Guilty [28]

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This bed was never made for two

(Esta cama nunca foi feita para dois)

I'll keep my eyes wide open

(Vou manter os meus olhos bem abertos)

I'll keep my arms wide open

(Vou manter os meus braços bem abertos)

Don't let me

(Não me deixes)

Don't let me

(Não me deixes)

Don't let me go

(Não me deixes partir)

Cause I'm tired of feeling alone

(Porque estou cansado de me sentir sozinho)

- Don't let me go (Harry Styles)

Sento-me descontraidamente no meu lugar, encarando o juíz. Ele é extremamente alto e esbelto, mas a sua cara mete medo ao susto. Penso duas vezes antes de colocar os pés em cima da secretária.

Mas aparentemente não foram vezes suficiente.

Assim que os meus pés tocam a madeira, um 'muito inconveniente' soa alto e bom som.

Não,  inconveniente era mandar os juris para o caralho.

Eu estou apenas a por-me confortável.

Mas obedeço na mesma. Miro em redor e não vejo Harry.

Agora é que aquele filho duma puta desaparece.

Não, a sério, sintam a lógica: ando desde que o conheci a pedir a todos os anjos que conheço para ele morrer, e agora que preciso dele...

Que nojo, ew.

Desaparece.

Apalpo os bolsos à procura do telemóvel quando me lembro que não o tenho.

Feliz?

Muito... pouco.

"Todos de pé." Pede o idoso e eu olho em redor. Sou a única sentada, então, desajeitadamente, pego nas muletas e levanto-me. "Podem sentar-se."

"Mas o homem está parvo?" Questiono baixinho e o meu pai revira os olho.

"Cala-te." Diz ele. Além de ser um filho da puta agora também é advogado.

Ovelha negra da família.

Hm, correção, a ovelha negra da família sou eu.

"Exponham o caso." Pede o homem e o advogado de acusação começa a falar.

"A menina Yiong foi apanhada a roubar."

"Projecção." Digo e o meu pai rosna.

"Protesto." Corrige-me.

"Isso."

"Concedido." Diz o juíz e eu mordo o lábio.

Eu só queria poder dizer isto, não tenho nada para falar.

"Teoricamente não fui apanhada a roubar. Eu estava no chão magoada sem fazer nada."

O juíz revira os olhos e olha para o advogado, que continuou. No fim, eu bufei.

"Tem algo a dizer?" Pergunta o meritíssimo e eu rio.

"Se puder mandar o senhor advogado para o caralho, tenho."

"Não acha que está a ser mal-educada?"

"Na verdade, não. Estou mais a ser eu mesma. Mas a minha personalidade não está aqui a ser julgada."

"É um facto." Concorda ele. "Agora  a defesa."

"Presumo que seja eu." Afirmo.

"Presumes mal." Afirma o meu pai. "Sou eu."

"Que é feito do 'o que é meu, é teu'?" Questiono. "É nestes momentos que temos de aplicá-lo."

"Cala-te e deixa-me trabalhar." Diz ele e eu mordo o lábios enquanto ele fala sobre muitos decretos de lei que eu não entendo.

Mas também não quero perceber.

E vou pensando em como o Harry nunca mais aparece.

E se eu for presa?

Não. O meu pai é estúpido mas um bom profissional.

Espero eu.

"E assim concluo os meus argumentos."

Mordo a unha e o homem ausenta-se. Volta pouco depois e senta-se com o martelo.

"Declaro a réu culpado"

Foda-se.

"A sua pena será frequentar um psicólogo durante seis meses, mesmo após regressar aos EUA. E fará 120 horas de trabalho comunitário assim que estiver válida."

Eu corro para o homem com as muletas e dou-lhe um abraço.

"Não quero saber se me acha doida. Muito obrigado, de qualquer maneira." Beijo-lhe a bochecha e bato com o seu martelo na mesa.

O meu pai vem atrás de mim até ao carro e, quando paro em casa, vejo o carro do Styles.

Caralhos me fodam.

Calma, melhor não.

Entro pela porta principal, sentindo uma espécie de saudades deste local.

Ou talvez simplesmente porque aqui há comida que não sabe a bosta.

Sento-me no sofá e oiço uma voz atrás de mim.

"Foi presa, não foi?" Questiona ele, sem me ver.

"Para tua infelicidade, não." Afirmo, para o Harry.

"Alaska?" Ele chama. Aproxima-se de mim para me abraçar e eu afasto-o. "Dores?"

"Não. Só não gosto de traidores."

Ui, rimou.

"Traidores?"

"Sabes perfeitamente do que falo. Não apareceste."

"Porque..."

"Se vais embora com uma razão, não voltes com uma desculpa." Cito. "O tumblr até que é inteligente."

"Mas..." começa.

"Mas o caralho. Para ti é senhor." Contraponho.

"Senhor?" Questiona, visivelmente confuso.

"É, quanto apanho a bebedeira oiço umas frases bem bonitas." Justifico-me. Pego nas muletas e começo a andar para as escadas.

"Alaska, deixa-me..." Pede ele.

"Ires-te foder. Com todo o prazer."

"Que desagradável."

"Impressão tua." Subo o primeiro degrau.

"Deixa-me explicar." Ele pede.

"Que quando precisei não apareceste? Eu percebi."

"Não. Eu não conseguia ver-te ir presa."

"Não era sobre ti, Harry! Era sobre mim e não foste."

"Desculpa."

"NÃO." Berro e caio do sétimo degrau. Umas mão seguram-me antes de eu continuar a rebolar.

"Eu estou aqui." A sua voz diz. "Eu vou estar sempre aqui."

Mentiras.

"Eu prometo."

Sweet Alaska || HS fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora