Capitulo 2 - Espada

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Thor estava dentro de uma das caixas que iriam no carro comigo, eu estando ainda, um pouco nervoso, não conseguia conter as coçadas frequentes no nariz, ou jogada de cabelo pra trás.

— Vamos filho — Falou minha mãe, desta vez segurando a porta com a chave em mãos, e sua outra mão me guiando até si.

— Pode indo, eu fecho as coisas — Proferi trêmulo e ela assentiu cabisbaixa.

Ela se retirou da sala, e saiu pela porta, esperei ela sumir de minha visão e fitei Thor na caixa.

— É agora garotão... — Informei fitando seu rostinho medroso.

Ele danou a mexer-se de um lado para o outro, eu o chamei a atenção algumas vezes mas precisei parar para acalma-lo.

— Thor, para — Falei mansinho, próximo da porta.

Thor choramingou e eu franzi o cenho, ouvi um chiado desconhecido e virei a cabeça buscando pelo barulho.

— Quieto Thor — Trêmulo fui diretamente á porta, mas antes de alcançá-la ela fechou-se, e por incrível que pareça não havia uma alma alí, nada, literalmente. Olhei para Thor e.. — Thor? — Franzi o cenho ao não tê-lo mais alí na caixa, e nem ao menos o vê-lo sair, rodei os olhos pelos cantos da sala, o início da minha ofegação, juntou-se com meu atual desespero me fazendo soltar a caixa das mãos sem ao menos perceber. — T..t.. — Mau saia a palavra de minha boca e pela primeira vez eu sentia medo dos meus poderes...

Um choro sôfrego e cortado rapidamente foi ouvido, era Thor, certeza.

Segui de imediato o barulho, correndo loucamente pela escada e adentrando com pressa meu ex quarto.

— Thor — Berrei rodando os olhos no quarto agora vazio.

— Saí daqui — Me virei imediatamente fitando aquele menininho no cantinho do quarto.

— Oque você... Thor! — Arregalei os olhos ao ver a criança sufocando o cachorro com suas mãos — Solte-o — Ordenei com os olhos marejados, como uma alma maldosa esperei seu olhar sádico e sorriso cínico, mas a única coisa que aconteceu foi seus olhos se lacrimejarem também e um bico se forma

— Vai embora — Ela sussurrou — vai... ele vai te encontrar, é tudo culpa dele — Apertou ainda mais o pescoço de Thor, enquanto se derramava em lágrimas.

— Solta ele — Proferi entre dentes atacando a criança, e tentando tirar o animal de suas mãos, ele gritou, o grito mais alto que eu já ouvi, meus olhos se fecharam e meus ouvidos falharam por alguns segundos

— Não, não, não... A, por favor, não, não— ele começou a chorar desesperadamente, tapando seus ouvidos e acabou soltando o cachorro enquanto escorregava pela parede. — Sai, sai...

— Oque...? Ei, onde você esteve esse tempo todo? guri... — Antes de dizer qualquer coisa aquela cena se repetiu, aquela da primeira vez que toquei Thor. Meu corpo foi arremessado a parede, e minha garganta começou a queimar, mas dessa vez não foi amenizando, como se eu estivesse sendo enforcado, e é, eu estava.

Um fantasma com sombras negras, ensanguentado e sorriso sádico, forte e velho. Veias saltadas, cor desfocada e olhos avermelhados.

— A... — Rosnei sôfrego tentando sair do enlace. Levantei o pé rapidamente, e acertei seu abdômen, oque o fez bater contra outra a outra parede.

Ele rosnou distante, e sua cabeça rapidamente se chacoalhou, e flashes dela ainda corria pelo ar.

Me levantei com dificuldade, escorado na parede, procurei por alguma coisa, e infelizmente não havia mais nada naquele quarto. Meu peito subiu e desceu freneticamente, virei meu pescoço e fitei na escrivaninha um aquário nunca usado, corri até lá, derrubando algumas coisas da parede ao chão, agarrei o vidro e joguei contra o fantasma assustador. O vidro simplesmente atravessou ele, sem nem o tocar. Um sorriso sádico e ladino se formou naqueles lábios roxos, seu olhar ganhou um brilho maior e aos poucos voltou a se aproximar de mim.

Fantasma incovenienteOnde histórias criam vida. Descubra agora