CAPÍTULO II

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O RAPAZ riu do claro desespero do padre, tentar exorciza-lo, expulsa-lo do local realmente não daria certo e o homem de Deus deveria ter plena ciência de tal fato

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O RAPAZ riu do claro desespero do padre, tentar exorciza-lo, expulsa-lo do local realmente não daria certo e o homem de Deus deveria ter plena ciência de tal fato. A antiga igreja já havia tido seus tempos de glória, com fiéis devotos que seguiam a risca os mandamentos e ensinamentos de Deus; contudo, toda a corrupção que começou a ser levada à igreja acabou por transformá-la em um lugar pecaminoso, fazendo com que fosse abandonada pelo Criador.

Em seu interior, padre Bichop se perguntava o porquê de aquilo estar acontecendo justamente com ele, várias teorias se passavam por sua mente. Ele sempre soube que Deus dispunha de maneiras contraditórias de testar seus fiéis; seria este apenas um teste advindo dos céus? E, se fosse, o que aconteceria caso ele reprovasse? As contas do rosário são foram apertadas por entre seus dedos ao mesmo passo em que seu coração acelerou: o exorcismo não estava surtindo efeito e a entidade maligna estava olhando-o nos olhos, tal como se fosse capaz de desvendar seus segredos mais obscuros.

— Sabe, padre, você está se esquecendo da primeira regra do exorcismo... — A voz ecoou pelo salão da igreja e o rapaz se pôs a caminhar em direção ao padre que observava a cena horrorizado — Para o exorcismo dar certo, você precisa querer realizá-lo; porém você aparenta ter outros planos... não é mesmo? — Sua voz soava zombeteira 

E foi naquele exato instante que o padre percebeu o inevitável: a entidade ali presente, fosse ela enviada por Deus para testá-lo ou pelo demônio para afirmar que sua alma lhe pertencia, sabia de seus segredos mais obscuros; segredos os quais julgou ter guardado sob sete chaves.

Os homens estavam cara a cara, os olhos fixados em uma troca de olhares da qual nenhum dos dois parecia querer desistir.

Quando criança, Lucian ouviu diversas histórias sobre demônios e sua aparência: sobre como eram horrendos, horripilantes e vis; sobre como fediam à enxofre... porém parado ali, cara a cara com a face do mal, poderia facilmente afirmar que jamais havia visto criatura tão bela.

O conjunto de olhos em tom azul penetrante, beirando ao fluorescente, cabelos acastanhados, pele alva e lábios carnudos não lhe parecia, em nada, com os demônios de que tanto ouvira falar. De fato, a criatura parada a sua frente mais parecia um galã de um filme  hollywoodiano de ficção científica do que o mal encarnado.

O demônio sorriu, não um sorriso zombeteiro ou sedutor, apenas um sorriso pequeno, de quem diz entender o que se passa na mente alheia; que entende todas as suas dúvidas e medos.

— Quando aceitará, padre, que seu Deus lhes abandonou? Olhe bem à sua volta; a cidade está cedendo, pouco a pouco, aos pecados. Acredita, mesmo, que Deus ainda está a olhar por vocês? — Por mais incrível que possa parecer, e vai parecer, a voz saiu em tom calmo, o mesmo tom que os pais usam para explicar aos filhos que o Papai Noel não existe, que ele não passa de uma lenda

Bichop, por sua vez, ateve-se a manter a boca fechada. Ele sabia que o que o demônio estava lhe dizendo era verdade; épocas sombrias começaram a rodear Sundale após a morte do padre Hernest, tal como se a fatalidade tivesse rompido a ligação da cidade para com o Criador.

Apesar de ter ciência de tal fato, ele jamais se daria ao luxo de admitir ao inimigo que ele estava certo. Deus poderia tê-los abandonado, mas isto não implicava no fato de que eles não precisavam abandonar a Deus também.

Os orbes azuis rolaram em suas órbitas e o demônio passou a se perguntar o porquê de a humanidade ser tão teimosa. Se algo, ou alguém, lhe abandona, o mais lógico a se fazer é abandoná-lo também.

— Você precisa abrir seu coração, padre. — A voz sai mais baixa do que as demais vezes — Aceitar quem realmente é. Eu não sou um conselheiro, longe de mim querer aconselha-lo e talvez você não devesse ouvir um demônio, mas não acha que seria muito melhor se libertar de seus temores e ser você mesmo do que ficar preso em uma vida de mentiras? — Alguns passos a mais foram dados em direção ao padre, fazendo com que seus corpos ficassem perigosamente perto

Lucian engoliu em seco.

Se Jesus foi capaz de resistir à tentação, eu também serei. — É o que o padre pensou

Ah, se ao menos ele soubesse, na época, que as tentações que Jesus sofrera foram muito mais fáceis de se resistir do que as tentações que ele viria a sofrer, ele jamais teria pensado tal asneira.

Suas pernas ainda estavam congeladas no mesmo local, o olhar ainda estava fixo com o olhar do misterioso demônio parado em sua frente e seu coração ainda falhava algumas batidas.

— Você também precisa se confessar, Lucian. — Um sorriso ladino adornou os lábios carnudos e o demônio se afastou lentamente — Ainda não terminei com você, mas creio que os fiéis devotos estão vindo para o culto das duas.

E assim que a bela criatura sumiu por entre os cantos sombrios da igreja, padre Bichop sentiu suas pernas voltarem a funcionar; as portas da igreja se abriram e alguns fiéis passaram a ocupar os bancos que, até então, encontravam-se vagos.

Enquanto pregava seu sermão, Lucian pegou-se pensando no que aconteceu mais cedo naquele dia, do estranho encontro que tivera com o demônio e no que isto acarretaria em sua vida; em sua fé e em seus atos.

Talvez estivesse, de fato, enlouquecendo, o jovem padre divergia-se dos demais pois jamais acreditou na existência de demônios, embora nunca tenha admitido isto em voz alta; ele costumava acreditar que os demônios são as pessoas. Que nós somos as criações falhas de Deus, um breve esboço que ele fez antes de criar os anjos.

A aparição da criatura não lhe fez questionar apenas sua devoção a Deus, como também lhe fez questionar as próprias crenças e ideais. Afinal; se demônios realmente existissem, eles poderiam ser responsáveis pelas más ações das pessoas... não é mesmo?

HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

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HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

Como cês tão? Espero que estejam bem,

Primeiramente: se alguém se ofender de maneira irreversível com o conteúdo deste livro, me procure, nós conversaremos e chegaremos a um consenso do que fazer.

"Segundamente": o que acharam do capitulo?

Críticas construtivas e opiniões sinceras são bem vindas, mas sejam educados, por obséquio.

Tia Bia ama vocês!

KISSUS DA TIA BIA!

Não me perdoe padreOnde histórias criam vida. Descubra agora