Capítulo 1 - Um novo vizinho

85 8 3
                                    

New Orleans - alguns meses depois


Meu despertador tocou três vezes nesta manhã, e eu não me esforcei nem um pouco para me levantar. Muitos acreditam que o primeiro dia de aula é sempre o início de uma nova fase: eu não. Os primeiros dias são os piores, pois as pessoas agem como se tudo estivesse bem, e não está.

Depois da insistência de Alex, eu levantei e fui me arrumar para ir a escola. No banho, pensei várias vezes em como iria me comportar: se eu seria a isolada, a intrometida, a esnobe, a revoltada.
Não, eu vou ser eu mesma!

Saí do banho e fui arrumar minhas coisas. Estava hesitante em levar algo que carregava comigo sempre, se alguém visse seria um desastre.

Desci as escadas apressada e sem querer esbarrei na minha irmã mais nova, Kit. Ela estava de mal humor, como em todos os primeiros dias. Acho que ela acabou puxando para mim em questão de personalidade.

Alex já tinha preparado o café da manhã e estava lendo o Jornal do Dia. Sempre admirei o bom gosto dele, afinal, ficar a par dos acontecimentos lá fora é de suma importância, mesmo eu preferindo a ficção.

- Está atrasada Ária, deixei claro que só poderia te levar se você se esforçasse — peguei uma maçã em cima da fruteira e olhei para ele, sem a mínima preocupação. Ele estava sério, mas ao mesmo tempo se divertia com a situação.

— Eu sempre estou atrasada, deve ter sido por isso qu... — ele me interrompeu antes de eu continuar minha cena matinal.

— Pega suas coisas e vamos, estou cansado desse teatro seu todas as manhãs. — deixou o jornal em cima da mesa e foi pegar as chaves do carro — KIT A GENTE TA INDO, ANDA LOGO — ele provavelmente não estava tendo um bom dia também.

Depois do que aconteceu, nossos sentimentos ficaram confusos e o jeito de lidar com as situações que nos apareceram depois, mudou completamente.

Kit desceu correndo a escada, me atropelando a caminho da porta. Ela sempre disputava para ir na frente, e como hoje eu estava totalmente despreocupada, não dei a mínima.

Quando fechei a porta, decidi espiar a casa vizinha que estava para alugar na esperança de encontrar alguém novo por lá. Em meus pensamentos, vizinhos novos seria um problema já que eu adorava pular a janela e deitar no gramado. Mas, nem tudo são flores e infelizmente, agora eu tinha vizinhos, e a família parecia ser de três integrantes.

Indo em direção ao carro, algo despertou meu olhar: um jovem encostado em uma mureta me encarava com olhos fundos e sombrios. Alguns segundos se passaram até a buzina do carro de Alex interromper a conexão estranha que havia se criado ali.

— Para de paquerar o vizinho novo e entra logo no carro — ele estava impaciente.

Joguei minha mochila pela janela e entrei no carro. Talvez eu devesse parar de tentar me mostrar a rebelde, todos sabiam que eu era um papel quando se tratava de sentimentos, inclusive Alex.

Destinos Cruzados 💫Onde histórias criam vida. Descubra agora