava leves batidas nas pernas para tirar a poeira e me sentar na cama. — Vamos nos mudar — Falou com seu tom áspero, fechou seus olhos com força e apertou os punhos
— E qual a nova? — Questionei fraquinho arrumando meu travesseiro onde Thor agora se ajeitava sobre.
As vezes me questionava se seria possível Junglee ver as mesmas coisas que eu, mas não, veja só... Thor está ao meu lado ajeitando-se para descansar e ela nem sequer olha para o travesseiro atrás de mim.
Mas eu já deveria ter me acostumado... às vezes oque eu vejo, quase ninguém vê. A real, será que alguém vê?
— Engraçadinho. Sabe o pior? — Me Questionou se preparando para responder — É que além de eu ter acabado de me enturmar na escola nova, vamos voltar para Busan aquele lugar chato e tedioso — Completou, pela primeira vez falando algo que me animou bastante.
— Busan? — Perguntei entre sorrisos.
— Aí, qual é o seu problema estranho? — Esbravejou abrindo a porta com força e logo abandonando meu quarto, sumindo de minha visão.
— Busan? — Mormurei ainda encarando o chão — Thor, nós vamos nos mudar para minha cidade natal, Busan. — acariciei levemente seu pelo e me animei ainda mais pelo simples fato de poder reencontrar lá, quem sabe alguns amigos de infância. — Busan... — Mormurei sorridente, mas quando fitei Thor me incomodei com aquela sua feição triste. — Não precisa ter medo, eu ainda vou continuar sendo seu amigo, o seu melhor amigo, garotão...
(•••)
Não demorou até Junglee implicar com meus pais pela mudança, e fazer seu drama de greve de fome, faltar nas aulas e até mesmo se trancar em seu quarto por dias. Mas ela foi a primeira a colocar as coisas dela no caminhão, enquanto eu ainda bolava um plano de levar Thor comigo, se é que é possível.
Rodava de um lado para o outro no pouco espaço que agora havia em meu quarto pelas caixas por todo lado, fitava Thor me encarando com sua cabecinha tombada para o lado e orelhas atentas a qualquer outro som ou movimento brusco.
— Você precisa vir comigo, será que é possível? — Questionei fraquinho, batendo em minha própria cabeça.
— Estanho... — A voz irritante que me roubou a atenção foi a de Junglee que me encarava confusa, buscando saber com oque eu me comunicava, escorada sobre o batente da porta com uma feição incrédula. — A mãe disse pra você andar logo! — Proferiu rapidamente com o cenho franzido, levemente foi se afastando mas sem desviar seus olhos de mim — Estranho. Ô MANHÊ, JÃOKU VOLTOU A FALAR COM OS MORTOS! — Berrou enquanto se afastava de meu quarto, dei de ombros e fitei Thor.
— Eu não falo com mortos... — Mormurei emburrado, caminhei lentamente até minha escrivaninha e a abri esperando que alguma ideia brotasse em minha cabeça. — É Thor, nós vamos ter que tentar o plano B...
_ Continuação
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Fantasma incoveniente
FanfictionDesenvolver uma espécie de poder surreal em sua vida, com o decorrer do tempo, seria, por um lado até que... bem mais fácil. Mas você nascer com esse poder tenebroso, além de temer ao oque vê e se acostumar naturalmente com tão pouca idade, é ter qu...