Parte I

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Narrado por Jamie Dornan.

A música sempre guiou minha vida. 
Sempre foi minha válvula de escape nos piores momentos, trazendo a paz que meu coração necessitava e me dando forças para lidar com as dores e tristezas que surgiam na minha curta jornada de vinte e três anos. 
Fui criado pelos meus pais, Lorna e Jim e, desde cedo mostrei talento para a música. Compunha diversas canções, tocava violão e com o passar do tempo aprendi outros instrumentos como guitarra, piano e violino. 
Quando terminei a escola, Jim se fustrou quando soube que queria ser cantor, músico, compositor. 
Médico, meu pai sempre quis que seguisse sua profissão mas diferentemente dele Lorna sim me apoiava, dizendo que a única coisa que queria nesta vida era me ver feliz e realizado, fazendo aquilo que realmente gosto e se tem uma coisa que gosto nessa vida é a música. Com o passar do tempo, Jim também passou a apoiar meu sonho, provando ser mesmo o pai maravilhoso de sempre. 
Ao lado de Luke, Eric e Rita criamos uma banda chamada The Rings, em homenagem a um dos famosos integrantes dos Beatles, banda eternamente querida da cidade onde nasci e cresci, Liverpool. Com ela, viajávamos pelas cidades vizinhas cantando composições feitas por mim e meus amigos. 
Fazíamos músicas sobre tudo. 
Desde momentos simples como olhar o horizonte a brigas familiares, dores e amores. 
Amores não muito afinal, minha vida amorosa não é tão extensa assim.  
Só tive duas, três namoradas mas até hoje nunca conheci aquela pessoa que faz o coração sair pela boca como Luke diz ter sentido ao conhecer Eloise ou Eric, quando conheceu e passou a namorar Rita, minha irmã mais nova.  
Era uma noiva estrelada em Liverpool quando eu e meus amigos fomos abrir o show dos The Falls, banda de jazz muito conhecida aqui na Europa. Era uma grande oportunidade e apesar de ansiosos, estamos confiantes de que talvez, isso poderá ser o início de um possível estrelado para nós. 
Depois de rezarmos juntos de mãos dadas no camarim, subimos ao palco muito bem trajados e com nossos instrumentos em mãos, o meu no caso era o baixo. Começamos a tocar e naquele momento, era Rita quem estava nos vocais. A loira de olhos brilhantes e voz rouca começou a cantar uma música que falava de uma garota que perdeu o amor da sua vida em um acidente de carro e estava sentindo saudades, letra escrita por Eric que anos atrás, perdeu a primeira namorada exatamente desta forma tão triste. 
Gostávamos mesmo de descrever situações reais nas letras das nossas músicas pois era uma forma simples de desabafar e colocar para fora os melhores e piores sentimentos que nosso coração sentia nos mais diversos momentos.
Tocando meu baixo, dei algumas olhadas na platéia que estava cheia quando de repente, tudo parou ao meu redor. 
Graças a uma garota. 
Seus cabelos cor de fogo chamaram minha atenção quase que instantâneamente e para minha sorte, parece que ela também se interessou por mim pois a partir daquele momento não parou de trocar olhares comigo. Seus olhos amêndoados eram da cor de chocolate e sua pele branquinha como a neve. Seu estilo era mais rock com jaqueta, saia e botas de couro. 
Como ela é linda. 
[...]
Cantamos mais algumas músicas e depois do show, voltamos para o camarim onde tiramos algumas fotos com fãs e depois, bebi um copo de água pois estava morrendo de sede. Na saída do camarim, alguns seguranças e funcionários se aproximaram de nós para acompanhar a banda para fora da casa de show e no caminho, uma das funcionárias me cutucou. 
- Hum? - Murmurei e ela rapidamente tirou o boné, mostrando que tinha os cabelos da... Cor do fogo. - Você?
- Fica quieto e disfarça. - Ela sussurrou dando uma discreta cotovelada em mim. 
- Okay... - Tentei disfarçar. 
Chegando no carro, ela sumiu de novo. 
- Não vai vir conosco, Jay? - Luke indagou vendo que de todos os integrantes da banda só eu estava do lado de fora do carro.
