Nico

22 0 0
                                    

  Nico estava nervoso, finalmente as férias de verão haviam acabado o que significava que ele finalmente não teria que aguentar seu pai, Hades, vinte e quatro horas por dia. A relação com seu pai era complicada, por muitos anos vivera com sua irmã mais velha, Bianca di Angelo até que seu pai conseguira a guarda de seus únicos filhos. O acontecimento ocorrera há cinco anos, tempo em que Nico havia se matriculado na escola Half Blood High School, uma escola que oferecia aulas de grego. Nico se saia muito bem em todas as aulas, quase não tinha amigos e não saia de casa nunca, não tinha muito com o que se distrair. Quando fora morar com seu pai, Bianca finalmente pode aplicar para a faculdade, entrara em Yale havia três anos, Nico sentia-se feliz pela irmã, porém, não podia evitar sentir saudades, o estudo tomava muito tempo de sua vida, era horrível pensar assim, porém Nico pensava que, as vezes, era como se ela tivesse morrido.
  Os portões da escola abriram e Nico, que vestia uma camiseta preta com o desenho de uma caveira por baixo de uma jaqueta de couro sintético estilo aviador e uma calça preta de sarja e botinas pretas, entrou na instituição. O fundador e diretor da rede Half Blood High School, o Sr. Quiron tinha raízes gregas e optara por aplicar a cultura na instituição, quase toda a arquitetura era grega, com grandes pilastras brancas sustentando o teto e várias estátuas gregas espalhadas pela escola, uma em cada corredor. Isso assustava Nico, tinha tanto medo de interagir com alguém que, cada vez que passava por uma das estátuas, abaixava a cabeça.
— Nico, aqui! — gritara uma voz à esquerda de Nico.
  Nico olhara na direção cuja voz viera, com o rosto vermelho como um morango e vira Hazel Levesque, sua única amiga.
— Hazel, por favor, não faça isso, você sabe como eu tenho vergonha.
— Desculpa, é que eu senti muito a sua falta, finalmente estamos nos vendo depois de dois meses!
  Hazel era uma garota muito enérgica e comunicativa, pelo menos com Nico, perto de desconhecidos era tão tímida que nem parecia a mesma amiga de Nico. Sua pele cor de chocolate e seus cabelos com um leve tom dourado (o mesmo de seus olhos) brilhara com a claridade do sol da manhã, que estava estranhamente mais quente que o normal nessa manhã.
— É, eu também fiquei com saudade, eu acho... Cara, como você está diferente. —
E de fato, a garota estava diferente, com seus cabelos encaracolados como molas estavam mais longos e ela estava um pouco mais alta, havia mais alguma coisa diferente em Hazel, mas Nico não conseguia identificar.
— Muito obrigada, fico feliz que tenha notado, essas férias foram essenciais para eu tomar um tempo pra mim mesma, há muito tempo não faço isso, me sinto renovada agora.
— Fico feliz por você... É melhor irmos pra sala, não acha?
— Nico, ainda faltam cinco minutos pra aula começar, vamos andar um pouco e conversar.
  O garoto não tivera tempo sequer para assimilar o que Hazel dissera, pois a menina o pegara pelo pulso e o levara para o pátio da escola. O lugar era aberto e arejado, com a maior parte do solo sendo grama, o pátio exalava cheiro de orvalho e morangos. A Half Blood High School era famosa pelo seu cultivo de morangos que ficava próximo ao pátio, todas as bebidas oferecidas na cantina continham morango na receita. Hazel se sentara com as pernas cruzadas na grama e fez um sinal com a cabeça para que Nico se sentasse ao seu lado.
— Lembra o que eu disse sobre "tomar um tempo pra mim mesma"? Então...
— Hazel, o que você está escondendo?
— Eu e Frank nos aproximamos muito nessas férias, talvez eu tenha passado metade das férias com ele.
— Essa é a sua definição de "tomar um tempo pra si mesma"?
— Não! Claro que não! Eu passei só metade das férias com ele, não as férias inteiras! Preste atenção!
  Nico não conseguiu segurar uma risada, Hazel era a única que o conseguia fazer rir
— Como eu ia dizendo... — prosseguiu a garota - Eu e Frank ficamos bem próximos, se é que você me entende.
— Hazel, você e Frank estão juntos? Tipo, juntos juntos? — perguntara o garoto, boquiaberto.
— Não oficialmente, mas trocamos alguns beijos aqui e ali e no banheiro do shopping... Não importa! Só não conte a ninguém ainda, por favor.
— Pra quem eu iria contar?
— Ah, não sei... Enfim, como foram as suas férias?
— Bem chatas, pra falar a verdade. Meu pai e Persefone foram pra casa da mãe dela. A mulher vive em uma fazenda muito quente, eu não aguentava mais comer cereais.
— Caraca, isso parece muito chato... Interagiu com alguém?
— Óbvio... que não! Não tinha absolutamente ninguém naquele fim de mundo, somente meu pai, Persefone e Deméter, era um tédio total.
  O sinal tocara, o que significava que eles precisavam estar dentro da sala de aula imediatamente, caso contrário, seriam pego pelas monitoras que compartilhavam uma coisa em comum: a feiúra. Todas pareciam galinhas e não no sentido misógino da palavra, as mulheres realmente pareciam aves. Hazel e Nico correram para a sala e sentaram-se lado a lado no fundo da sala enquanto os outros alunos entravam.

Um Por do Sol na PraiaOnde histórias criam vida. Descubra agora