Capítulo Único

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─ Eu ainda não acredito que fiz isso... – comentei, entrando no elevador junto com Elídio, que riu brevemente.

Quase meia-noite e acabamos de voltar da festa de aniversário de Anderson. Foi uma comemoração simples. Ele chamou apenas os amigos mais íntimos para o mesmo karaokê de sempre, a diferença é que dessa vez, nós levamos um bolo e algumas velas para cantar parabéns a ele.

Anderson estava bem animado, acompanhado por seu namorado, Eduardo. Ele conheceu o rapaz faz alguns meses nesse mesmo karaokê. Todos os convidados estavam felizes e alegres pelo aniversariante, além de terem bebido bastante.

Contudo, uma coisa me intrigou: Elídio não bebeu quase nada. Estranhei seu comportamento, pois ele ama beber e quando perguntei se ele estava bem, apenas sorriu e disse que estava ótimo. Sem me deixar perguntar alguma outra coisa, saiu do meu lado e foi em cima do palco, cantando alguma coisa junto com Andy. Resolvi esquecer esse assunto enquanto olhava os dois se divertindo, assim como todos.

E quase na hora de irmos embora, Andy me arrastou para o palco, pedindo para cantar uma última música comigo; e pensando que eu fosse recusar, usou o famoso truque do "hoje é meu aniversário e você tem que fazer o que eu quiser" para me convencer. Eu apenas sorri, perguntando que música ele tinha escolhido.

E quando me dei conta, eu estava cantando junto com ele e com os demais convidados ajudando, a música "Numb" em uma versão pagode. E estranhamente, eu adorei essa versão. De longe, observava meu namorado rindo e se divertindo muito aproveitando o nosso show; E ao seu lado, Eduardo sorria e tinha o celular apontado para eu e Andy, claramente gravando nossa performance.

─ Se isso te conforta, eu também não acredito... Mas devo dizer que adorei. – disse num tom divertido, apertando o botão do nosso andar. As portas fecharam-se e senti o elevador subindo devagar.

─ Bom, eu me diverti, e você? Aliás, achei estranho você não querer beber hoje, sabe que eu cuidaria de você caso ficasse muito bêbado... – comentei olhando para ele, que estava ao meu lado. Observei-o sorrir e em seguida, ficou na minha frente, me prendendo contra a parede.

─ É que eu tenho uma surpresa pra você... – disse quase num sussurro, próximo ao meu ouvido. – E espero que você não esteja cansado ou com sono. – deixou um beijo no meu pescoço, deixando-me levemente arrepiado e voltou a ficar frente a frente comigo, olhando nos meus olhos.

─ Que surpresa? – perguntei um tanto quanto curioso e ansioso. – É alguma data especial? Me dá uma dica do que é! Eu vou gostar? – Elídio nada disse, levando suas mãos a gola da minha camisa, puxando-a para cima.

─ Talvez... – respondeu com sua boca próxima da minha. – Você faz muitas perguntas, Daniel. – chegou mais perto, quase colando nossos lábios.

Automaticamente, minhas mãos já estavam na sua cintura, puxando seu corpo contra o meu. Porém, quando fui avançar para beijá-lo, Elídio afastou seu rosto, me deixando sem entender. Ele sorriu perverso, tirando minhas mãos do seu corpo e aproximou seu rosto do meu novamente. Sentia sua respiração bater na minha pele e seu perfume maravilhoso misturado com seu cheiro.

Ele passou seus lábios pelos meus, fingindo que ia me beijar. Ficamos nisso alguns segundos, até que senti o elevador parar, indicando que chegamos no nosso andar. Meu namorado deixou um beijo no canto da minha boca e se afastou, estando com um sorriso divertido no rosto. Eu o olhava sem entender, porém ele nada disse. As portas abriram e ele saiu primeiro, visto que eu estava meio desnorteado com o que acabou de acontecer.

Segundos depois, saí do elevador, encontrando Elídio em frente ao seu apartamento, já com a chave na fechadura. Ele virou-se na minha direção, deu uma piscadinha e abriu a porta. Me aproximei dele, que pediu para eu entrar primeiro. Não entendendo direito o que estava acontecendo, apenas o fiz, sem questionar. Entrei em sua residência, sendo seguido por ele, que trancou a porta.

l a p d a n c eWhere stories live. Discover now