- Er... Pegarei um táxi depois. - Respondi olhando para os lados e a banda foi embora. 
Olhei para os lados de novo, vendo os seguranças e funcionários voltarem para dentro da casa de show e comecei a caminhar em busca da tal garota dos cabelos de fogo quando de repente, alguém cobriu meus olhos com as mãos. 
Mãos macias, delicadas...
Não foi nada difícil adivinhar quem era. 
- Garota da platéia? - Perguntei sorrindo e ela tirou as mãos. 
- Eu mesma. - Respondeu sorrindo assim que me virei para ela - Qual seu nome?
- Jamie. E o seu?
- Dakota Valerie. 
- Dak?
- Valerie. - Cruzou os braços ficando séria - Não gosto de Dak, parece apelido de menininha indefesa e meiga, não combina em absolutamente nada comigo. 
- Okay Valerie. O que quer comigo? 
- Por enquanto? Tomar alguma coisa. 
- Um café?
- Não, algo mais forte como vinho, uísque, vodka. Curte?
- Não sou muito de beber. - Coçei a cabeça, sem graça. 
- Mas hoje vai ser. - Garantiu dando um sorriso depois de morder os lábios. 
[...]
Perto da casa de show tinha um bar e foi lá mesmo que Dak, quer dizer, Valerie e eu fomos beber. 
- Você é daqui de Liverpool mesmo? - A jovem perguntou umidecendo seus lábios com vinho tinto, sentada de pernas cruzadas no banquinho do bar. 
- Sim, nasci e cresci aqui. E você?
- Nova York, tenho cara de nova-yorkina não? 
- Tem sim. - Falei tomando um gole da minha bebida. 
- Seu sotaque britânico é muito charmoso, sabia?
- Obrigado. - Tímido, acabei desviando o olhar - Dakota, quer dizer, Valerie... Por quê se passou por funcionária da equipe da casa de show?
- Porque eu quis, queria conseguir falar contigo mas como não era vip não tinha como ter acesso ao seu camarim como as outras fãs. Então coloquei um boné, arrumei com uma colega uma camiseta da equipe e pronto. - Explicou piscando para mim. 
- Você é estranha. - Falei rindo.
- Isso eu sou mesmo. - Ela concordou bebendo mais um pouco. 
- E por quê queria tanto falar comigo? - Perguntei desconfiado.
- Porque gostei de você e queria te conhecer melhor, oras. 
- Entendi. - Respondi sem jeito - Mas e aí? O que uma garota de Nova York veio fazer aqui em Liverpool? - Questionei curioso. 
- Viajei pra cá com a Jess e a Ângela, minhas amigas, pra comemorar o aniversário da Jess que foi ontem. Ou melhor... - Ela pegou meu braço para verificar as horas no relógio de pulso - Ante ontem. - Deu risada. 
Seu sorriso era displicente e ao mesmo tempo, encantador. 
- E está gostando daqui?
- Mais ou menos, menos do que mais. Liverpool é uma cidade muito parada, conservadora. Prefiro Nova York, Amsterdã, Roma... Muito mais interessante. 
- E por acaso a senhorita já visitou todos esses locais? - Perguntei apoiando meu cotovelo na bancada. 
- Esses e muitos mais. 
- Sério? O máximo que fiz foi ir até as cidades vizinhas fazer alguns shows com a banda. 
- Não acredito! - Ela pareceu realmente espantada com a minha resposta - O que te prende nesse lugar tão... - Olhou ao redor e torceu o nariz - Morno?
- Meus amigos, minha casa e minha... Família. 
- Deste último não entendo muito, sou sozinha neste mundo. Deve ser por isso que vôo livre por aí, como uma folha ao vento, não é mesmo? Mas no final das contas isso é bom, é gostoso não ter tantas responsabilidades, nem um futuro tão definido. Não sabe o quanto é bom acordar sem ter uma rotina... Oh, como rotinas são chatas. - Fez uma careta bonitinha - Se bem que sua vida não tem tanta rotina assim afinal, você é músico de uma banda bem maneira. 
- Gostou da banda? Das nossas músicas? - Perguntei tomando mais um gole. 
- Adorei! Vocês fazem um som ótimo, envolvente, intenso e... Eu amo uma intensidade. - Mordeu os lábios novamente. 
- E eu estou começando a amar. - Falei mordendo os lábios também quando senti uma mão sob meu ombro - Oi?
- Senhor, nós já vamos fechar.
- Mas já? - Franzi a testa. 
- São quase quatro da manhã, senhor. - O barman avisou e ao olhar meu relógio, confirmei que era mesmo. 
- Nossa... Nem vi o tempo passar. - Comentei. 
