O som do toque do meu celular soa fraco sobre o criado-mudo, ao meu lado da cabeceira da cama onde estou deitada, relaxada. Pego o telefone, sem prestar atenção no visor. Olho para o lado e vejo que o moreno ainda dorme enrolado no lençol branco. Antes de atender à chamada, retiro rapidamente o pano que cobre a sua bunda e deslizo minha mão pela pele macia e muito clara. Passo meus dedos pelas curvas do seu traseiro e acerto um tapa, deixando o local avermelhado.
— Alô — Levanto-me da cama, pelada, atendo à chamada, e sigo até as vidraças.
— Bom dia, Melissa! — Cumprimenta TaeWoo com a voz seca — Que merda foi aquela ontem na minha casa? — Questiona, indo direto ao ponto.
Franzo a testa e suspiro. Para falar a verdade, nem eu mesmo sei por que me meti justamente com a noiva e, pior, filha de um antigo amigo da minha família. Contudo, ser desafiada me instiga, principalmente porque nunca tive quaisquer problemas para ficar com alguma mulher. Aquela gracinha de olhos verdes tentadores fez justamente o contrário: me ignorou. O problema é que não imaginei que o pitbull do marido fosse me flagrar.
— Peço desculpas pela indiscrição, TaeWoo. Acabei confundindo a sua filha com...— Pauso por alguns segundos, pensando em alguma desculpa qualquer.— Com outra mulher que conheci esses dias. Elas têm o mesmo perfil — Minto.
— Não tente me fazer de bobo, Melissa. Te conheço há anos. Conheço a sua fama também — Diz, austero. Gargalho, sem conseguir me conter. Realmente, conheço TaeWoo há muitos anos, fomos apresentados pelo meu pai em uma das nossas muitas viagens a Nova York. Apesar de ser um federal rigoroso e respeitado, ele é também frequentador de grandes eventos importantes entre as pessoas mais requisitadas do país.
— Vamos esquecer o passado e focar no presente, parceiro — Sugiro — Que tal um drink mais tarde? Pegarei o voo daqui a algumas horas e não tenho muito o que fazer durante este tempo.
Paro de observar o circular de pessoas no Central Park pelos vidros da suíte, e me viro na direção da cama. O moreno, que acabou de acordar, me olha sonolento e sorri. Algumas mechas negras de cabelo deslizam pela sua testa, emoldurando o rosto bem desenhado.
— Hoje não posso, estou morto depois da noite de ontem, mas podemos marcar algo daqui a uma semana na Coréia. Pegarei alguns dias de férias e pretendo fazer um passeio em família. Aproveito para fazer uma visita ao seu pai — Diz, um pouco mais calmo.
— Sem problema — Respondo, analisando o corpo nu do homem na cama — Tenha um bom dia, TaeWoo — Digo e caminho na direção dele.
Deixo o celular sobre o criado-mudo e me aproximo mais. Apesar da noite ter sido suada e deliciosa, está chegando a parte menos interessante do dia. A parte em que dispenso o homem sem deixar tão evidente que eu só queria transar e nada mais. Essa tática serve para evitar possíveis ataques logo pela manhã, coisa que não tenho muita paciência para aturar.
— Dormiu bem, querido? — Pergunto assim que ele sai da cama e me agarra pela cintura, colando o seu corpo ao meu.
— Sim, até demais — Responde, animado, com um sorriso estampado no rosto.
— Ótimo. Então apronte-se, está na hora de ir embora.
Seu sorriso morre instantaneamente, dando lugar a uma expressão de incredulidade.