O COMEÇO DO FIM DOS TEMPOS

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Meu nome é Lídia, e atualmente tenho 25 anos, não fui contemplada com a maternidade, tão pouco o matrimônio, mas penso que se realmente existe um destino imutável, ou um Deus que nos coloque no mundo para cumprir um papel, talvez estes tenham me feito sozinha para que tivesse tempo o suficiente para mudar o mundo como vivemos. Destruindo o System7.

Se você está lendo este livro é porque fui elevada. Ou talvez tenha finalmente cumprido minha missão. Espero realmente que a última opção seja a verdadeira, mas a primeira é mais provável.

Sim, este não é um dos livros de leitura obrigatória que o sistema nos impõe e por mais que te surpreenda, também não é uma das mais raras obras antigas que contrabandeamos para satisfazer nossa curiosidade e desejo de voltar no tempo. A proposito meu favorito dentre eles é Orgulho e Preconceito.

Se não o leu ainda, procure por Tomaz no distrito 129 do departamento Malboard de Santa Catarina. O livro conta um sonho de vida, não pelo magnífico romance, nem pela falta de tecnologias que nos controlam, mas porque naquela época podíamos morrer, e acredite, morríamos. E se Tomaz ainda estiver nesse planeta, é com certeza o melhor contrabandista de prazeres. Desde livros, músicas, filmes e séries a objetos superestimados do nosso tão amado passado. Sem deixar o menor rastro no sistema. Recomendo.

Voltando ao que me interessa e espero de te interesse tanto quanto, hoje eu finalmente consegui terminar de ler o último jornal, que pasme, roubei dos registros da biblioteca do Centro de Conselho Geral do Brasil. Pois bem, para ter certeza de que quebrar o System7 é a decisão certa eu precisei entender como e porque ele surgiu.

Tudo começou no início da década de 20 do segundo milênio terrestre, esse maldito milênio na qual vivemos. Naquela época, segundo os jornais secretos do sistema, foram feitas má alianças de governo, onde até mesmo países que nunca se envolveram em guerras foram linha de frente da Terceira Guerra Mundial.

Tamanho era o poder financeiro e tecnológico das potências em guerra, que houve a destruição total de países com bombas nucleares. Diversas espécies animais e vegetais foram extintas e a crise hídrica foi potencializada severamente. Houve ainda a extinção de civilizações inteiras por meio de armas biológicas.

Por sorte e, talvez, medo da extinção humana, a guerra não ultrapassou a década seguinte, pois a própria população dos países restantes, já cansados do caos, eliminaram todos os seus grandes líderes políticos que ordenavam, defendiam e controlavam os ataques de guerra. Por fim, na década de 30, os avanços tecnológicos se deram em prol de lidar com as consequências da destruição da tal Terceira Guerra Mundial.

Assim como na Segunda Guerra Mundial, com a Revolução Industrial, nesta houve a Revolução Tecnológica. Foram desenvolvidos tudo que conhecemos de inovador no transporte, por carros aéreos e naves que levam pessoas para o espaço na velocidade da luz, restauração de edificações a partir de nanotecnologias, cura de doenças e até mesmo a criação da Ilítia.

A Ilítia é a mais inovadora das máquinas já desenvolvidas. Para seu espanto, caro leitor, apesar de apenas os membros da União Mundial System7 (UMS) e os doutores que operam a máquina saberem, nenhum dos animais que surgiram novamente nos últimos anos, surgiram em vão. Foram feitos na Ilítia por meio de mapeamento genético e multiplicação celular artificial, a partir de pequenos restos de sua existência, como ossos, peles, pelos ou cabelos.

Dá para acreditar que criamos um continente inteiro de dinossauros, geneticamente modificados e totalmente controlados pelo System7 só para termos o que nenhuma das gerações passadas tiveram? O contato direto com o nosso passado mais distante conhecido. Só a vida humana nunca foi restaurada na Ilítia, por causa do System7. Sobre ele, creio que você já saiba, mas se não souber, caro humano, vou te contar.

13 gotas de destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora