A bastarda

prólogo

           𝓟𝓻𝓮𝓯𝓪𝓬𝓲𝓸     

   •𝓐𝓶𝓮𝓵𝓲𝓪

                              ♛ ⚔ ♛
 
     A água escorria por meu corpo gélido, apesar de querer ficar aqui pelo resto do dia, eu não poderia me dar a tal luxo, então voltei ao quarto. Havia várias camas uma ao lado da outra com pouco espaço entre elas, eu andei até que cheguei a última cama onde havia uma pequena janela por onde passava os únicos feixes de luz que iluminava todo o quarto, peguei do baú o único vestido que possuía, já estava velho o suficiente para o azul que antes ali dominava se desbotar e ficar meio esbranquiçado.

     Pelo que lembro, fui deixada aqui aos 9 anos, minha mãe morreu de fome para que eu pudesse comer, e meu pai havia sido morto na guerra quando eu tinha 2 anos, o que não foi o suficiente para que eu pudesse me lembrar de seu rosto.

      Falta 1 mês e 15 dias para eu sair desse orfanato e completar 21 anos, e apesar de ter esperado muito por isso, eu não queria deixar Anya.

     Escutei passos rápidos vindo do corredor, meu coração acelerou até que os passos pararam, o que me deixou ainda mais nervosa, até que vi um rosto familiar.

- Amélia! Vem logo Serafina está nos procurando, se ela te ver aqui vai ser a segunda vez essa semana que ela vai te trancar no calabouço- Anya falou.

    Senti meu corpo estremecer e logo corri descendo as escadas, as meninas estavam enfileiradas lateralmente, mas como Serafina havia dado às costas, foi o momento perfeito para que eu entrasse na fila sem que notassem, e em segundos Serafina se virou e perambulou os olhos em todas nós e eu pude sentir as mãos de Anya tremerem, serafina levou mais alguns minutos e so depois começou a falar.

- bom... Daqui a alguns minutos receberemos uma visita dos Duques Hendeston e espero que vocês se comportem. As regras são:
1- Não falem a não ser que falem com você.
2- Não falem demais, ninguém gosta de garotas que falam muito.
3- Sejam cordiais.
4- ...

    Eu nem cheguei a ouvir todo o resto, eu sabia todas as 11 regras de côr, além disso eu sabia que não seria eu. Mas Anya tinha chance, assim como as outras duas caçulas.

    Por Anya ter herdado os cabelos de fogo, as chances dela eram poucas, já que todos diziam que possuir cabelos ruivos era fruto da magia negra. Mesmo estando em desvantagem, nós duas não poderíamos pensar assim, apesar de eu não querer que a levassem de mim, eu não poderia dar uma vida pra ela.

   Serafina repetiu tudo de novo como sempre, mas não houvera tempo para terminar, logo escutamos o barulho de sapatos com saltos zunindo em nossos ouvidos até que escutamos alguém bater na porta, era os Hendeston. Assim que entraram, o silêncio se espalhou rapidamente, mas logo Serafina o quebrou.

- Boa tarde Sra. Duquesa Hendeston, esperávamos ansiosamente por sua visita.- e depois ela inclinou seu corpo fazendo uma reverência.

- Boa tarde!- os Hendeston falaram igualmente.

    A Sra. Hendeston continuou andando até que se aproximou o suficiente para analisar cada uma de nós que continuavamos em fileira, o silêncio era inquietante. Ela voltou para o lado de seu marido, mas sem segurar-lhe a mão que ele havia oferecido.

- Tem algum lugar em que poderíamos conversar a sós?- perguntou a duquesa quebrando o silêncio.

    Serafina parecia surpresa com a duquesa, mas sem questionar ela os guiou.
   Pensávamos que eram um casal de jovens, como os que costumam vir, mas não, não desta vez, eles beiravam a meia idade, mas ainda assim mantinham a postura e elegância de duques.