Seus lábios tocaram os meus e eu juro por tudo que é mais sagrado em minha vida, eu tentei, juro que tentei, suguei seu lábio inferior e tentei fazer com que ele entendesse o quanto tudo aquilo doía. Ele se afastou e com um beijo em minha testa, arrumou a farda e saiu, como sempre. Henry me deixava assim, desarmada com a guarda baixa e com o coração totalmente ludibriado quando uma pequena chama da esperança era transmitida pra mim, através de seus olhos. Tomei mais um gole do café que já esfriara e num reflexo, taquei a xícara contra a parede com um grito reprimido. O liquido negro escorreu pela parede enquanto os pedaços da xícara estavam espalhados pela cozinha, era assim que eu estava agora. A imagem perfeita do meu coração. Peguei minha pasta e ajeitei o pequeno suéter e sai pela mesma porta que ele, tentando aceitar que eu era capaz de ser tão fria e insensível como ele.
Eu não era. Nunca fui.
O inferno devia ser mais confortável do que o final da tarde, quando eu chegava em casa e sentia tudo aquilo novamente. A repulsa, a frieza e a enorme barreira entre mim e ele estavam ali, prontas para me fazer querer sair gritando pela rua e me atirar da primeira ponte que achasse. Me despi e entrei no chuveiro, a água morna fazendo o nó em minha garganta se soltar aos poucos com as lágrimas e os tremores que tudo aquilo causava em meu corpo, encostei a cabeça sobre o vidro do box e me permiti soluçar, pensar em como tudo era na visão dele, tentando compreende-lo e aceitar que nada daquilo era demais, mas era. Cerrei meu punho e ataquei o vidro do box que se mexeu mas não sofreu nada, diferente de minha mão. Terminei meu banho ignorando o sangue que escoria do nó de meus dedos e me enrolei na toalha, me encarando no espelho. Meu cabelo estava com leves ondulações e em meu ombro ainda havia algumas gotinhas de água, respirei fundo observando meu pescoço e passando a ponta de meus dedos. Eu costumava beijar seu pescoço enquanto nós fazíamos amor, então eu subia, mordiscava o maxilar e beijava seus lábios.
Ah que saudade do meu amor.
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Ouvi seus passos pelo corredor e respirei fundo, saindo de meu cochilo e esperando que ele entrasse pela porta, e assim ele o fez. Tirou o cinto de utilitários, a farda, a camisa branca de baixo, bagunçou o cabelo e depois de pegar uma toalha caminhou até o banheiro. Sem olhares, sem carícias, sem me perceber.
Não, murmurei baixinho pra mim mesma, Eu não quero amar sozinha.
Meu olho ardeu reclamando do esforço de segurar as lágrimas e mordendo meu dedo, eu me obriguei a fechar os olhos. O friozinho que batia em minha pele não podia me incomodar, não era ao menos perceptível, eu não tinha a esse luxo de me sentir vulnerável eu não o tinha mais. Ele se deitou e ao menos me tocou, nem um abraço, nem um beijo, nada. Nada. Fiquei ali tempo o suficiente pra ele conseguir dormir e depois sai, calcei minha pantufa e com o pequeno hobbe caminhei até a cozinha, me encostando na bancada de mármore e me forçando a engolir o suco de laranja. Ele estava me destruindo, aos poucos ele estava me matando.
- S/N? - sua voz ecoou pela cozinha e eu movi meus olhos até seu corpo, parado na entrada da cozinha, coçando os olhos devido ao sono. - Você está bem? Não consegue dormir?
- Vá se deitar. Está tudo bem. - resmunguei e terminei de beber a suco, me virando e colocando o copo na pia, com algumas lágrimas escapando por minhas bochechas. Suas mãos estavam em minha cintura e ele me virou pra seu corpo, me observou preocupado e as limpou com o dedo.
- Ei! O que você tem? - ele me perguntava e eu apenas negava com a cabeça. - Você está chorando, S/N!
- Vá dormir. - murmurei baixinho demais e ele segurou meu queixo me fazendo o encarar. Levantei minha mão e coloquei sobre a sua, tentando afastar seu toque de mim e assim ele o fez, mas somente para observar os machucados em minha mão.
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Imagines Henry Cavill
General Fiction"Escrevi o teu nome em todas as paredes do meu coração, em letras bem grandes. Assim, se alguém conseguir entrar, vai saber que ele já tem dono."