Scorpio and Pisces

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POV LAUREN

Minha manhã havia sido bastante proveitosa no consultório e logo que encerrei os trabalhos no turno matutino resolvi dar uma volta para espairecer, afinal não era fácil absorver tudo o que eu escutava. Muitas vezes me deixava arrasada me pôr no lugar dos meus clientes, mas era necessário para que a terapia humanizada obtivesse sucesso e era o que eu realmente amava fazer. Dei uma volta pela avenida perto do restaurante em que eu e Camila combinamos de almoçar e acabei parando numa loja qualquer de chocolates. Comprei uma caixa para presenteá-la, não sei o motivo, mas me deu vontade. Camila era carinhosa comigo, mas não passaria apenas de um rolo como tantos outros que eu já tive, já havia decidido isso. Era apenas um agrado. Saí da loja e verifiquei o relógio no meu pulso, já batia 12:22h, odiava chegar atrasada e odiava mais ainda esperar. Fui a caminho do restaurante e pedi uma mesa para duas pessoas junto com uma água. Depois de algum tempo avistei a latina chegando no local.

- Lo, demorei? Vim o mais rápido que pude. Detesto fazer os outros esperarem. – ela me cumprimentou com um beijo no rosto meio afobada.

- Calma, rapaz. – segurei sua mão e a puxei para mim dando um selinho demorado. – Não demorou, tá tudo certo, senta aí, vamos conversar. – falei achando graça da forma como ela chegou.

Observei Camila se sentar de frente para mim e cruzei minhas pernas. Ela estava linda com aquela roupa de advogada. Fez eu me perder nas minhas fantasias.

- Sabia que você fica mais sexy ainda com esses óculos de grau? – ela falou com um sorriso me tirando do transe.

- Sabia que você fica uma delícia de qualquer jeito? Com essa roupa então... não quero nem pensar como é sem.

- Lauren! Cara, você não tem jeito. – ela deu uma gargalhada.

- Perdoa a sinceridade. Culpa do meu sol em escorpião.

- Vai colocar a culpa no signo? Esse signo do the mônio que só pensa ousadia?! O que você puder me poupar me poupe.

Me ajeitei na cadeira descruzando minhas pernas e inclinei meu corpo em sua direção. – Melhor ter um signo desgraçado do que um signo trouxa.

- Olha aqui, Lauren! – segurei a mão de Camila e fiz um carinho gostoso enquanto ela observava meus dedos passeando pela sua mão. – Aff!

Não me contive e ri vitoriosa da situação. Aproveitei e peguei a caixa de chocolates e entreguei a ela. – Tome, você já é doce, agora vai ficar mais.

- Chocolate? Não creio! Eu amo, sou chocólatra. Você me ganhou agora, não pode ser. – ela disse brincando e abrindo a caixa para comer um e me dando outro na boca.

Vi Camila se deliciar com aquele bombom e isso me fez ficar feliz. Não demorou muito para que pedíssemos nosso almoço. Entre algumas conversas e assuntos, senti que Camila queria perguntar alguma coisa.

- O que foi? De repente você parece séria. Quer falar alguma coisa?

- Não... é que... – ela hesitava.

- Fala logo, menina. Não curto essas paradas de rodeios. O que é? Tem namorada? – perguntei desconfiada.

- NÃO! Tá louca? – ela se surpreendeu com a maneira como eu fui direta. – Na verdade, nesses dias em que temos saído vejo que você ao mesmo tempo em que demonstra querer só sexo, tenta me dar carinho e logo se afasta repentinamente. Me corrija, por favor, se eu estiver equivocada. Aquele seu "até mais", era um fora?

Fiquei surpresa com os tiros de perguntas que Camila me deu. Parei de comer na mesma hora e por uns segundos fiquei encarando seus olhos. – Uau! Seria você uma jornalista disfarçada de advogada? – ela sorriu. – Ok, o até mais não foi um fora, quando você quiser eu quero. Quanto ao morde e assopra de carinhos, é o meu jeito. – me limitei a dizer.

Ela entendeu o que eu quis dizer e apenas fez sinal positivo com a cabeça. Terminamos de almoçar e Camila tinha que voltar logo para o seu trabalho e eu para o consultório para rever meus clientes do vespertino. Me bateu uma vontade de convidá-la para minha casa e eu fiz. Nunca ninguém havia ido à minha casa, a não ser a pessoa que destruiu meu coração, mas Camila me desvendou em tão pouco tempo que chegou a me assustar. Era a minha vez de tentar descobrir o motivo de tanto interesse pela minha maneira (ou pela minha falta de maneira) de agir. Nós estávamos nos retirando do restaurante, não deixei Camila pagar a conta o que fez com que quase no estranhássemos. Na saída a abordei.

- Quer ir lá em casa hoje à noite? Podemos pedir um japa ou uma pizza. – me bateu uma leve ansiedade para escutar sua resposta. – Prometo tentar me controlar.

- Meu Deus! Não tem jeito. – ela deu um risinho frouxo. – Tá, eu vou, mas nem se anime porque não será tão fácil, Jauregui.

- Ora ora, será que eu descobri o jogo da Cabello? Me parece que sim. Tudo bem então. Assim que eu chegar no consultório te passo o endereço. Agora será que nesse jogo cabe um beijo? – olhei os lábios de Camila como se necessitasse daquilo.

- Será? Não sei. – ela falou se aproximando fazendo mais doce que a minha futura diabetes permitisse.

- Pois eu sei. – acariciei os braços de Camila descendo até sua cintura, aproximei mais o corpo do seu e a beijei. Foi um beijo rápido já que estávamos praticamente atrasadas para as nossas funções. – Até mais tarde, coisa linda.

- Até mais tarde, minha Lo. – ao ouvir a última parte me virei e percebi Camila sem graça. – Não, é que, até mais. – balancei a cabeça em negativo achando graça e segui meu caminho de volta ao consultório.

Não seria fácil para Camila que eu abrisse o meu coração, mas tinha alguma coisa nela que me intrigava. Ela parecia não se dar por vencida tão facilmente como os meus outros rolos. Também aparentava não ser tão fácil leva-la para cama, só que é disso que eu gosto: desafios. E isso era perigoso.

Can't Take My Eyes Off YouOnde histórias criam vida. Descubra agora