Agora, penso que até te achara piada.
Com o passar do tempo, aprendi que isso somente constituía um código brilhantemente fundado para "estou estupidamente apaixonada por alguém que sei que me irá eventualmente magoar e esta foi a única forma que encontrei para proteger o pouco que resta da minha integridade ". Simples.Agora que penso, olhar para ti magoava. Olhar para ti irritava, esfolava , enraivecia por mera frustração de te não ter. Problema inseria-se em tu não seres "coisa" de se ter.
Existe a possibilidade de nunca vires a saber disto, possibilidade essa, relativamente plausível e sejamos honestos, que diferença faria?Talvez um dialogo resumido a escassas diminutas palavras, insignificantes no espaço verbal seja ele qual for.
"Gosto de ti".
Que diferença faria? Eu sou flor Margarida, as minhas raízes garantem-me uma residência estável, aborrecida e minha, mas tu... Tu eras borboleta mundo. Borboleta essa, com outras milhares de flores por admirar e querer. Tantos mundos por desbravar.
Eu gostava de te ver voar como se fosse esse mesmo o teu último dia e quem sabe, talvez o fosse. A tua pressa em ser borboleta livre fazia-me crer que não havia vida para lá daquele instante.
Borboletas aventuram-se na sua pressa por conhecer o mundo atravessando-se por caminhos ousados apesar da sua fragilidade . Sempre admirei isso em ti.
Souberas tu de quem falo, nunca te imaginarias borboleta. Porventura felino, canídeo ou qualquer tipo de carnívoro destemido sem medo, nunca borboleta frágil e pequena.Dedico-te este texto, borboleta. Tu merece-lo, que não sendo dado ao meu engenho de pessoa enganada, seja ele dado à tua coragem ao seres livre.
Naquele dia, algo mudou. Foi naquele dia que me apercebi do quão verdadeiramente só te sentias.
O álcool tem esse efeito nas pessoas. Eu gosto de pensar, que em último recurso foi fruto do meu livre arbítrio ter-te contado aquilo que contei, mas ambas sabemos que tal não se aplica a embevecidos sem remédio como eu. Para pessoas como eu, o álcool, "cura" muito mais do que apenas rasgos de pele ensanguentados, trata de feridas que vai para além de simples observação.
Choraste, eu nunca te tinha visto chorar. Não sei quais as verdadeiras razões por detrás disso e acredito nunca as vir verdadeiramente a saber, mesmo que mas ditasses detalhadamente palavra a palavra.
Então, tive raiva de ti. Da tua liberdade para me provocares dor. Da tua ignorância face ao que senti por ti. Da ignorância que ainda hoje pareces ter em relação ao mundo que te circunda.Sabem quando dizem algo em voz alta, uma pequena mentira, na esperança de um dia virem a crer naquilo como verdade?
O problema das pequenas mentiras é que eventualmente vão-se acumulando.
A mente vê-las como aquilo que são. Mentiras.
Por quanto tempo achas que efectivamente contornas evidências factuais? Uma dica. Não durante muito tempo, a mente não é um mero brinquedo ingénuo.Disseste um nome ou dois. O nome de um tipo qualquer que conheceste.
Perdão, fora apenas um, mas até neste preciso momento intento de descartar esse facto como se de nada se tratasse. Um nome. Achei que efetivamente lhe nutrias carinho, através da maneira com que o teu rosto se contorcia ao dizê-lo, prolongando-se na pronúncia de cada sílaba mais e mais arrastada.
Ele faz-te feliz? Espero que sim. Um dia, dir-me-às se sim? Ou se não. Qualquer das formas, espero que um dia me dês a honra de ser pelo menos tua amiga.
Pequena borboletinha teimosa, hoje pensei em ti.
Amanhã talvez não o faça outra vez, mas que pelo menos te sirva de algum consolo saber que me és fundamental neste dia que para ti é tudo. Que te sirva de impedimento para a vinda da tristeza e das lágrimas. Eu queria poder la estar para as secar, perdoa-me a cobardia de margarida aborrecida que sou.
Este texto é para ti.