— Você estava ouvindo nossa conversa? — Morgana lança um olhar raivoso na minha direção.— É, isso não é muito legal, cara. — disse ele concordando.
— Você quer que eu ajude, ou não? — pergunto, evitando dar uma explicação.
Morgana revira os olhos por um instante, mas segundos depois, a proposta antes feita, lhe pareceu interessante o suficiente para fazê-la reconsiderar, talvez fosse sua única opção.
— Por que isso agora? Eu nunca fui uma boa pessoa pra você, se isso for algum tipo vingança, saiba que minha vida não tem como piorar mais! — seu rosto agora estava avermelhado e sua respiração era alta.
Eu poderia lhe contar mais a fundo como se desenvolveu a minha breve relação com Morgana Médice na minha antiga escola, mas nossa história não é nada além de um apanhado de poucas palavras trocadas, apelidos mentirosos a meu respeito, implicância adolescente e apatia da minha parte. Na realidade, só nos conhecemos por termos tido a infeliz coincidência de cair na mesma sala de aula. Acredito que se não fosse por isso, eu não a conheceria.
— Não é uma vingança, mas também não estou fazendo isso por você! Só temos interesses em comum.
Ambos se olharam confusos.
— Tá, mas como você sabe? — Will me questiona ainda sem entender.
— Eu vi, da janela do meu quarto, ela correr pela rua até cair de cara no asfalto.
— Então quer dizer que ela não foi atropelada? — pergunta Morgana.
— Não, só se foi depois de cair lá.
Will estava desconfiado.
— Então não tinha ninguém lá além dela?
— Não, por mais que ela parecesse estar correndo de algo.
— Ela estava fugindo de alguma coisa?
— Pra mim parecia que sim.
— E por que, diacho, você não a ajudou?
— Eu me fiz a mesma pergunta essa manhã inteira. Na realidade eu não sabia que era ela, só descobri de manhã.
Morgana me interrompeu.
— Na realidade você foi meio covarde.
Aquelas palavras me atingiram como uma flecha, bem no coração, eu realmente era tudo aquilo e não poderia me sentir pior.
— É por isso que eu estou tentando resolver as coisas — afirmo aflito.
— Não sei se isso seja mais possível. — disse Will com sensatez. — Mas você pode tentar.
Morgana me encarou mais convencida em aceitar a ajuda.
— Tudo bem! No final da aula vamos até a delegacia e você vai contar tudo que viu pra eles. — sugeriu.
— Por mim tudo bem! — afirmo um pouco relutante.
— Eu também vou com vocês. — diz Will. — Só pra garantir que você não vai dar pra trás, carinha.
O encaro por um instante, que pareceram minutos, resolvo não dizer nada.
Após a aula, antes mesmo de almoçar, fomos até a delegacia da cidade. O caminho até lá foi de, tudo bem para nada bem, em instantes. Quando avistei o prédio, meu estômago se revirou e meu corpo todo começou a tremer, imaginei que fosse nervosismo, mas hoje sei que também era medo. Jamais vou esquecer essa sensação. Will mantinha a mão no meu ombro, me impedindo de parar de andar e assim de desistir.
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Os Segredos de Alice
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