Era raro a Divisão 1 ficar tanto confinada no prédio da Agência de Segurança Pública, e Ginoza começava a ficar um pouco irritadiço. Aquele não era seu dia de plantão, mas mesmo assim não melhorava seu humor, que habitualmente não era dos melhores, por continuar ali. Se não fosse um pouco mais cuidadoso, acabava se questionando como os executores conseguiam viver com aquela sensação constante, dependendo apenas da boa vontade e disponibilidade de seus inspetores para pudessem interagir com a sociedade. Quando isso acontecia, Ginoza logo precisava se lembrar de que na verdade não se importava nem um pouco com aquilo.
Eles eram meros cães de caça, ainda precisavam ser extremamente gratos por ainda desempenharem alguma função na sociedade invés de serem isolados em uma clínica de reabilitação.
Uma pontada em sua cabeça foi o sinal de que o inspetor precisava para declarar o fim do dia, aquele ambiente não sendo nada mentalmente saudável para que não tinha mais tarefas a executar. Seu desejo até era de seguir diretamente para o estacionamento, mas não lhe parecia muito corretor partir sem antes checar com a Inspetora Yamada se precisava se seu auxílio em algo. Izumi Yamada podia não agir mais como uma novata, mas ainda estava há pouco tempo no cargo, por isso Ginoza ainda tinha o cuidado de estar por perto caso ela necessitasse de instruções de alguém mais experiente.
Tudo que o homem mais desejava era que essas possíveis necessidades logo não pudessem mais existir.
Yamada não era uma má inspetora, pelo contrário, isso ele tinha que admitir. Só que isso não significava que Ginoza aprovasse todos seus métodos e políticas de convivência. O principal motivo de sua implicância com a nova colega era que ela era amigável demais. Com todos, sem exceção. Sua chegada não tinha sido o suficiente para alterar a dinâmica da Divisão 1, mas ele não podia deixar de notar como seus executores agiam diferente na presença da mulher, principalmente se estavam sem o Shepherd 1 por perto. Até mesmo Yayoi e Kougami pareciam menos frios quando perto de Yamada, fosse recebendo instruções em campo ou dentro do escritório. Ginoza não tinha dificuldades em entender o motivo: tudo naquela mulher parecia gritar amigável. O rosto ainda um tanto arredondado característico de alguém nos anos finais da adolescência, os olhos sempre brilhosos por trás da armação delicada de seus óculos, os fios escuros que se recusavam a ficar presos em seu penteado alto e acabavam por dar um ar mais espontâneo ao seu rosto, a voz calma e normalmente baixa que, combinada com sua risada delicada, fazia com que quase qualquer um se esquecesse o que viera pedir inicialmente. Era fácil permitir que ela ditasse as regras das interações sociais, e Ginoza se sentia mais orgulhoso do que admitiria por conseguir ser a exceção.
Avistar a mulher normalmente fazia com que seu sangue fervesse.
E daquela vez não foi diferente.
- Não acredito que possa te ajudar com isso, Sora – por estar em sua mesa no fundo da sala, a voz de Yamada não estava tão clara quando Ginoza entrou no QG. Além do mais, sua atenção estava mais direcionada a com quem ela estava conversando: a mulher devia ter algo como o dobro da idade de sua colega, os cabelos bem mais claros e curtos também. Por ser um padrão da agência, suas roupas eram similares, já que Yamada dificilmente optava por trajar uma saia, a calça que ambas usavam sendo de um tom bastante similar.
Yamada passou pouco tempo alheia à nova presença na sala, logo parando de digitar o que quer que trabalhava e olhando para a entrada, seu olhar se tornando consideravelmente menos expressivo.
- Bem, melhor eu indo – assim que sua interlocutora mudou a postura, a mulher também notou a nova companhia, ajeitando melhor seu terno e começando a se afastar da mesa da inspetora – Inspetor Ginoza.
- Executora Tadashi – ele cumprimentou a mulher de volta assim que eles passaram um do lado do outro. Sem se importar que Tadashi ainda estava perto o suficiente para ouvi-lo, ele se direcionou à sua colega, seu tom ríspido de sempre – Você passa tempo demais com a equipe da Divisão 3, quer que eu te transfira?

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PSYCHO-PASS: Hazard
Fanfiction"Em um mundo onde a mente humana é representada em forma de números, as autoridades usam uma nova tecnologia chamada Psycho-Pass para medir a estabilidade psicológica de cada indivíduo" Depois de tanto tempo tendo seu melhor amigo como parceiro, a ú...