Como se fosse possivel te esquecer

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Nine on

Andava eu a vaguear pelos corredores da universidade, perdido nos mil pensamentos que rodeavam a minha cabeça quando de repente esbarro contra alguém com tanta força que acabo por cair no chão.

O meu braço doía por causa da pancada e eu tentava amenizar a minha dor esfregando o local mas nada parecia resultar.

Rapidamente alguém se aproxima de mim e ajuda-me a levantar, logo perguntando se eu estava bem. Eu poderia reconhecer aquela voz a quilómetros de distância.

- Eu estou bem. Isto já passa – eu respondi.

- tens a certeza? Eu posso levar-te á enfermaria da escola – Joong insistiu.

- não é mesmo necessário. – eu sorri.

- desculpa...mas eu vinha tão distraído que acabei por não te ver – ele parecia preocupado, o que de certa forma me surpreendeu.

- não faz mal – eu tentei ser o mais simpático possível para não estragar estes últimos tempos de sossego, sem discussão - eu também não prestei atenção em quem vinha na minha frente.

Parecia inacreditável. Nós estávamos a ter mais uma conversa pacífica sem que fosse o Pavel a nos obrigar a fazê-lo. Quem presenciou os nossos primeiros contactos não iria acreditar se visse esta cena acontecer.

- mas ainda bem que te encontrei. Eu precisava mesmo de falar contigo. – ele continuou – é sobre o Pavel, e consequentemente o Dome.

Eu suspirei ao pensar no meu amigo e no que se tinha passado na noite anterior. Na verdade, eu já sabia do que se tratava a conversa.

Flashback on

Ontem quando saímos da casa de Joong, Pavel foi o caminho todo em silêncio e quando estávamos prestes a chegar ao meu apartamento, já que os seus pais tinham ido viajar em trabalho e ele não queria ficar sozinho, olhei-o rapidamente para não desviar por muito tempo a minha atenção da estrada e reparei que ele chorava silenciosamente.

Achei melhor não perguntar naquele momento o que se tinha passado. Eu já desconfiava que seria algo relacionado a Dome, mas esperei que ele estivesse emocionalmente estável antes de lhe fazer alguma pergunta.

Naquele momento, apenas retirei uma das mãos do volante e acariciei a sua perna para que ele sentisse que não estava sozinho.

O silêncio sufocante permanecia e mesmo despois de entrarmos em casa, ele continuou sem dizer nada.

Algumas horas depois, quando já estava pronto para dormir, desci as escadas até á cozinha para beber um copo de água, mas assim que lá cheguei presenciei uma das cenas mais tristes que já vira na minha vida. Pavel estava sentado no chão, num canto escuro da cozinha, enquanto olhava pela enorme janela. Ele abraçava as próprias pernas e chorava desalmadamente.

- P' o que se passa – eu perguntei aproximando-se dele e sentando-me ao seu lado.

- e-eu não consigo aguentar isto. – ele tentava dizer no meu dos deus soluços provocados pelo choro que parecia não querer sessar.

- conta-me o que aconteceu.

- a presença dele sufoca-me, Nine – eu puxei a sua cabeça para se encostar no meu peito – eu preferia que ele tivesse morrido do que voltasse para abrir a ferida que eu tanto me esfocei para curar. – ela chorava cada vez mais.

- não digas isso Pavel. Eu sei que não é isso que tu sentes – eu acariciei os seus cabelos delicadamente.

Ele estava muito alterado e por momentos desejei que Joong também estivesse ali para me ajudar a cuidar dele. Provavelmente, ele saberia o que responder numa hora destas. Mas logo me lembrei que Dome não deveria estar muito melhor.

I Hate Loving You ( Joong Nine, PavelDome)Onde histórias criam vida. Descubra agora