| 3 | Confissões ao vento

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— Você estava ouvindo nossa conversa? — Morgana lança um olhar raivoso na minha direção.

— É, isso não é muito legal, cara. — disse ele concordando.

— Você quer que eu ajude, ou não? — pergunto, evitando dar uma explicação.

Morgana revira os olhos por um instante, mas segundos depois, a proposta antes feita, lhe pareceu interessante o suficiente para fazê-la reconsiderar, talvez fosse sua única opção.

— Por que isso agora? Eu nunca fui uma boa pessoa pra você, se isso for algum tipo vingança, saiba que minha vida não tem como piorar mais! — seu rosto agora estava avermelhado e sua respiração era alta.

Eu poderia lhe contar mais a fundo como se desenvolveu a minha breve relação com Morgana Médice na minha antiga escola, mas nossa história não é nada além de um apanhado de poucas palavras trocadas, apelidos mentirosos a meu respeito, implicância adolescente e apatia da minha parte. Na realidade, só nos conhecemos por termos tido a infeliz coincidência de cair na mesma sala de aula. Acredito que se não fosse por isso, eu não a conheceria.

— Não é uma vingança, mas também não estou fazendo isso por você! Só temos interesses em comum.

Ambos se olharam confusos.

— Tá, mas como você sabe? — Will me questiona ainda sem entender.

— Eu vi, da janela do meu quarto, ela correr pela rua até cair de cara no asfalto.

— Então quer dizer que ela não foi atropelada? — pergunta Morgana.

— Não, só se foi depois de cair lá.

Will estava desconfiado.

— Então não tinha ninguém lá além dela?

— Não, por mais que ela parecesse estar correndo de algo.

— Ela estava fugindo de alguma coisa?

— Pra mim parecia que sim.

— E por que, diacho, você não a ajudou?

— Eu me fiz a mesma pergunta essa manhã inteira. Na realidade eu não sabia que era ela, só descobri de manhã.

Morgana me interrompeu.

— Na realidade você foi meio covarde.

Aquelas palavras me atingiram como uma flecha, bem no coração, eu realmente era tudo aquilo e não poderia me sentir pior.

— É por isso que eu estou tentando resolver as coisas — afirmo aflito.

— Não sei se isso seja mais possível. — disse Will com sensatez. — Mas você pode tentar.

Morgana me encarou mais convencida em aceitar a ajuda.

— Tudo bem! No final da aula vamos até a delegacia e você vai contar tudo que viu pra eles. — sugeriu.

— Por mim tudo bem! — afirmo um pouco relutante.

— Eu também vou com vocês. — diz Will. — Só pra garantir que você não vai dar pra trás, carinha.

O encaro por um instante, que pareceram minutos, resolvo não dizer nada.

Após a aula, antes mesmo de almoçar, fomos até a delegacia da cidade. O caminho até lá foi de, tudo bem para nada bem, em instantes. Quando avistei o prédio, meu estômago se revirou e meu corpo todo começou a tremer, imaginei que fosse nervosismo, mas hoje sei que também era medo. Jamais vou esquecer essa sensação. Will mantinha a mão no meu ombro, me impedindo de parar de andar e assim de desistir.

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⏰ Última atualização: Sep 21 ⏰

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