Onde tudo recomeçou.

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P.O.V. Ravena

Lá estávamos nós, sentados naquele sofá tão conhecido, onde tínhamos lembranças inesquecíveis.
Robin teve a brilhante ideia de fazer um reencontro, poderia ser por um bom motivo, mas não era. Novamente os vilões decidiram invadir nossa cidade. E pior, meu pai, Trigon, estava montando um exército para acabar com o planeta. Mais uma vez eu me senti envergonhada pelas atitudes dele, mas não deveria ser assim.
Passamos por tanta coisa nessa Torre, momentos bons e ruins, rimos, choramos, nos apaixonamos, mas isso tudo ficou no passado, até porque agora estávamos reunidos apenas para salvar - mais uma vez - o mundo, e não para sermos os Titãs novamente.

Robin estava falando sobre tudo o que estava acontecendo, inclusive sobre o Dr. Luz que acabara de sair da prisão, onde pensávamos que ele iria ficar um bom tempo. Parece que tudo estava desmoronando novamente.
No fundo, eu estava com saudade dos meus amigos, queria revê-los, mas quem me conhece sabe que não sou de demonstrar sentimentos, eles nunca foram meu forte e nunca consegui controlá-los devidamente. Estelar sempre me ajudará muito nessa questão, inclusive foi a partir dela que eu comecei a meditar para me sentir mais calma. Mas no fundo, a única que me transpassava essa calma era ela, o resto do grupo despertava o meu demônio - literalmente.
Robin era meu irmão praticamente, mas às vezes muito chato e controlador, ele conseguia ser obsessivo quando queria e isso me dava ódio. Cyborg era legal, ele me ajudava e me fazia rir de vez em quando, mas era raro, porém quando se juntava com Mutano, minha vontade era matá-lo. E por fim, Garfield, ou melhor, Mutano, aquele que me tirava do sério, fazia minha paciência esgotar com sua imaturidade e piadinhas desnecessárias, ele sim despertava minha raiva - e outros sentimentos, mas isso é passado. Por falar nele, não sinto como se estivesse muito à vontade, até agora mal falou uma letra sequer, o que não é muito comum vindo dele. Mas eu até entendo, nosso passado traz coisas desagradáveis às vezes, talvez ele ainda não consiga lidar com seus sentimentos da mesma forma que eu. Não quero encará-lo, mas sinto vontade de saber o que passa dentro de seu coração, e não sei de onde surgiu essa vontade.

P.O.V. Mutano

Não quero olhá-la, mas sinto que preciso. Preciso entender o que passa naqueles olhos violetas que mais parecem furacões. Fundos. Escuros. Cheios de mistério. Ela é um mistério. É algo que eu desejei desvendar a minha vida inteira. Confesso que vê-la está me matando novamente, achei que algum dia conseguiria esquecer todo aquele sentimento que me consumiu há muito tempo, mas nada mudou. Ainda sinto ela aqui dentro, pulsando, estalando em meu peito, e meu estômago agora se revira sem parar, só de olhar aqueles olhos que tanto já amei. Preciso falar com ela, ir até ela e ver como vai reagir, mas preciso de um tempo para pensar no que falar.

Finalmente consegui concentrar-me no real objetivo dessa reunião: os vilões que atacavam novamente a cidade. Ficamos algumas horas planejando algo, confesso que não consegui pensar muito, pois algo ainda maior me consumia.
Depois de algum tempo pensando em como resolveríamos essa situação, a reunião deu-se por encerrada para irmos descansar.

Entrei em meu velho quarto que ainda estava do mesmo jeito, bagunçado como sempre. Todos já tinham ido dormir, porém notei uma luz acesa e ela vinha da cozinha. Lembrei-me da única pessoa que quase não dormia entre nós, Ravena. Caminhei até a cozinha e a vi sentada no balcão olhando fixamente para algum ponto exato, certamente estava pensando como foi parar aqui, assim como eu. Peguei um copo de leite, me sentei na mesa em sua frente. Ficamos uns minutos em silêncio.

- O que você quer, Garfield? Consigo ler seus pensamentos daqui. - ela ainda olhava fixamente para a mesa, e eu, para o chão, pensando em como falaria para ela que ainda não havia esquecido o que nos aconteceu.
- Só queria fazer companhia, eu também não consigo dormir.
- É estranho estar aqui novamente, quer dizer, estranho estar nessa cozinha com você de novo. - ela olhou de relapso para mim, fiquei calado.
- Talvez seja o destino novamente.
Ela apenas se levantou e lavou sua xícara, percebi algo em seus olhos. Talvez fúria, arrependimento, não sei ao certo. Me dirigi a ela rapidamente, pois não queria perder a oportunidade de esclarecer as coisas. Encostei meu braço na geladeira, trancando sua passagem.
- Eu não quero te deixar furiosa, mas eu quero que você saiba, RayRay...
- Não quero que me chame assim! Nem que se dirija a mim! Por favor, deixe-me em paz, não estamos aqui para isso. - Falou todas aquelas palavras sem olhar em meus olhos, usou seus poderes para fugir de mim. Tentei ir atrás dela, mas logo fui paralisado, "Não me siga!", falou em um tom mais alto. Eu parei, me afastei e esperei. E iria esperar, pois algo naqueles olhos escuros me avisou de que ainda existe algo lá, algum ressentimento que não deve ser esquecido.
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