Can't Take My Eyes Off You

Better Together

POV LAUREN

Ouvir Camila me pedir para ir embora me partiu ao meio. Quando eu escutei o "acabou" dos seus lábios eu não consegui pensar em mais nada. Era como se tudo ao nosso redor tivesse ficado mudo ou sem cor. Eu entrei no elevador e logo meu celular tocou mais uma vez, agora era Dinah. Enxuguei as lágrimas e respirei fundo para atendê-la. Avisei que estava a caminho e ela notou algo de errado na minha voz. Não quis falar nada, não por telefone. Eu precisava deles, precisava que me ouvissem. Eu estava prestes a perder a pessoa que mais me entende no mundo por conta de um erro sem sentido. Fui em direção ao meu carro e assim que entrei nele, encostei a cabeça no volante voltando a sentir as lágrimas caírem sem fim.

- Isso não pode ser mais forte do que o que sentimos uma pela outra.

Falei comigo mesma e me posicionei para ligar o carro. Ao girar a chave notei a aliança de noivado no meu dedo direito e decidi que não a tiraria. Camila poderia ter terminado comigo e não se considerar mais a minha noiva, mas eu era dela, sempre seria. Eu não estava pronta para tirar aquele objeto. Tirá-lo significaria arrancar Camila de todo o meu mundo e não era o que eu queria. Nunca foi o que eu quis. Após algum tempo cheguei a minha casa e ao destrancar a porta Dylan correu em minha direção me carregando somente com um braço e fechando a porta com o pé.

- Chegou a chefe! Nossa cérebro das confusões e micões, nossa ex pegadora e futura mãe de família, Lauren Jauregui. Vamo beber, coisa branca pequena.

Ele me pôs no chão e eu o agarrei. Só tive a reação de querer o seu abraço. Ele retribuiu preocupado e Adam e Dinah se levantaram, vindo em nossa direção.

- O que foi, branca de neve? Lauren, o que houve?

Dinah se manifestou com preocupação na voz e eu soltei Dylan com lágrimas no rosto. Olhei Adam e Dinah e enchi o peito de coragem.

- Ela me mandou ir embora, mana. Acabou, ela me mandou ir embora...

- O QUE? – Dinah falou o mais alto que poderia. – Como assim? Vocês vão se casar!

- Eu não sei se vamos... ela atendeu meu celular e ouviu as risadas de vocês. Ela ouviu Adam dizer que namoramos...

- Era ela, man? Não acredito! Man, isso é sem importância para nós dois. Por que não falou com ela? Cara, você é a minha melhor amiga, minha irmã. Nunca nos vimos com outros olhos além daquela época, Laur. Explica a ela, por favor!

- Man, eu já expliquei. Mas, ela está morrendo de ciúmes por causa de ontem quando você...

- Quando eu o que? Eu sei que houve alguma coisa, me lembro de relance de estarmos dançando. Lauren, eu te desrespeitei?

- Não! Você estava dançando perto demais, no início eu achei engraçado, mas depois fiquei preocupada porque você mal conseguia ficar em pé. Camila ouviu você dizer que me amava com todas as letras, não com o nosso "idem" de cumprimento e foi embora. Eu deixei ela ir, ela sabe o quanto você importa para mim.

- Man... nossa... eu lembro sim de relance, mas foi má interpretação. – ele afirmou cabisbaixo. – Me deixe falar com ela...

Nos encaminhamos até o sofá e eu me joguei ali enquanto os meus amigos sentaram em outros lugares.

- Não, Adam. Melhor deixa-la. Camila não consegue pensar. Ela provou isso quando me mandou ir embora duas vezes e na terceira apenas se calou quando eu perguntei se era isso mesmo que ela queria. Eu sei que contribui com isso, mas se tivermos que voltar tem que ser pelas minhas pernas ou pelas dela. Eu só quero algo forte.

Me levantei e peguei um copo. Coloquei whisky com gelo. Achei que aquilo não era o suficiente e misturei com vodka. Tomei uma grande quantidade na primeira vez e senti tudo por dentro me queimar. Tudo queimava, exceto a dor das palavras de Camila. Eu havia chegado em casa no final da tarde e os meninos já haviam tomado várias cervejas. No início o clima estava triste, mas logo Dylan tentou animar relembrando histórias da nossa infância. Quando invadimos a casa do vizinho, por exemplo, e Ally esqueceu um pé dos seus sapatos ali dentro nos denunciando e fazendo me ouvir um forte sermão de dona Clara. Ou quando atirávamos pedras pequenas na casa de qualquer pessoa para incomodar e mesmo assim nos dávamos mal, porque sempre nos descobriam. Relembramos dos namoros mais vergonhosos que tivemos, das nossas primeiras paixões e até das transas mais loucas. As horas passavam rapidamente e eu já estava extremamente bêbada. De whisky com vodka, já tinha tomado cerveja, misturado rum com vodka, whisky com rum e tomado o próprio whisky com um energético qualquer. Eu não enxergava mais nada na minha frente a não ser a imagem de Camila. Peguei meu celular e tentei destravá-lo.