- Nem eu. - Valerie disse sem tirar os olhos de mim. 
[...]
Rachamos a conta e em seguida, saímos do estabelecimento e caminhamos juntos pela calçada. 
- Quer que te leve até em casa?
- Que casa? Eu e as meninas estamos hospedadas em um albergue aqui perto, muito mais em conta do que quarto de hotel. Pra que quarto de hotel se passamos o dia inteiro fora não é mesmo?
- É, faz mesmo. - Concordei pondo as mãos no bolso da minha jaqueta - Quer que te leve até o albergue então?
- Não, está quase amanhecendo e quero ver se ao menos o pôr do sol de Liverpool é interessante. Quer ver comigo?
- Quero.
- Agora vou te desafiar Jamie Dornan... - Ela parou na minha frente, impedindo que eu continuasse caminhando - Me leve até o melhor lugar pra ver o pôr do sol?
- Desafio aceito, Valerie. - Concordei dando um sorriso torto para ela. 
[...]
- Então aqui é o melhor lugar para ver o pôr do sol, senhor Dornan? - Dakota indagou  olhando ao seu redor. 
Estávamos na areia da praia, local ideal para ver o pôr do sol na minha opinião. 
- Sim. - Confirmei sentando na areia ao lado dela - Você vai ver. 
- Tô pagando pra ver, hein? - Brincou dando uma cotovelada em mim. 
- Engraçado... Você não parece romântica mas gosta de ver o pôr do sol e isso é considerado romântico, pelo menos aqui em Liverpool. 
- Quem disse que não gosto de um bom romance? Curto sim, só não sou melancólica e sensível demais como algumas meninas da minha faixa de idade. Entende?
- Entendo. 
- Por que não faz logo o que tem que fazer, Jamie? - Me olhou fixamente.
- E o que seria? 
- Me dar um bom beijo! Beijos no pôr do sol são românticos na medida certa, nem muito melosos nem cafonas demais. 
- Não seja por isso. - Falei aproximando meus lábios dos dela e fechando os olhos. 
Valerie tinha um beijo doce e ao mesmo tempo gostoso, quente. 
Ela era atrevida, a mais atrevida garota com quem me envolvi tanto que segundos depois já estava com a mão debaixo da minha camiseta.
Confuso, me afastei. 
- Que foi? Não me diga que você é virgem?
- Não, não sou mas... Desculpa, estou muito a fim de você, juro, mas nós mal nos conhecemos e não sou o tipo de cara que transa no primeiro encontro. - Mandei a real.
- Parece até que estamos invertendo os papéis. - Valerie brincou pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha e desviando o olhar - Eu é que deveria ser a recatada e você o garanhão nesse mundo machista que vivemos, mas tudo bem. Pretendo passar os próximos dias aqui, então ainda temos algum tempo. - Voltou a me olhar, dessa vez com mais desejo - Beijo pode?
- A vontade, Valerie. - Garanti rolando na areia com ela entre beijos e carícias mais quentes. 
De alguma forma, naquele exato momento percebi que ela era a mulher da minha vida. 
E nas duas semanas seguintes só comprovei que era a mais pura verdade. 
Nas duas semanas seguintes, aos poucos, Dakota e eu nos conhecemos um pouco mais e vivemos altas aventuras juntos como o dia em que ela pichou um muro e saímos correndo, antes que a polícia a alcançasse ou quando andamos de moto juntos, momento em que me senti como um anjo voando no céu. 
- Eu amo você, Valerie. Pra sempre e sinto que estou pronto para darmos um passo a mais no nosso... Relacionamento. - Falei me declarando para ela enquanto assistíamos a uma partida de futebol do Liverpool, meu time favorito. 

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Bem-vindos ao meu especial de ano novo❤

Essa fic terá 3 capítulos somente e espero que tenham gostado desse começinho.

Como vimos, aqui a Dak tem os cabelos pintados de vermelho e a músicw da Multimídia é justamente a que essa história foi baseada, então leiam acompanhados da trilha sonora.

Feliz ano novo pessoal ❤❤❤

Muitas felicidades, alegrias e saúde pra todos vocês, que nesse ano eu consiga terminar as fics em andamento e postar as novas kkkkk

Amo vocês❤

Não esqueçam de votar e comentar sobre o capítulo do dia ❤

ValerieOnde histórias criam vida. Descubra agora