31- Dor de cotovelo

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"Victor"

O verde vivo do central park, me traz uma paz, em meio esse turbilhão de problemas que bagunça minha cabeça. Enquanto me encontro deitado, num dos bancos de madeira escura, revestida de verniz, olhando para o céu, que era só verde, no balançar das árvores com a brisa fresca. Meu celular toca pela terceira vez, Bianca era mesmo muito teimosa relação à ligações, enquanto eu não atendia, ela ligava mil vezea se necessário.. Pego o celular impaciente e atendo.

- Fala Bianca..- Meu tom não intimidava Bianca nem um pouco, sempre teimosa e grudenta.

- Victor, aonde você está? Precisamos de você no hospital!- Sua voz irritantemente aguda berra na linha.

- Tá- Suspiro coçando a testa com o polegar. Se existe uma coisa que mais me irrita, era quando ela queria vir com esse tom de mandona. Bianca, era uma garota de 15 anos, quando nos conhecemos. Era magra, com os cabelos castanhos no meio das costas, olhos redondos como duas amêndoas cor castanho claro. Da última vez que fui para o Brasil, percebi uma pontada de desapontamento da parte dela, e disse pra eu voltar logo, que a minha vida era aqui em NY. Apesar de ja termos ficado algumas vezes, nunca passou disso, pelo menos pra mim, ela é bonita, atraente.. Mas quando eu penso na Alice, meu corpo estremece de saudade, de vontade de sair correndo neste exato momento para o Brasil pra amar ela de novo. Eu sei que ja faz tempo, cinco anos e meio.. Agora estou eu, recém 25 anos, me formei em medicina faz quatro meses e já estou atuando em um hospital particular pra lá do Brooklin, tenho uma vida diria que ótima, mas confesso que sinto um vazio enorme de vez enquando, meus pais eu não vejo à anos, me afastei de todas as pessoas que me queria bem de verdade. - Estou indo!

- Quando? Ano que vem?- Bianca bufa do outro lado da linha, querendo que eu perca minhas estribeiras.

- Me dá 20 minutos por favor Bianca? - Olho no relógio 9:00 AM.

- Tá, ok. Vem logo e não fica pensando na morte da bezerra.- Desligo impaciente, sentando no banco e ficando de pé. Fui para o carro com uma enorme vontade de ficar alo, naquele lugar, que era um dos únicos que me traziam paz.

Cheguei no hospital, atendo alguns pacientes e um pouco antes do almoço encontrei o André, um companheiro de jornada, nos formamos juntos e até então só andamos juntos.

- É sério Victor, ela te quer cara..- Ele diz afirmando firmemente com a cabeça, a respeito de Bianca.

- Ah, para com isso André, nós somos amigos, só isso... - Solto uma risada e acabamos rindo juntos, cortando o silêncio na sala toda branca de onde o André atendia.

- Estão rindo de que? Posso saber?- Lá estava ela, com as duas mãos na cintura, com um ar se mandona, tinha feito luzes no cabelo e eu nem tinha percebido? Vai ver esse é o mal dos homens, se preocupam mais com a parte de baixo, do que as de cima. Não que esse seja o meu caso, nunca precisei disso e nunca fui assim, mas é claro as mulheres amam quando os caras percebem algo de diferente nelas.

- Nada, ja vai sair? - Pergunto num tom de desinteresse só para fugir do assunto. Então Bianca entra na sala. Estava toda de branco, ela era a enfermeira do nosso setor, pode se dizer que a mais bonita, levando em consideração a falta de pelanca e verruga que tinham nas outras, mas ela não deixava de ser bonita.

- Sim, quer almoçar? - Diz em meio a um sorriso largo.

- Quero, vamos André? - Então percebo Bianca bufar.

- Tô tranquilo.- Ele sorri, balançando as sobrancelhas grossas em direção onde Bianca estava sentada. Eu balanço a cabeça desaprovando, levanto e pego as chaves. Fomos almoçar em um restaurante requintado, preferi sentar ao lado de fora.

Amor, amizade & guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora