Nao de sim

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—Ta, então você esta me dizendo que disse nao, ao pedido de casamento do Tulio? Seu namorado a mais ou menos seis anos?— Essa era Andréa extremamente puta, com o início de nossa conversa.

—Mais ou menos isso.— Essa sou eu, Fernanda.  Me preparando para o monólogo que vinha a diante, enquanto adicionava três colheres de café  na água.

Essa era a nossa casa, digo minha e do Tulio, citado a cima. Meu namorado ou namorido, como os jovens de hoje  em dia dizem.

—Ok, você consegue me explicar isso melhor? Como isso começou? .

—Então..

Ai que tá todos nós sabemos como começou.

Tulio e eu nos conhecemos no começo do primeiro semestre da faculdade, ele era da área de comunicação e eu da área de logística. Literalmente falando.

Foi nesses barzinhos que sempre tem em frente a alguma faculdade, sério na época aquilo fervia de jovens que só queriam tomar um litrao barato, e comer algum amendoim.

Ele jogava conversava fora, enquanto eu no maior tédio engolia a garrafa de cerveja.

Tulio nao gosta de cerveja, faz A CARETA quando bebe, diz que tem gosto de xixi. Eu ainda acho que ele é um adolescente de dezesseis anos quando me diz isso, e ainda vivo me perguntando se ele já tomou xixi.

Ele era por hora, o cara mais bonito que se encontrava ali. Pelo menos o mais descolado, com uma camisa xadrez alternada entre preto e verde, uma calça preta e all star, Tulio definitivamente era o tipo de 99% do lado feminino daquele bar.

E veja bem, naquela época aquilo fazia um sucesso do caralho.

Foi meio assim, uma troca de olhares um sorriso.
E um amigo dele que veio me dizer por alto que Tulio tinha me achado gatinha, sim Tulio pediu esse favor a um amigo.  Vulgo amigo Heitor, que de vez em quando bate la em casa, pedindo sal, ou o sofá pra dormi ja que brigou com a namorada.

Foi na conversa meia boca, que rolou até meu apartamento que saiu o primeiro beijo, a primeira transa.

E é nessa conversa meia boca que estamos juntos até hoje.  Dividindo a mesma casa, o mesmo banheiro, mesmo varal etc.

E foi nessa  conversa meia boca que no sábado passado ele me pediu em casamento. Literalmente.
Com aliança, urso e direito a carro de som.
Sim, um carro de som, de tele mensagem seja lá como você chama.

Isso tudo as dez horas da noite, quando o último capítulo de alguma novela  estava sendo exibido.

—Então, Fe, ce sabe que eu amo muito você né.  E isso propriamente dito desde o primeiro minuto em que trocamos olhares naquele bar.

Esse era um Tulio muito afoito, passava Pocoyo na TV ja que era dia da filha dele ficar com a gente.

Sim, Tulio tem uma filha.

—E é por isso que eu acho que está na hora de darmos um grande passo, ou pelo menos oficializar isso.

Isso?

Era oque passava na minha cabeça, quando la fora começou a tocar uma música do Jason marz, e ele lentamente tirou do bolso da calça uma caixinha pequena e vermelha.

A Fernanda de 21 anos, teria surtado de alegria,  a Fernanda de agora com 27 anos, está tendo um colapso de desespero.

—Então Fe, sem mais delongas, você quer oficializar nós dois? Ou propriamente falando, quer casar comigo? Juntar as escovas?

Juntar as escovas? Tulio nossas escovas estão juntas a seis anos.

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—E ai, você disse um nao?

— Não, eu nao disse não.

—Mas também, nao disse Sim.

—Foi um nao de sim.

—Então você vai dizer sim?

—Nao?

Dois Gatos E Um CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora