Pós-escrita #2 - Barreiras à leitura

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Quando eu estou escrevendo uma história, principalmente se esta for longa, eu não me importo com erros. Não no primeiro momento. Eu simplesmente escrevo sabendo que vou revisar e reescrever depois. Faço isso porque o ritmo que as ideias aparecem na minha cabeça é maior do que a minha capacidade de digitar. E eu não quero perder ideias, muito menos o estado de espírito (concentração) que as traz em abundância.

Mas depois que chega a hora da revisão, eu persigo os meus erros com truculência. Cada um que sobra é um inimigo meu. Cada um cria uma barreira entre o meu texto e meus leitores. Abaixo listo algumas barreiras que incomodam os leitores:

Ortografia

Nada corta mais o clima na leitura do que um erro grave de ortografia. Na ânsia de colocar a história no papel, alguma coisa pode passar despercebida. Por isso, uma revisão é tão importante.

Entretanto, seu texto não precisa ser perfeito, até revisores profissionais cometem deixam erros passar. E não é necessário que você decore a gramática, mas que tenha uma boa compreensão ideia dela (afinal, a língua portuguesa é a "ferramenta" que mais usamos).

O mínimo é que você use o revisor automático com atenção. E cuidado, porque ele para de funcionar perfeitamente se o seu texto for muito grande (na minha experiência se passar de 15 mil palavras).

Foco excessivo na gramática

Considerando o que foi dito logo acima, regras foram feitas para serem quebradas. Principalmente em diálogos, as regras gramaticais devem ser flexibilizadas em prol da naturalidade. Contudo, desrespeite a gramática conscientemente. Faça disso uma escolha, não um erro.

Continuidade

Roteiristas de séries costumam fazer um resumo de tudo o que aconteceu em cada episódio. Eu aconselho o mesmo para livros. Escrever um romance é um projeto que pode durar anos. É tanta coisa que acontece nesse tempo que é fácil de se perder. Por isso, tome um cuidado extra com pequenos detalhes como características secundárias de personagens, nome de lugares, objetos em cena, etc.

Adjetivos e advérbios em excesso

Faça um teste. Corte todos os adjetivos e advérbios de um capítulo e o leia em voz alta. Onde o texto ficar esquisito, eles são necessários. Mas não coloque imediatamente. Tente adjetivos concretos (específicos) ou invés de abstratos (genéricos) E onde ficar mais dinâmico, mantenha o corte. Sem pena.

Prolixidade

Dizer algo só por dizer, só porque é bonito, sem nenhuma mensagem por trás, pode ser interessante para uma poesia pequena. Mesmo assim, raramente. Num romance, fica maçante ao ponto de se perder a vontade de continuar. Por isso, se puder dizer alguma coisa em uma frase, não diga em duas. Lembre-se menos é (quase) sempre mais.

Cenas sem função

A consequência da prolixidade no enredo é o acúmulo de cenas sem nenhuma importância para a trama. Se não faz a trama evoluir, você não precisa dessa cena. Logo, corte. Simples assim.

Considerações

Entenda que cada erro (principalmente no início) é um obstáculo que você coloca na frente do leitor, e do seu futuro como escritor. Por isso, os odeie. Os cace. Um por um. Sem piedade.

Guia do Escritor Iniciante (ou como bombar)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora