JONGINJá fazia meses que não me sentia vivo dessa maneira. Pelo fato de meus pais me trazerem para a praia desde muito pequeno, acabei me afeiçoando ao som das ondas e a sensação arenosa entre os dedos dos pés.
Prometi a mim mesmo que jamais voltaria nesta mesma praia, mas foi impossível não vir; meus pais estavam animados para retornar aqui, e quem sou eu para negar a vontade deles?
Eu me detestava por procurá-la aqui. Estava claro que eu não a acharia, mas era quase que automático procurá-la em meio aquelas pessoas dispersas.
Foi nesta praia onde tudo começou. Foi aqui, onde um Jongin de 16 anos corria feito um mané em direção ao mar, e acabou por espirrar água em uma garota sentada onde as ondas terminavam. Era engraçado, eu até mesmo conseguia ouvir os gritos dela ali, caminhando sozinho pela areia. Talvez eu não fosse a esquecer tão cedo.
Foi por causa de um simples e pequeno acidente, que eu a conheci. A garota estava vermelha de tão irritada, que fui obrigado a me sentar ao lado dela e perguntar se estava tudo bem. Felizmente ou infelizmente, nossa conversa não parou só por aí.
Rubyjane. Foi o que respondeu quando perguntei por seu nome, mas não acreditei muito. Ela evitou olhar nos meus olhos quando o pronunciou, talvez estivesse mentindo.
Acabei deixando uma gargalhada escapar, quando me lembrei do nosso reencontro. Não, não foi na praia. Nos reencontramos no colégio novo, onde descobri que seu nome era Jennie. Ela não pareceu envergonhada por ter sido descoberta, mesmo que eu achasse que devia.
Eu não me lembro de qual era o assunto em nossas conversas; ela conseguia captar toda a minha atenção com um tema qualquer. Era como um encantamento.
Agora, estávamos muito longe um do outro. E a sensação de que não fui bom o suficiente continuava a me perseguir, era torturante.
Todo dia eu renovava a minha promessa: se o destino nos desse outra chance, eu faria o meu melhor. Eu não acreditava que fosse possível tê-la por perto mais uma vez, mas não custava imaginar.
A verdade era que com Jennie Kim eu não precisava me importar sobre mais nada. Era como se apenas ouvir sua voz fosse o bastante, e eu não podia negar: era mais que o bastante. Era doloroso admitir, mas ambos desperdiçamos tempo um ao lado do outro; não soubemos como aproveitar.
Estava pensando sobre tudo isso enquanto banhava os pés na água salgada. Foi quando minha mãe me abraçou por trás.
— Você parece distante — Ela riu nasalado. — Sobre o que está pensando?
— Alguém que sinto falta — Respondi. — Cadê o papai?
— Foi buscar as toalhas no carro — Ela fez uma pausa. — Já estamos indo embora.
— Que bom. — Sorri.
Quando meu pai voltou, entregou uma toalha para cada um de nós.
— Sentiu falta da praia, filho? — Ele perguntou, risonho.
— Claro — O acompanhei na risada. — Vocês me acostumaram a vir aqui, é como um segundo lar.
— Fico feliz que goste!
— Um dia você poderia vir acompanhado de amigos. — Minha mãe sugeriu.
— Quem sabe, né? — Sorri.
Enrolei-me na toalha e os segui até o carro. Ah, como eu amo a praia! Bom, nem tanto. Estava um pouco difícil aproveitar se tudo ali me lembrava da Kim.
∞
Depois de voltarmos para o hotel, meus pais decidiram que queriam passear pelo centro. Tomei um banho, me vesti e fui para o carro esperá-los.
— Tem um circo no centro, o que vocês acham? — Papai perguntou.
— Parece legal — Sorri. — Por mim tudo bem!
— Por mim também — Minha mãe respondeu, enquanto colocava o cinto. Papai assentiu, e dirigiu até que estivéssemos perto do local. Ele procurou por uma vaga, e depois de entrarmos no circo tivemos que esperar ele comprar os ingressos.
Quando entregou o meu, dei risada. Estava escrito em letras bem grandes "Hocus Pocus: Uma noite emocionante!". O que raios era Hocus Pocus?
— Tá rindo do quê? — Mamãe perguntou.
— Que nome engraçado. O que é Hocus Pocus?
— Não sei, mas é estranho mesmo. — Ela riu, enquanto papai nos empurrava até nossos lugares.
Assim que me sentei, digitei o nome esquisito na barra de pesquisa e esperei por alguns minutos, já que o sinal estava péssimo dentro do cinema. Li para mim mesmo assim que a página carregou:
"HOCUS POCUS: É o nome de um encantamento utilizado por mágicos do século XVI com a função de criar um ar de mistério em suas performances. Há a teoria de que o encantamento venha do galês hocea pwca (o truque da pwca)".
Estreitei os olhos. Sério, estava impossível não rir me deparando com tantos nomes estranhos. Pelo amor de Deus, o que seria o truque da pwca?
Pesquisei mais uma vez. Logo, outra página carregou, e voltei a ler:
"Pwca é uma criatura travessa do folclore galês, é uma das diversas espécies de elfos e fadas que se divertem em atrapalhar e até causar a morte de viajantes."
Dei risada mais uma vez. Talvez eu tivesse me deparado com uma pwca, e até mesmo passado por esse tal de Hocus Pocus. A questão, é que eu queria mais. Precisava atualizar meus conceitos sobre ela o mais rápido possível, era como uma necessidade.
Jennie com certeza havia me atrapalhado. Ela havia acabado de se tornar mais interessante, sem nem sequer estar aqui.
— Guarde esse celular, Jongin! — Meu pai tomou o aparelho de minha mão. — O espetáculo vai começar.
Apenas assenti em silêncio. As luzes do palco começaram a se acender, e vários acrobatas entraram fazendo movimentos difíceis. Mas não fui capaz de focar na performance, estava ocupado refletindo sobre a Kim.
Onde quer que você esteja, sinto sua falta.

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Hocus Pocus || Jenkai
RomanceJennie Kim não precisava de muito para ter a atenção de Jongin; ele ficava encantado por tudo o que a garota fazia. E mesmo depois de anos, queria reencontrá-la, e provar mais de seus truques. ¡a pretendier fanfiction © on wattpad and spirit!